Alexandre de Moraes, em sua posse como presidente do TSE, seguiu com a estratégia de reduzir Bolsonaro (PL) ao que ele é: um presidente da República entre tantos outros.
O cenário do evento em que tomou posse, inteiro, foi montado para dar recados ao atual chefe do Executivo. A montagem do ambiente tinha uma mensagem. Ao lado de Moraes, na mesa principal, foi colocado o capitão. Em sua frente, a menos de três metros de distância, estavam os ex-presidentes Lula (PT), Dilma (PT), Sarney (MDB) e Temer (MDB), numa fila de cadeiras separadas do restante do público.
Colocar ali os ex-presidentes foi uma forma de explicar que numa democracia os personagens entram, saem, voltam, são impedidos e isso faz parte do jogo. Em frente a Bolsonaro, como fantasmas de um futuro pouco distante, havia quatro presidentes com quatro histórias que são, no mínimo, educativas:
Lula foi preso, mesmo após sair com 80% de aprovação do governo.
Dilma foi impedida e retirada à força do poder, mesmo após ser reeleita pelo voto.
Sarney saiu do poder execrado como um inimigo público e com uma das menores taxas de aprovação da história, mesmo após garantir a transição brasileira de uma ditadura para uma democracia.
Temer foi impopular e nem teve chance de tentar reeleição, mesmo após sanear as contas do país e reorganizar a sobrevivência fiscal do Brasil.
Que lição se pode tirar disso? A de que a presidência tem benesses, mas é um fardo que precisa ser abraçado com resiliência e aceitação de destinos, não com rebeldia.
E, por que a democracia é injusta? Porque o mais importante é preservar as suas bases antes de beneficiar indivíduos. O compromisso dela é com a História e a sua base são as instituições.
A lista de injustiças com gestores que já ocuparam cargos de presidente, governador e prefeito nesse país é imensa. E, mesmo assim, quem abraça essa missão, precisa fazê-lo com a máxima temperança possível.
Bolsonaro, no evento, também foi obrigado a escutar um discurso em que Alexandre de Moraes evitou citar qualquer um nominalmente, mas defendeu as urnas, a democracia e a alternância de poder. O presidente precisou ficar inerte por 95 segundos enquanto o público aplaudia de pé a fala do presidente do TSE.
O principal recado de Alexandre de Moraes a Bolsonaro foi o de que as instituições são maiores do que qualquer indivíduo e, no futuro, próximo ou não, ele estará naquela primeira fileira como um ex-presidente, carregando a sua própria história injusta.
É assim que funciona. É assim que precisa continuar sendo.