Quando formou seu ministério, Lula (PT) deu indícios de que não estava fazendo questão de contemplar Pernambuco, principalmente porque seu candidato no primeiro turno foi derrotado (Danilo Cabral) e a do segundo turno perdeu também (Marília Arraes).
Ao invés disso, as pastas de maior prestígio ocupadas por nomes do Nordeste, foram destinadas ao Ceará, Piauí e à Bahia. Nesses lugares os governadores eleitos com boa margem eram lulistas.
A relação com Raquel Lyra (PSDB) não é um problema, é bom que se diga. Qualquer um que conheça a história dos grupos políticos de Pernambuco sabe que ela está longe de ser uma crítica mordaz do presidente. Tanto que ele também nunca fez qualquer crítica a ela, inclusive na campanha.
Os arranjos que estão sendo feitos na Esplanada dos Ministérios para a Transnordestina, e que praticamente excluem Pernambuco da obra, porém, parecem ser resultado da influência que o Ceará e o Piauí, principalmente, têm sobre o governo Lula com seus ministros.
Querem cancelar o ramal de Suape na ferrovia para garantir que os benefícios fiquem entre eles. E o trecho de Pernambuco seria inviabilizado.
Você pode estar se perguntando sobre os ministros pernambucanos no governo que poderiam defender o estado.
Com todo respeito à capacidade de ambos, Luciana Santos (PCdoB) e André de Paula (PSD) são indicações partidárias em pastas muito específicas.
A influência junto a Lula é menor do que entre ministros que estão em setores estratégicos como Integração Nacional, Educação, Casa Civil e Infraestrutura, onde estão os outros nordestinos.
O governo Raquel Lyra ainda estuda uma solução para que o trecho de Suape da ferrovia seja finalizado em Pernambuco.
A reunião em que a proposta de excluir o estado foi feita à governadora e aos auxiliares foi tensa, esta semana.
Uma pessoa presente chegou a dizer que havia um tipo de indignação mal disfarçada entre os representantes do Piauí e Ceará por Pernambuco não estar aceitando ser excluído. "Como se fosse um absurdo não querer ser prejudicado".
A ideia dos cearenses e piauienses com seus ministros passaria por uma articulação feita a partir do Consórcio Nordeste, mas a decisão final deverá ser do governo Lula.
E aí, será preciso fazer uma pergunta ao pernambucano que senta, hoje, na cadeira de presidente da República: é no governo dele que o estado natal será prejudicado dessa maneira, como não foi nem mesmo durante a gestão de Bolsonaro (PL)?
Outra: Lula vai assumir a responsabilidade publicamente ou vai fingir que não está sabendo de nada?
E para a bancada pernambucana: haverá a mesma indignação que houve no governo Bolsonaro quando a possibilidade de tirar Pernambuco da Transnordestina foi levantada pela primeira vez? Algum deputado ou senador vai ficar revoltado e ameaçar ir pra briga como aconteceu no ano passado?