João Campos (PSB) e o grupo dos coelho, de Fernando Bezerra (MDB) e Miguel (UB), andaram conversando. Foi mais uma “conversa pra marcar uma conversa”, sem grandes avanços, mas com muitas possibilidades.
Aqui, faço uma pausa para contar uma história: corria o ano de 2021 quando uma pessoa muito próxima a João Campos procurou este colunista para tomar um café.
O papo era sobre o primeiro ano de João e os projetos que ele tinha para a prefeitura, falou-se muito sobre uma inovação em gestão pública a ser aplicada pelo recém eleito prefeito do Recife e, em determinado momento, Fernando Bezerra Coelho virou assunto.
A fonte começou a dizer que no PSB ninguém tinha nada contra FBC e que não era totalmente descartada a possibilidade de, eventualmente, ele ser candidato à reeleição ao Senado, na chapa socialista, em 2022.
A dúvida natural e lógica residia no fato de que, àquela altura, FBC era adversário político ferrenho, próximo de Bolsonaro nacionalmente, e Miguel Coelho, então prefeito reeleito de Petrolina, havia sido praticamente expulso do PSB.
A resposta veio rápida: “o problema de FBC foi com Paulo Câmara. E Paulo não vai ser mais candidato a nada”.
Muito foi aproveitado daquela conversa e, como manda o bom jornalismo, algumas horas depois FBC foi provocado, por telefone.
O senador deve ter entendido que o PSB estava abrindo portas caso ele quisesse voltar, mas sustentou que não havia a possibilidade naquele momento. Tempos depois, Miguel seria candidato ao governo e ele abriria mão da reeleição ao Senado, como estava no script.
Mas o senador, em 2021, não negou a informação que é importante para entender os movimentos de 2023: o problema era mais com Paulo Câmara do que com o PSB. Fernando Bezerra Coelho foi o candidato escolhido por Eduardo Campos para disputar o Senado em 2014 e somente após a morte do ex-governador é que ocorreu o afastamento entre ele e os socialistas.
Não foram problemas com o pai de João que levaram à briga. Então, uma reaproximação entre João Campos, PSB e FBC, incluindo Miguel Coelho, Fernando Filho e Antônio Coelho, é bem menos absurda do que parece e menos surpreendente do que a maioria das alianças que costumamos ver por aí.
Vale lembrar que, após o segundo turno, quando apoiou Raquel, Miguel Coelho terminou sem nenhum espaço na gestão para o seu União Brasil.
Se a aproximação com o PSB acontecerá, é difícil dizer. Por agora, a conversa ter se tornado pública é muito mais para alimentar o noticiário, valorizar João e dar um aviso à Raquel Lyra sobre o que pode acontecer no futuro do que uma sinalização concreta.
É bom lembrar, também, que toda articulação sobre 2024 terminará refletindo em 2026. E uma conversa entre dois políticos só se torna pública quando, no mínimo, um dos lados quer passar alguma mensagem.
Esta semana, inclusive, uma fonte próxima ao grupo de FBC fez várias observações positivas sobre João Campos (PSB) numa conversa com a coluna: “Ele está fazendo política e sendo pragmático. Nesse momento, ele é o único que está disposto mesmo a isso. O movimento da federação com o Solidariedade e o PDT é inteligente para anular Marília Arraes (SD), o movimento com o PT é essencial para atrair o apoio de Lula (PT). Ele garantiu até que o PSD ficasse no seu palanque municipal quando fez vista grossa para a saída de André de Paula (PSD) da Frente Popular em 2022. André de Paula virou ministro, e isso conta. Se tem alguém fazendo política, hoje, é João”.
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