A atual gestão Lula (PT) tem três governos. São três focos diferentes, como um animal meio selvagem buscando três direções ao mesmo tempo e forçando as pernas que lhe sustentam a se esticar mais do que devia. O contribuinte, que precisa manter com energia o ser estranho, acaba se esforçando muito mais do que deveria.
Os três governos da terceira gestão lulista não se entendem. Um quer gastar, outro quer economizar e o terceiro quer ser reconhecido pelo mundo como "ator importante". Cada um fala um idioma diferente. E o cidadão que suporte.
Lisboa
A imagem desse ser mítico com três cabeças veio à mente durante entrevista com o economista Marcos Lisboa, no programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal. Lisboa falava sobre o novo programa voltado para a indústria, anunciado pelo presidente Lula e pelo vice, Geraldo Alckmin (PSB), apontando as contradições da gestão que terminou 2023 tentando fazer retornar a tributação nas folhas salariais porque não tinha dinheiro, mas iniciou 2024 anunciando R$ 300 bilhões num projeto frágil de incentivo à indústria cujo modelo já deu errado uma vez.
Economiza
A cabeça que tenta economizar o suado dinheiro do contribuinte é tão dissociada do resto da gestão que nem apareceu no evento com a indústria. Fernando Haddad (PT) e Simone Tebet (MDB) estavam “ocupados”, segundo a informação oficial, trabalhando nos vetos do presidente ao orçamento aprovado pelo Congresso em 2023, para tentar economizar algo.
Haddad e Tebet estavam na mesa da cozinha contando as moedas para fazer a feira no fim do mês, enquanto Lula e parte da cúpula petista estavam oferecendo dinheiro na calçada a quem passasse e lhes cumprimentasse.
Gasta
O programa de incentivo à indústria, já detalhado neste Jornal do Commercio, é um pouco de cada uma das outras duas cabeças. A que gosta de gastar dinheiro acredita que isso funciona como indutor da economia e combate à pobreza. Pega R$ 300 bilhões e distribui, com uma estratégia frouxa, pulverizando as verbas e direcionando para um desenvolvimentismo que quase quebrou o país entre 2008 e 2014, entre as gestões anteriores de Lula e Dilma Rousseff (PT).
O ministro da Fazenda da época era Guido Mantega. Aquele que seguiu com Dilma e enfiou o Brasil em uma de suas piores recessões da História.
Viaja
E o terceiro governo dessa gestão, o que sonha em ser ator reconhecido no cenário mundial, parece ter sido um dos maiores responsáveis pelas regras do novo programa de incentivo à indústria. Por exemplo, porque a ideia é gastar R$ 300 bilhões incentivando alguns setores nos quais o Brasil não tem tradição, como a área de equipamentos de saúde e produção de chips.
O objetivo é, unicamente, ser visto como grande produtor desses materiais para ser respeitado fora. É um misto de nacionalismo jeca com orgulho falacioso. A um custo altíssimo.
Muito é pouco
Com o dinheiro anunciado não dá para querer competir com Alemanha, Japão e China em Saúde. É impossível. Nem dá para chegar perto de Taiwan na produção de chips, também.
Na verdade, R$ 300 bilhões é muito dinheiro quando há uma estratégia. Sem um planejamento adequado, e é o caso, não dá nem para começar.
Escola de Sargentos
Nos bastidores, dois deputados pernambucanos atuaram diretamente para resolver a questão da Escola de Sargentos em Pernambuco. O curioso é que são de bases ideológicas completamente diferentes. os deputados Coronel Meira (PL) e Túlio Gadêlha (Rede) foram essenciais na aproximação entre ambientalistas, Exército e Governo de Pernambuco.
Exemplo
Mesmo estando em lados opostos na política partidária, os parlamentares trabalharam por um benefício importante para o estado. É algo que merece reconhecimento.