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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

O Mercosul com candidatos a presidente que não perdem votos ao desprezá-lo

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (22)

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Igor Maciel

Publicado em 21/11/2023 às 20:00
Fernando Collor (Brasil), Andrés Rodriguez (Paraguai), Carlos Menem (Argentina) e Luiz Lacalle (Uruguai) - Reprodução internet

O Mercosul envelheceu mal. De 1991, quando Fernando Collor, Carlos Menem, Andrés Rodriguez e Luiz Lacalle posaram para uma foto representando, respectivamente, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, até hoje, pouco se valorizou a importância da união dos países.

No Brasil, em 2018, Bolsonaro foi eleito deixando claro que não estava “nem aí” para o bloco. Agora, Milei foi eleito na Argentina com o mesmo discurso de desprezo ao grupo.

O Mercosul não gera nem crise na vida de quem o despreza. Isso é um problema.

Dilma e Cristina

A culpa é, em grande parte, de Dilma Rousseff (PT) e Cristina Kirchner. A primeira era presidente do Brasil e a segunda da Argentina quando a Venezuela foi aceita dentro do Mercosul. Não é que os venezuelanos (hoje suspensos por não serem uma democracia) tenham sozinhos acabado com o bloco, mas diferente de Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Guiana e Suriname, que são países associados, a Venezuela tentou entrar como “membro efetivo”, em 2012, e conseguiu, apenas por causa da influência do Brasil e da Argentina.

Não havia dados econômicos consistentes para a adesão, a não ser pela sintonia ideológica entre eles. A credibilidade do Mercosul ficou arranhada no cenário internacional.

Integração

Outra questão para que a própria população dos países membros não valorize o Mercosul é a integração territorial (a falta dela). Na idealização uma das vantagens era acabar com a necessidade de visto e passaporte para quem mora nos países que integram o bloco.

A ideia é que funcionasse como na Europa, em que as fronteiras praticamente inexistem e você pode viajar de um país ao outro com mais facilidade. Na teoria isso existe por aqui.  Na prática não. 

A grande extensão territorial dos países e a falta de infraestrutura de transporte na região são um obstáculo praticamente intransponível para o cidadão comum.

Infraestrutura

Na Europa, qualquer um pagando 30 Euros (pouco mais de R$ 160) pega um trem em Paris e chega à Bruxelas, na Bélgica, dentro de 1h20min. E há 22 trens saindo todos os dias com esse destino.

No Brasil, se alguém quiser sair do Recife para visitar o Paraguai, precisa pegar dois aviões, passar quase 8h voando e esperar quase duas horas entre um voo e outro.

O Mercosul nunca se reuniu para fazer obras em conjunto, em grandes projetos de mobilidade. Nada. Grandes ferrovias, nenhuma. Até mesmo voos diretos, estão concentrados, a maioria, no Sudeste.

Clubinho

Milei, o novo presidente argentino, não perdeu nem um voto ao criticar o Mercosul e o Brasil (deve até ter ganho) porque o povo nunca usufruiu realmente do bloco, porque economicamente ele não conseguiu salvar a economia argentina (embora não houvesse milagre para isso) e porque o Mercado Comum do Sul assumiu um caráter de clubinho ideológico que o fez perder credibilidade.

Os fatores foram os mesmos para os brasileiros em 2018. E Bolsonaro foi eleito da mesma forma.

Erro

Agora, por exemplo, Lula anunciou que vai correr para fechar o acordo do Mercosul com a União Europeia antes que Milei assuma a presidência. É algo que pode ajudar a implodir de vez o bloco.

Primeiro porque é uma falta de respeito com os eleitores argentinos que, gostemos ou não, escolheram com ampla maioria um presidente. Segundo porque o próprio Milei pode ir à reunião (convidado ou não) e dizer que os europeus “não assinem nada” porque ele vai desfazer.

Será mais um golpe de credibilidade na imagem do Mercosul. E aí é melhor fechar as portas logo.

Médico

O vereador do Recife Tadeu Calheiros (Podemos), que também é médico e preside a Federação Médica Brasileira, se reuniu com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), em Brasília, nesta terça-feira (21).

Ao lado de dirigentes de entidades médicas de 11 estados, Calheiros levou à mesa uma pauta com vários pleitos da categoria, entre eles, a preocupação com a abertura de Faculdades de Medicina com “padrão de qualidade duvidoso”. Outro pedido foi referente à obrigatoriedade do Revalida para exercício profissional, aqui no país, de médicos formados no exterior.

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