No processo que levou à filiação do vice escolhido por João Campos (PSB), Victor Marques, ao PCdoB, vale lembrar uma história. Eduardo Campos, quando governador, teve João Lyra Neto (na época pelo PDT) como aliado. Lyra Neto, pai da atual governadora Raquel Lyra (PSDB), estava como pedetista dentro de uma aliança com o grupo de José Queiroz, que comanda o partido no estado.
Foi a maneira que Campos encontrou para integrar o Agreste, onde não tinha boa votação, em suas duas campanhas ao Palácio. Mas isso durou apenas até surgir a ideia de que o pai do atual prefeito João Campos (PSB) seria candidato a presidente.
Quando a decisão foi tomada, Eduardo chamou João Lyra e explicou que iria se desincompatibilizar. Foi algo como: “Você será governador, pode se preparar”. Mas havia um detalhe: terá que sair do PDT.
A condição era que Lyra se filiasse ao PSB. Eduardo queria controlar, com a caneta do partido, a possibilidade de seu vice resolver ser candidato a uma reeleição, atrapalhando os planos de lançar um nome mais fiel, como foi Paulo Câmara.
Deve sair
Conto essa história para lembrar aos que acreditam na possibilidade de que o PCdoB terá o próximo prefeito do Recife se o atual gestor, sendo reeleito, resolver se candidatar a governador. Depois da eleição, é bem provável que o vice seja instruído a migrar para o PSB, garantindo o domínio do partido.
Só aluguel
Para a sigla, para o coletivo do partido, não há qualquer garantia de benefício real em estar “servindo por aluguel” aos socialistas. Talvez tenha sido por isso que no anúncio, esta semana, a presidente nacional do PCdoB, a pernambucana Luciana Santos, nem pisou no Recife.
Pessoas próximas à hoje ministra Luciana Santos, vale contar outra história, também tinham uma expectativa de que o PSB iria lançar Paulo Câmara ao Senado em 2022 e que ela, sua vice na época, iria ser governadora por alguns meses.
Nunca aconteceu.
Camomila
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, mandou uma resposta atravessada ao presidente do Brasil. Lula disse que havia se assustado com a declaração do amigo sobre um banho de sangue no caso de perder a eleição por lá. Maduro respondeu de imediato: mandou o petista “tomar chá de camomila”.
Para quem não sabe, o chá de camomila reduz a ansiedade e acalma, mas tem outras propriedades como aliviar dor na barriga.
Bananas
E dor na barriga é o que o Brasil pode ter caso a eleição venezuelana seja fraudada. É que não bastou Lula acordar tão tarde para a ditadura do “muy” amigo Maduro, percebendo somente agora que ele não é um simpático camarada latino-americano com muito dinheiro no bolso e frágil sintonia democrática numa república de bananas.
O presidente brasileiro pressionou o Tribunal Superior Eleitoral a mandar dois técnicos para o vizinho que vão acompanhar as eleições.
Risco
A solicitação da Venezuela havia sido feita há algumas semanas e o TSE fingiu que não viu o documento, porque sabe que pode fazer papel de bobo, sendo usado por um ditador para legitimar uma eleição eivada de possíveis fraudes. Mas a pressão do chefe do Executivo brasileiro acabou criando uma saia justa.
E lá vão os brasileiros, de um órgão com personalidade jurídica local, sem qualquer jurisdição internacional, fazer um papel que deveria ser feito apenas por membros da Organização dos Estados Americanos.
Vai faltar
Provavelmente, os técnicos do TSE vão ter que tomar muito chá, principalmente para pegar o voo de volta em segurança depois do resultado. Porque as pesquisas têm mostrado que Maduro corre mesmo o risco de perder a disputa. Algumas mostram ele com 28% e a oposição com 60%.
Vai faltar camomila no mundo.
Atacou
O detalhe mais recente dessa discussão venezuelana é que o ditador vizinho resolveu atacar as urnas e o sistema político do Brasil, do mesmo jeito que Bolsonaro (PL) fazia quando percebeu que poderia perder a eleição de 2022.
Ainda assim, o TSE vai mandar representantes para lá?