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Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Congestionamento de candidatos ao Senado será resolvido na eleição municipal

Os prefeitos vão ter que suar muito. Mas, depois deles, tem muito pretenso senador olhando esta eleição municipal com sentimento de vida ou morte.

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Igor Maciel

Publicado em 16/07/2024 às 20:00
O Senado Federal - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

“O problema é que todo mundo quer ser senador em 2026”, brinca um aliado da governadora Raquel Lyra (PSDB), sobre a quantidade de “candidatos a candidato” que já se colocam para a disputa do Senado. A guerra entre esses personagens pelo espaço curto nas campanhas majoritárias mais competitivas para 2026 é o que deve definir o cenário principal da eleição de governo.

E essa discussão importa agora, porque dependendo dos resultados em 2024, esses possíveis senadores serão mais disputados ou não pelos palanques de Raquel Lyra e, se for o caso, João Campos.

Duas vagas

Dois fatores estão desencadeando esse fenômeno da multiplicação de “senadores” em Pernambuco. O primeiro é a sazonalidade das vagas. Porque a eleição de 2022 tinha somente uma cadeira em disputa para Pernambuco.

A não ser que você fosse candidato pelo PT, usando a plataforma local do PSB, e apoiado por Lula (PT), igual à eleita Teresa Leitão (PT), a eleição era muito difícil.

Em 2026 serão duas vagas. Com o dobro de possibilidades, aumenta também o número de interessados.

Sobram nomes e…

O outro fator importante é o rescaldo da eleição anterior. Como o governador no poder estava enfraquecido em 2022, as possibilidades eram imensas.

A crise de um é a oportunidade para outros. E três prefeitos com mandato, bem avaliados em suas cidades, simplesmente deixaram para trás a prefeitura e se aventuraram numa campanha ao Palácio do Campo das Princesas. Fora Anderson Ferreira (PL), Miguel Coelho (UB) e Raquel Lyra (PSDB), ainda havia Marília Arraes (SD) de olho na fraqueza dos socialistas que ocupavam o poder.

…com uma adversária forte…

A próxima eleição será diferente, porque Raquel Lyra não deve chegar em 2026 com o desgaste que Paulo Câmara possuía. Existe um entendimento, até na oposição a ela, que sua popularidade deve melhorar bastante a partir de 2025, quando o dinheiro que está sendo investido desde 2023 começar a se traduzir em mais entregas.

Saúde e Segurança, que são os maiores calos da gestão, devem começar a ter certa estabilidade por causa da entrada de novos policiais e do investimento feito nos hospitais.

…poucos se arriscam

Se a ocupante da cadeira estiver mesmo fortalecida, não há espaço para muitas oportunidades.

Será preciso ter uma grande estrutura financeira, controle partidário muito bem amarrado e bastante apelo popular para enfrentar uma gestora no cargo.

O único que tem condições de se arriscar dessa forma é o prefeito do Recife, João Campos (PSB), caso seja mesmo reeleito em 2024.

O prefeito

Campos é o único que reúne essas características. E ainda assim será uma missão muito difícil.

Para quem acha que enfrentar um candidato no exercício do cargo é fácil, basta lembrar de Paulo Câmara que, no início de 2018, teve mais de 60% de rejeição e ainda assim foi reeleito no primeiro turno.

É exatamente por essas dificuldades que os atores com maior recall, que já foram candidatos ao governo em 2022, não irão tentar novamente. O risco é grande demais e a chance de vitória é muito pequena.

Sobra para eles a ideia de um mandato ao Senado. Por isso o “congestionamento” de candidaturas.

Sete para duas vagas

E, por isso, tem gente demais. Além de Anderson Ferreira, Miguel Coelho e Marília Arraes, também há Silvio Costa Filho (Republicanos) e Eduardo da Fonte (PP), sem falar em Humberto Costa (PT) e Fernando Dueire (MDB). Os dois últimos já são senadores e tentarão a reeleição.

Isso sem falar nos “candidatos olímpicos” cuja importância está na participação e que sempre surgem perto das eleições. Todos esses nomes terão apenas duas vagas para disputar.

E a alta concorrência aumenta o “preço” para estar em um dos principais palanques. Quem tiver maior controle do partido e quem estiver em siglas que agreguem maior tempo de TV e Rádio para os candidatos ao Palácio leva vantagem.

Quem entregar mais

E a maior vantagem que um “candidato a candidato” a senador terá para oferecer em Pernambuco a Raquel Lyra ou a João Campos é apoio nos municípios.

Por isso, quando os resultados começarem a sair das urnas em outubro deste ano é que veremos quem são os que terão maior chance de integrar as chapas majoritárias.

Uma dica, para nortear os pensamentos, Raquel Lyra é mais forte no interior do estado e vai precisar de senadores que lhe tragam votação da Região Metropolitana. João Campos é mais forte no Recife e vai precisar de senadores que lhe entreguem votação no interior.

Eleição municipal do Senado

Os prefeitos vão ter que suar muito para a eleição deste ano, lógico, porque são os candidatos. Mas, depois deles, tem muito pré-candidato a senador olhando para esta eleição municipal como definidora de seu próprio futuro. Se não tiverem sucesso no apoio aos seus prefeitos, dificilmente terão o que oferecer em 2026.

E quem não estiver pensando assim, deveria começar já. Ou desistir.

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