Os quatro erros de Paulo Câmara na eleição de 2022

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (02/09)
Igor Maciel
Publicado em 02/09/2022 às 0:02
Danilo Cabral e Paulo Câmara Foto: Divulgação


Um ex-aliado da Frente Popular, numa conversa com a coluna, explicou os motivos do grupo que ele faz parte ter desistido de seguir no palanque do PSB este ano. Ele diz que algumas atitudes dos socialistas acabaram impossibilitando a permanência. Num momento em que aliados começam a reclamar e dar prazos para que Danilo Cabral (PSB) cresça nas pesquisas (ou irão embora), o assunto volta à tona. Segundo esse ex-aliado, Paulo Câmara (PSB) cometeu quatro erros: O primeiro erro de Paulo, segundo esta fonte, foi ter ignorado o candidato natural. E o nome era Geraldo Julio (PSB). É verdade que Geraldo tinha questões familiares e não se mostrou disposto, muitas vezes, a encarar o processo. Mas, acredita-se que tudo poderia ter sido resolvido com empenho do governador e o apoio necessário. O que não aconteceu. O segundo erro de Paulo teria sido a subserviência a Lula (PT) e ao Partido dos Trabalhadores. Para alguns aliados, o ex-presidente foi colocado num pedestal pelo PSB, como se fosse um resolvedor de tudo e como se fosse ficar à disposição dos socialistas, esforçando-se para eleger Danilo Cabral (PSB) a qualquer custo. Ter aceitado o PT ocupando a vaga do Senado foi uma consequência dessa subserviência. Os socialistas sabiam que era um risco, porque os petistas poderiam pedir votos para Teresa Leitão (PT) e ignorar Danilo. E é o que está acontecendo. O terceiro erro se deu ainda na articulação com partidos aliados. Para não perder o PP de Eduardo da Fonte, Paulo aceitou condições que comprometeram a aliança com outros partidos. O episódio da troca do presidente da Ceasa, por exemplo, provocou atritos com aliados diversos. E, agora, há quem diga que o PP vai cumprir os acordos no primeiro turno, mas que a tendência é esperar o segundo turno para decidir quem apoiar. Vale lembrar que, antes de confirmar a permanência na Frente Popular, Dudu da Fonte (PP) quase seguiu com Marília Arraes (SD). No fim de tudo, o quarto erro de Paulo Câmara teria sido colocar Luciana Santos (PCdoB) como vice de Danilo Cabral. Luciana é a atual vice de um governo que tem 70% de rejeição, comandado pelo próprio Paulo. Na política, é muito importante reconhecer a hora de agregar e afastar. A indicação de Luciana agregou Paulo e o atual governo a Danilo. Foi como amarrar os pés dele com uma corrente.

Bom e ruim

Com a última pesquisa Ipespe para o governo federal como base, pode-se dizer que há uma notícia muito boa para Bolsonaro nas eleições deste ano e outra notícia muito ruim. A análise é do cientista político Antonio Lavareda, um dos responsáveis pelo levantamento. Primeiro, a notícia boa: “ A rejeição caiu para quase todos os candidatos. A única que oscilou para cima foi a de Lula, de 43% para 44%. A de Bolsonaro foi de 58% para 39%. Ciro de 40% para 39%. E Tebet de 35% para 32%”, explica Lavareda. Mas ele sentencia: “Embora tenha dado passos significativos, o ritmo da recuperação da imagem do Governo e do candidato, que compõem os fundamentos da sua competitividade é insuficiente para que se possa imaginar uma ultrapassagem do primeiro colocado”. Na prática, Bolsonaro tem chance de retomar um crescimento, mas as barreiras são muito difíceis para ultrapassar em tempo tão curto. Algumas pesquisas têm mostrado o que pode ser o motivo disso: beneficiários do Auxílio Brasil, antigo Bolsa Família, estão felizes com o dinheiro. Mas 80% dizem que, mesmo assim, não votarão em Bolsonaro, porque sabem que “nenhum presidente vai acabar com os pagamentos”.

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