“O problema é que todo mundo quer ser senador em 2026”, brinca um aliado da governadora Raquel Lyra (PSDB), sobre a quantidade de “candidatos a candidato” que já se colocam para a disputa do Senado. A guerra entre esses personagens pelo espaço curto nas campanhas majoritárias mais competitivas para 2026 é o que deve definir o cenário principal da eleição de governo.
E essa discussão importa agora, porque dependendo dos resultados em 2024, esses possíveis senadores serão mais disputados ou não pelos palanques de Raquel Lyra e, se for o caso, João Campos.
Duas vagas
Dois fatores estão desencadeando esse fenômeno da multiplicação de “senadores” em Pernambuco. O primeiro é a sazonalidade das vagas. Porque a eleição de 2022 tinha somente uma cadeira em disputa para Pernambuco.
A não ser que você fosse candidato pelo PT, usando a plataforma local do PSB, e apoiado por Lula (PT), igual à eleita Teresa Leitão (PT), a eleição era muito difícil.
Em 2026 serão duas vagas. Com o dobro de possibilidades, aumenta também o número de interessados.
Sobram nomes e…
O outro fator importante é o rescaldo da eleição anterior. Como o governador no poder estava enfraquecido em 2022, as possibilidades eram imensas.
A crise de um é a oportunidade para outros. E três prefeitos com mandato, bem avaliados em suas cidades, simplesmente deixaram para trás a prefeitura e se aventuraram numa campanha ao Palácio do Campo das Princesas. Fora Anderson Ferreira (PL), Miguel Coelho (UB) e Raquel Lyra (PSDB), ainda havia Marília Arraes (SD) de olho na fraqueza dos socialistas que ocupavam o poder.
…com uma adversária forte…
A próxima eleição será diferente, porque Raquel Lyra não deve chegar em 2026 com o desgaste que Paulo Câmara possuía. Existe um entendimento, até na oposição a ela, que sua popularidade deve melhorar bastante a partir de 2025, quando o dinheiro que está sendo investido desde 2023 começar a se traduzir em mais entregas.
Saúde e Segurança, que são os maiores calos da gestão, devem começar a ter certa estabilidade por causa da entrada de novos policiais e do investimento feito nos hospitais.
…poucos se arriscam
Se a ocupante da cadeira estiver mesmo fortalecida, não há espaço para muitas oportunidades.
Será preciso ter uma grande estrutura financeira, controle partidário muito bem amarrado e bastante apelo popular para enfrentar uma gestora no cargo.
O único que tem condições de se arriscar dessa forma é o prefeito do Recife, João Campos (PSB), caso seja mesmo reeleito em 2024.
O prefeito
Campos é o único que reúne essas características. E ainda assim será uma missão muito difícil.
Para quem acha que enfrentar um candidato no exercício do cargo é fácil, basta lembrar de Paulo Câmara que, no início de 2018, teve mais de 60% de rejeição e ainda assim foi reeleito no primeiro turno.
É exatamente por essas dificuldades que os atores com maior recall, que já foram candidatos ao governo em 2022, não irão tentar novamente. O risco é grande demais e a chance de vitória é muito pequena.
Sobra para eles a ideia de um mandato ao Senado. Por isso o “congestionamento” de candidaturas.
Sete para duas vagas
E, por isso, tem gente demais. Além de Anderson Ferreira, Miguel Coelho e Marília Arraes, também há Silvio Costa Filho (Republicanos) e Eduardo da Fonte (PP), sem falar em Humberto Costa (PT) e Fernando Dueire (MDB). Os dois últimos já são senadores e tentarão a reeleição.
Isso sem falar nos “candidatos olímpicos” cuja importância está na participação e que sempre surgem perto das eleições. Todos esses nomes terão apenas duas vagas para disputar.
E a alta concorrência aumenta o “preço” para estar em um dos principais palanques. Quem tiver maior controle do partido e quem estiver em siglas que agreguem maior tempo de TV e Rádio para os candidatos ao Palácio leva vantagem.
Quem entregar mais
E a maior vantagem que um “candidato a candidato” a senador terá para oferecer em Pernambuco a Raquel Lyra ou a João Campos é apoio nos municípios.
Por isso, quando os resultados começarem a sair das urnas em outubro deste ano é que veremos quem são os que terão maior chance de integrar as chapas majoritárias.
Uma dica, para nortear os pensamentos, Raquel Lyra é mais forte no interior do estado e vai precisar de senadores que lhe tragam votação da Região Metropolitana. João Campos é mais forte no Recife e vai precisar de senadores que lhe entreguem votação no interior.
Eleição municipal do Senado
Os prefeitos vão ter que suar muito para a eleição deste ano, lógico, porque são os candidatos. Mas, depois deles, tem muito pré-candidato a senador olhando para esta eleição municipal como definidora de seu próprio futuro. Se não tiverem sucesso no apoio aos seus prefeitos, dificilmente terão o que oferecer em 2026.
E quem não estiver pensando assim, deveria começar já. Ou desistir.