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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

O que Eduardo Campos teria para ensinar a Simone Tebet sobre as promessas de Lula?

Eduardo já esteve na posição de escolher entre confiar nas promessas de Lula ou tentar fazer o próprio caminho. E o socialista era como um filho para o petista. Imagine Tebet.

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Igor Maciel

Publicado em 15/12/2022 às 12:01
A ministra do Planejamento Simone Tebet e o presidente Lula - Divulgação/Ricardo Stuckert

Quando resolveu ser candidato a presidente, em 2014, Eduardo Campos tinha ouvido, antes, uma proposta de Lula (PT). O ex-presidente conversou com o então governador de Pernambuco e lhe fez uma promessa: se Eduardo desistisse da ideia de ser candidato a presidente naquele ano, teria o apoio do petista em 2018. O socialista era tratado por Lula como um filho. E quem dizia isso eram os que conviviam com os dois.

Havia um tipo de orgulho mútuo entre eles, além de admiração e sintonia política. Havia gratidão também. É que não foram poucas as vezes em que Eduardo Campos, como deputado federal ou como ministro, ajudou o governo Lula na articulação com o Congresso e salvou a gestão, inclusive no episódio do Mensalão.

Tudo, então, levava a crer que Eduardo iria aceitar o pedido de Lula, adiando seu objetivo de ser candidato a presidente, apoiando a reeleição de Dilma Rousseff (PT). Mas não foi isso o que ocorreu.

Para quem lhe perguntou, nos bastidores, o líder socialista era bem direto: “se eu desistir agora, não vou ser candidato nunca. Não dá pra confiar em Lula, por causa do PT”.

Essa historinha real pode servir para explicar a situação de Simone Tebet (MDB) hoje. Antes nome certo para assumir um grande ministério, agora está sendo excluída do jeito que dá. Ao apoiar o presidente eleito ainda na eleição de segundo turno, a senadora o fez com bastante convicção e recebeu a promessa de que integraria o governo no futuro.

A vitória do petista foi apertada, por cerca de dois milhões de votos e Tebet, com os quatro milhões de eleitores que atraiu no primeiro turno, foi importante. Negar isso, com argumentos de que “esses votos não eram dela” é negar a política e a matemática também.

A pergunta que deve ser feita é: se Tebet tivesse apoiado Bolsonaro, Lula teria sido eleito? Difícil prever o futuro de um passado que não existiu, mas as chances do petista seriam menores, certamente.

E, agora, depois de ter recebido a promessa de que ocuparia o ministério do Desenvolvimento Social, Tebet começou a ser excluída pelo PT para evitar que ela assuma qualquer coisa. Querem evitar que ela tenha uma pasta que pode deixá-la popular.

O PT está preocupado porque Lula tem dito que não será candidato à reeleição (embora ninguém acredite), não tem um sucessor e Tebet, cuidando de um ministério com tantos recursos para aplicação em programas sociais, reforçaria em 2026 a imagem de “solução sensata para o país” que começou a construir no pleito de 2022.

Há ciúmes no PT e até no próprio MDB. E as promessas de Lula vão ficando pelo caminho, perdidas nos interesses alheios, do jeitinho que Eduardo Campos dizia que aconteceria com ele.

Se nem Eduardo, quase um filho, confiava em Lula por causa do PT. Imagine quem chegou no meio da campanha.

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