O presidente Jair Bolsonaro sempre afasta palpiteiros afirmando que é ele quem entende de política. Por sorte ou artimanha, aplicou um 'mata leão' que imobilizou politicamente o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), cuja fama subiu à cabeça a ponto de trocar alfinetadas com o próprio chefe.
Bolsonaro mostrou de quem é a caneta e fez do ministro uma espécie de zumbi no planalto central: ele está no cargo, só que não.
A operação para neutralizar Mandetta teve algo inédito: Bolsonaro fez tudo isso discretamente, sem desaforos Twitter e nem coletivas na grade.
Mandetta pagou para ver: 'só saio demitido'. Mal acreditava quando o ministro Braga Netto (Casa Civil) o comunicava da sua demissão.
Para demonstrar desapego ao cargo, o ministro se ofereceu para ficar no cargo até a definição do substituto. Foi a 'cereja no bolo' do Planalto.
A demora na escolha sugeriu dificuldade de encontrar alguém à prova de críticas, como quer Bolsonaro. O problema é oposto: excesso de opções.
O presidente Bolsonaro assinou, mas não sabe, que a medida provisória nº 932, reduzindo a arrecadação das entidades do Sistema S, beneficia a Rede Globo: somente para o Sesc Nacional, a emissora deixou de contribuir com cerca de R$3,5 milhões mensais, segundo fonte da Receita. O dinheiro economizado por determinação da MP é uma fração do que a própria Globo paga à Confederação Nacional do Comércio (CNC), correspondente a 2,8 % de sua folha de pagamento.
A MP 932 foi criada pelo ministro Paulo Guedes, que nunca escondeu a aversão pelo Sistema S, a pretexto de 'desonerar' a folha de pagamento.
No caso do Sesc, a MP dispensa mais de 600 mil empresas de todo o País de pagar contribuição de R$ 300 mensais, em média.
A medida provisória afeta entidades e programas, inclusive de segurança alimentar, que seriam muito úteis no combate à pandemia.
Ministro com gabinete no Planalto afirmou à coluna que o presidente Jair Bolsonaro 'busca um nome respeitável, conhecido, que em linhas gerais defenda as mesmas ideias do governo federal'.
O quase ex-ministro Mandetta tem um talento especial para autoelogios onde mais merece críticas, como não haver feito compras relevantes (e necessárias) em 50 dias de pandemia: respiradores, equipamentos de proteção individual, nada. O que há no Brasil foi adquirido pelos Estados.
'Se eu não der o exemplo, ninguém vai'
Ministro Mandetta explicando por que trabalha durante a noite no Ministério da Saúde.
O ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) anunciou ontem que cientistas brasileiros descobriram um remédio 94% eficaz contra coronavírus. Se não for fake news, será um gol de placa.
Profissionais liberais e autônomos têm recorrido cada vez mais ao serviço 'pré-pago'. Uma espécie de carnê,
em que o cliente paga mais barato, até 50%, agora e usufrui do serviço após a volta à normalidade.