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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

O tempero de peronismo na promoção de Janja e Michelle é mau presságio. Argentina é péssimo exemplo

A Argentina de ontem trouxe o caos à Argentina de hoje.

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Igor Maciel

Publicado em 16/02/2023 às 17:51
Lula e Janja - RICARDO STUCKERT

Dilma (PT) foi um fiasco histórico do ponto de vista político, econômico, fiscal e cultural. Mas não se pode negar que ela tinha algum propósito original.

Explico: o propósito original é a seiva de uma candidatura complexa como a de um presidente da República. Dilma não se tornou candidata à presidência apenas por ser mulher, mas pelo trabalho que desempenhou enquanto era ministra de Lula.

Em política, o seu currículo sempre é lido de trás pra frente. O que você fez por último conta mais. Se tiverem sido erros, seus acertos anteriores não valem nada. A ex-presidente não era uma unanimidade, mas tinha um bom papel quando foi ministra, tinha consistência ao menos.

Agora, qual a seiva que nutre toda a empolgação no entorno da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e da atual, Janja?

A primeira foi, praticamente, lançada pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, para 2026. Fosse o Brasil um país sério, Valdemar Costa Neto não lançaria nem confete no carnaval, mas isso é outra conversa.

Janja, esposa de Lula, tem provocado uma vibração na esquerda brasileira, como se todos tivessem encontrado a solução para a idade avançada do atual presidente que deverá impedi-lo de se prolongar no poder por mais tempo.

A foto do encontro com Biden, nos EUA, em que Janja põe a mão sobre as mãos dos presidentes como se fizesse parte de uma aliança salvadora do mundo virou meme e, nas redes sociais, ela foi colocada no meio dos apertos de mão de Churchill com Stalin e até de Fidel Castro com o Papa.

É verdade que a lei não permite a Janja ser candidata em 2026. Por lei, parentes do ocupante do cargo não podem disputar eleições.

Mas, depois de Lula ser condenado e ter todas as condenações anuladas na Justiça, desconfia-se um pouco do efeito conveniente que a política tem sobre as cortes brasileiras e sobre a interpretação do que é legal ou não.

Resta então a pergunta: qual a seiva dessas candidaturas? Serem esposas de presidentes ou ex-presidentes? Serem mulheres? Serem populares?

Tem um tempero de peronismo argentino nisso que assusta. A Argentina de ontem trouxe o caos à Argentina de hoje. Não é um bom exemplo, não é um bom presságio.

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