“O PT não confia em João e João não confia no PT. Lula não confia em João”. A frase é de um petista bem graduado, dita tranquilamente durante um café, em Pernambuco, ao ser questionado sobre a relação do partido com o atual prefeito do Recife, João Campos (PSB).
A conversa aconteceu no mesmo dia em que a senadora Teresa Leitão (PT) foi recebida no Palácio do Campo das Princesas pela governadora Raquel Lyra (PSDB), numa sinalização bem clara de aproximação entre a atual gestão, a qual João faz oposição com o PSB, e o PT que está, formalmente, integrando a administração municipal da capital.
O PT está negociando apoio a João Campos para as eleições de 2024. E isso ainda pode acontecer. Mas há muitos petistas que não acreditam em sucesso nas negociações.
A conversa empacou quando o PT exigiu a vice na chapa de reeleição de Campos. A estratégia é a seguinte: sendo reeleito com margem boa, João tentaria o governo de Pernambuco em 2026, mas iria para uma disputa contra uma governadora em processo de reeleição, o que torna tudo mais difícil para a oposição.
O PT quer a garantia de que vai ocupar a prefeitura do Recife por dois anos se isso acontecer.
Para arriscar a disputa ao governo com alguma base forte, João precisa continuar tendo controle da máquina administrativa do Recife. Ele não confia nos petistas para isso.
Em 2022 três prefeitos abriram mão de seus mandatos para disputar o cargo de governador. Em Jaboatão, Anderson deixou como vice uma pessoa ligada à família. Em Petrolina, Miguel deixou como vice um aliado fiel também, quase da família. Raquel foi a que mais correu riscos e teve atritos quando o vice assumiu, mas a situação foi controlada, até porque Caruaru não tinha potencial para desequilibrar a disputa estadual. Mas o Recife, com orçamento de R$ 6 bilhões, tem.
No PSB, o que se pensa é: “quando a hora chegar e João tiver saído para disputar o governo, quem garante que o PT vai dar qualquer tipo de apoio ao socialista ou que não vai se aliar a Raquel para atrapalhar?”.
Algumas pessoas no PT de Pernambuco, e nos arredores do partido, já contaram a coluna que o presidente Lula tem algumas ressalvas com João Campos.
Apesar de toda a figuração política, Lula nunca aceitou a maneira como Campos conduziu a campanha de 2020, quando disputou contra Marília Arraes (na época, pelo PT), e atacou os petistas usando a corrupção e até mencionando pessoas do partido que haviam sido presas. O prefeito nunca usou o nome de Lula e nunca demonstrou desrespeito ao próprio presidente, nem na campanha.
Mas Lula entendeu que estava incluso, não gostou. E nunca esqueceu.
O pernambucano Tadeu Alencar, secretário de Segurança do Ministério da Justiça, conversou com a Rádio Jornal no Passando a Limpo, ontem. Ele garantiu que o estado receberá boa parte do dinheiro que está sendo liberado pelo Governo Federal para ajudar no combate à violência.
Segundo Tadeu, o anuário da segurança publicado recentemente, referente ao ano de 2022, alertou o governo para a necessidade de mais investimento no Nordeste. É bom lembrar que entre as 50 cidades mais violentas do país, Pernambuco ocupa cinco lugares na lista e tem município na quinta posição. Os quatro primeiros lugares são todos da Bahia.
Na novela dos ônibus no Grande Recife há quatro personagens principais: os rodoviários, os donos de empresas de ônibus, o governo do estado e o usuário do transporte. Os dois primeiros recebem e os dois últimos pagam pelo serviço.
Quando os dois primeiros não entram em acordo, aumenta a chance de os dois últimos pagarem ainda mais caro com subsídios e aumento de tarifas.
Quanto mais o usuário sofre para chegar ao trabalho, mais vai pressionar o governo. O governo vai pressionar as empresas e as empresas vão dizer que só podem pagar mais aos rodoviários e convencê-los a trabalhar se também tiverem mais dinheiro para pagar as contas.
O transporte no Recife é inseguro, precário em infraestrutura e já muito caro. Quando acontecem greves, a única coisa que muda mesmo é que fica tudo mais caro. O resto segue como antes.