Próximo a um novo aumento de medicamentos pesquisa revela que 59% dos idosos já deixaram de comprar remédios por falta de dinheiro

A Federação Brasileira das Redes Independentes de Farmácias, Febrafar, revelou ainda que para 91% dos consumidores com mais de 50 anos de idade é o preço dos produtos que determina onde ele vai comprar
Edilson Vieira
Publicado em 08/03/2021 às 15:00
Preço dos remédios já foi reajustado este ano. Aumento chegou a 10,08% Foto: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM


Prepare o bolso. O reajuste anual dos medicamentos deve acontecer este ano na data prevista, 31 de março. O percentual de aumento deve ser definido pelo Comitê Técnico-Executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), do Ministério da Economia nos próximos dias. Em novembro de 2020, o Cmed fixou o “fator de produtividade da indústria” em 3,29% . O fator de produtividade é apenas um dos elementos componentes do percentual de aumento. Ao fator de produtividade são somados o IPCA do ano anterior (em 2020 foi de 4,52%) e fatores relativos de ajustes de preços que ainda não foram definidos.

Ao contrário do ano passado, o governo não acenou com a possibilidade de o aumento dos medicamentos ser suspenso ou anulado este ano em razão da pandemia. “O aumento do ano passado foi adiado de 1º. de abril para junho por conta dos casos de covid-19, mas este ano ninguém ainda falou em adiamento”, explicou Ozéas Gomes, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Pernambuco (Sincofarma-PE), Ozéas Gomes. No ano passado, depois do congelamento por 60 dias, o governo autorizou reajuste de 5,21%. “Medicamento é o único segmento que aumenta uma vez por ano, com data certa e índice definido pelo governo. Mas o percentual é um teto máximo, a indústria é livre para praticar aumentos até esse teto”, diz Ozeas Gomes.

PESQUISA

Para 91% dos consumidores com mais de 50 anos de idade que frequentam farmácias regularmente, é o preço dos produtos que determina em qual farmácia será feita a compra. Na lista de pontos decisivos vem em seguida a localização da farmácia (para 64%) e a oferta de estacionamento (para 63%). Apesar da preocupação com o preço, a grande maioria (73%) não costuma fazer comparação entre valores cobrados por outras farmácias. Os números fazem parte de uma pesquisa da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias, Febrafar. Participaram do estudo, 2.200 consumidores com 50 anos ou mais, e 300 cuidadores de idosos em todo o País.

"Para o idoso, muitas vezes o que vale é o estabelecimento ter todos os medicamentos que ele precisa. O que vai fidelizar o cliente é o estoque da farmácia que ele frequenta", disse Ozeas Gomes, do Sincofarma-PE.

A maior parte dos clientes idosos paga por seus medicamentos (67%), enquanto 29% retiram no SUS, posto de saúde ou pelo programa Farmácia Popular e somente 4% dependem de familiares para bancarem as despesas com remédios.

CRISE

A pesquisa também apontou que a crise impactou esse público, sendo que 59% dos consumidores pesquisados afirmaram que, algumas vezes,deixaram de comprar medicamentos por falta de dinheiro.

Ainda sobre o impacto dos preços, se observa que medicamentos genéricos, por serem geralmente mais baratos, foram os produtos mais adquiridos pelos consumidores, com 66%, seguido por medicamentos de marcas (42%) e não medicamentos (27%), lembrando que os consumidores podem adquirir mais de um tipo de produto por ida à farmácia.

Também se observou que existe uma relutância desse público em utilizar serviços farmacêuticos, sendo que apenas 17% dos entrevistados afirmaram ter utilizado algum serviço do tipo nos últimos 90 dias.

PRESENCIAL

Além disso, mesmo com a necessidade de isolamento social, 91% desses consumidores afirmaram que realizam compras de forma presencial. A tecnologia não faz parte da rotina dos idosos. Compras por WhatsApp ou aplicativos foram utilizadas por 16% dos pesquisados. Já 14% usam telefones e apenas 4% compram produtos das farmácias através de sites. "Para o idoso, ir a farmácia é praticamente um evento social", alegou o presidente do Sincofarma-PE.

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