Sabe aquele momento quando você está estudando a possibilidade comprar alguma coisa e o vendedor lhe trata como se não existisse outra pessoa na face da Terra?
E depois, sabe a sensação de que tudo mudou assim que você digitou a senha do cartão de crédito e a compra foi aprovada? O vendedor já fica mais frio, começa a colocar problema para entregar o produto, diz que não pode garantir muita coisa.
O PSB está vivendo isso atualmente. Os socialistas olham para Lula hoje e veem o “sorriso largo de vendedor” se desfazendo para eles, enquanto o petista abre os braços para outro cliente que acabou de entrar na loja.
Você que se resolva com o pessoal da entrega, se é que tem mesmo o produto em estoque como ele havia prometido antes.
No caso dos ministérios, o estoque está no fim e o petista vendeu bem além do que havia no depósito. Passada a eleição, a impressão que o PSB tem é de que não é ainda necessário e virou somente uma incômoda massa humana dentro da loja lotada, levando esbarrões dos clientes mais ricos que, embora tenham chegado agora, podem oferecer mais.
Caso seja confirmado que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) vai assumir o Ministério de Indústria e Comércio, juntando com a já confirmada presença de Flávio Dino (PSB) no Ministério da Justiça, o PSB terá sido excluído de qualquer processo de decisão na formação do ministério.
É que os socialistas solicitaram quatro pastas no primeiro escalão da nova gestão e o PT rebateu dizendo que “só havia espaço para duas”. Com dois ministros, acabou a cota.
A questão é que nem Flávio Dino e nem Alckmin foram indicações do partido, mas escolhas pessoais de Lula. Se for confirmado, o PSB terá dois ministérios, mas não terá nenhum na prática e deverá se conformar com cargos no segundo e terceiro escalão.
Até o ministério de Ciência e Tecnologia, que tradicionalmente é do PSB, inclusive com Eduardo Campos, em gestões petistas, dessa vez está previsto para ser entregue ao PCdoB, para Luciana Santos.
O PSB perdeu espaço na transição para partidos que conseguiram fazer mais cadeiras no Congresso e terão maior influência na Câmara na próxima legislatura. Enquanto o PSD e o MDB, somados, fizeram 84 deputados em todo o Brasil, o PSB fez 14.
Até o PDT conseguiu mais cadeiras, fez 17. Os socialistas saíram das primeiras posições no Congresso para disputar espaço com o PSOL, que fez 12 deputados. Isso diminui o poder de barganha.
Caso não consigam indicar ninguém para um ministério, a tendência é que o PSB vire satélite do PT, do jeito que aconteceu com o PCdoB, por sobrevivência.
Se a situação não melhorar, os socialistas vão deixar de ser clientes na loja do PT e acabar indo lá só entregar currículos.