Dois vereadores de São Paulo ligados ao MBL querem processar a ex-BBB Juliette por causa do show que ela fez em Caruaru, durante o São João. Somente isso já chama atenção.
O que eles têm a ver com o assunto? Explica-se: são pré-candidatos a deputado federal.
O que os parlamentares estão buscando é uma plataforma para atrair a atenção usando uma personalidade com milhões de seguidores.
Não é coisa de outro mundo, já que esta semana mesmo, no Recife, vereadores da capital se envolveram numa briga pública e quase foram às vias de fato numa guerrinha baseada na falida e limitada bifurcação esquerda x direita que ainda sustenta discursos políticos no Brasil.
No processo dos vereadores paulistanos, eles acusam propaganda antecipada e realização de showmício.
Juliette
O mundo das redes sociais e dos BBBs é pródigo em fazer uma pessoa famosa e só depois preencher essa fama com algum conteúdo. A pessoa é famosa porque é. Depois vira cantora, atriz ou o que der.
Juliette está tentando preencher essa fama e, se alguém quer pagar, ela tem todo o direito de batalhar por uma carreira. Mas, é o fato de ser famosa que chama a atenção de quem precisa de mídia para conseguir votos.
A reclamação dos vereadores de São Paulo, independente disso, não faz sentido jurídico.
A lei em relação ao showmício diz: “É proibida a realização de showmício e de evento assemelhado para promoção de candidatos, bem como a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral”.
Juliette não se apresentou num comício e o São João de Caruaru, apesar do uso político de todos os anos, não é uma reunião eleitoral.
O evento teria que ser financiado por algum candidato ou partido político, por exemplo, para configurar showmício.
Já sobre propaganda antecipada, é preciso que haja pedido de votos por parte do pré-candidato. O pré-candidato nem lá estava. E mesmo a cantora sequer pronunciou o nome de qualquer candidato ou partido político.
Fim da polêmica.
Bolsonaro no São João
Só para ilustrar: se fosse assim, a ida de Bolsonaro (PL) ao palco do mesmo São João de Caruaru no dia 23 de junho, abraçado com uma bandeira do Brasil, com o ex-ministro Gilson Machado (PL) tocando sanfona para ele, assistido por uma multidão, também seria crime.
E não é.
A lei diz que não tem problema nisso, se não for um comício ou uma reunião eleitoral.