Em 2024 serão escolhidos os prefeitos das 184 cidades de Pernambuco para um mandato de quatro anos que só deve terminar em 2028. Antes de viverem no Brasil, ou em Pernambuco, as pessoas vivem em suas cidades.
É nos municípios que o esgoto corre a céu aberto, é no espaço da cidade que falta água, falta moradia digna, falta pão e segurança, prioritariamente. É nas cidades que as pessoas adoecem e precisam de atendimento em saúde.
O serviço pode ser mantido pelo Estado ou pela União, mas é na cidade que o sujeito pisa primeiro.
Verbas
Antes de ser brasileiro ou pernambucano, a gente é recifense, caruaruense, petrolinense, belo jardinense, entre outros. E os municípios, são eles os que mais acabam prejudicados quando os tributos pagos pelo contribuinte são distribuídos em verbas públicas e direcionados para obras que nem sempre satisfazem as necessidades primeiras dos seus habitantes.
Em 2020
A reflexão é necessária porque três das cidades mais importantes de Pernambuco nas eleições de 2020 elegeram prefeitos que não terminaram seus mandatos.
Nada contra a atitude deles. A prefeita eleita de Caruaru naquele ano é governadora hoje. Além dela, os prefeitos de Petrolina e de Jaboatão, que faziam, todos, gestões aprovadíssimas, tiveram seus motivos e a justa condição para aventurar um novo degrau em suas trajetórias.
Pires
Mas as dificuldades que os prefeitos enfrentam sempre os fará tomar maior esforço apenas quando planejam sair antes do tempo para um degrau maior?
Isso é ruim para o “vivente” da cidade com suas demandas imediatas. É ruim para o desenvolvimento dos municípios. Os gestores municipais vivem de pires na mão, indo à Brasília buscar dinheiro, batendo em portas de deputados e senadores para ver se conseguem o mínimo possível para realizar algo. É um trabalho difícil, cansativo.
É preciso ter condições de realizar mais.
Na prática
Em 2024, essa deve ser uma das muitas discussões na eleição do Recife, por exemplo, já que o atual prefeito João Campos (PSB) tentará uma recondução e será obrigado a responder bastante se pretende deixar o mandato, caso seja reeleito, para disputar o governo do Estado em 2026.
Sentido
Ano de eleições municipais não pode ser apenas para levantar bandeira de candidato, vestir as cores do partido de preferência (quando isso ainda existe) e cantar jingle em carreata.
Tem que ser também para discutir o futuro dos municípios e o seu abandono formal dentro do Pacto Federativo. Este acordo que define os deveres e direitos dos entes da federação precisa ser reformado, precisa ser valorizado.
Ou estaremos sempre vendo prefeituras agonizantes e dependentes de alguém que vive em Brasília sem nenhuma experiência sobre a rotina e a vida dos habitantes de uma pequenina cidade do interior do Nordeste, definindo quanto de dinheiro esses cidadão precisam para sobreviver.
Não faz sentido.
Hiperbolizando
Como estamos no Natal, uma época em que hipérboles sofrem menos rejeição, pode-se dizer que o Brasil só será um país mais justo e feito para as necessidades dos brasileiros quando for mais vantajoso política e administrativamente ser prefeito do que ser governador e presidente da República. Vai demorar, mas Natal também é época de esperança.
Pausa
A coluna Cena Política vai entrar no recesso de Natal e Ano Novo. O colunista vai aproveitar um breve período de férias e retorna em meados de janeiro, com toda a expectativa para as eleições municipais, numa concentração de trabalho que só deverá terminar com a posse dos eleitos e reeleitos em 2025 para as 184 cidades de Pernambuco.
Um Feliz Natal e um novo ano de muitas realizações! Até a volta!