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Cena Política

Por Igor Maciel
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Sobre a PEC fura teto de Lula: Não consigo fazer o gol, alguém derrube o goleiro

Se Lula quer manter a emergência por quatro anos para poder estourar o teto de gastos, nada de picanha e cerveja até 2026?

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Igor Maciel

Publicado em 17/11/2022 às 11:32 | Atualizado em 17/11/2022 às 11:34
Acompanhe o discurso de Lula ao vivo no COP27 - AHMAD GHARABLI / AFP

O Brasil é um país fadado a não dar certo no longo prazo, porque todas as discussões sobre problemas sérios no país ficam limitadas às soluções curtas e rápidas.

A PEC da Transição deve custar um estouro de R$ 200 bilhões no teto de gastos, com a manutenção por quatro anos dos auxílios fora do limite.

Daí, vêm as justificativas feitas sob medida para a militância gritar nas redes sociais: “quem tem fome não espera longo prazo”. É verdade. Mas, o problema não é a urgência para sanar a miséria no país.

Transformar emergência em estado contínuo de gestão é que complica as coisas. A fome existe e medidas muito duras e rápidas devem ser tomadas, sim. É preciso arranjar dinheiro para garantir a sobrevivência e a mínima dignidade possível para os dezenas de milhares que não conseguem fazer as refeições do dia no Brasil. As sucessivas crises e o governo desastrado, cruzamento de liberalismo com pão e circo populista, que Bolsonaro administrou nos últimos anos, não ajudaram em nada.

Mas uma coisa é falar em emergência por um ano, enquanto se organizam as contas para ajustar os auxílios ao orçamento. Outra é prolongar a urgência por quatro anos. Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e sonho dos petistas para a economia do país, declarou exatamente isso. “Por um ano é necessário, mais que isso é problema”.

Se Lula quer manter a emergência por quatro anos para poder estourar o teto de gastos, significa que no fim do governo dele ainda haverá fome? Nada de picanha e cerveja em 2026?

Tratar emergência como algo que nunca acaba é admitir incapacidade. O recado que Lula quer passar é o de que prioriza as necessidades básicas da população. É bonito, é correto, é sinal de grandeza.

Mas querer eternizar emergências para fugir às responsabilidades é admitir que não sabe resolver a questão dentro das regras com todos os naturais obstáculos do jogo.

É algo como: não consigo fazer o gol, alguém, por favor, derrube o goleiro.

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