E mais uma vez vimos a taxa selic tomar conta como manchete nos meios de comunicação durante a última semana. Mas você sabe o que é a taxa selic? Qual o impacto dela na economia e no seu dia a dia? De forma prática e direta, posso dizer que a taxa selic é a taxa básica de juros do nosso país e, como tal, ela serve de referência para diversos tipos de empréstimos, financiamentos, até mesmo para os investimentos, em especial os de renda fixa que são atrelados em sua maioria ao CDI, que historicamente acompanha de perto a selic, sendo 0,1% menos do que ela.
A taxa selic aparece entre as principais notícias a cada 45 dias, que é o intervalo em que o COPOM (Comitê de Política Monetária) se reúne para decidir se ela ficará no mesmo patamar ou se terá algum ajuste para cima ou para baixo. É o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação, gosto dessa frase porque resume de forma simples o objetivo maior da taxa selic.
Durante boa parte de 2020, devido à pandemia, a taxa selic esteve no piso histórico de 2% ao ano, mas por que ela caiu tanto? Sem dúvidas, uma das principais razões para isso foi a necessidade de tornar o crédito mais acessível, ou seja, o dinheiro mais barato, e dessa forma possibilitar que mais pessoas físicas e jurídicas tomassem crédito. Naturalmente, ninguém iria tomar dinheiro emprestado, pagar juros, para deixar parado, não é mesmo? Esse dinheiro foi injetado na economia, seja por quem tomou empréstimo por necessidade, ou por aqueles que aproveitaram a oportunidade dos juros mais baixos para realizar determinados projetos, e com isso a economia se movimenta, o que, por sua vez, quando vemos os juros mais altos, vai na contra mão disso: tomar crédito, fazer empréstimo fica menos atrativo, mais caro e, consequentemente, menos pessoas passam a ter dinheiro na mão, movimentando menos a economia e mudando a relação oferta x demanda dos produtos e serviços. E é isso que vemos acontecer agora, a fim de reduzir a inflação, a taxa básica de juros sobe, de forma que gere mais escassez no mercado e pouco a pouco derrube a inflação, procurando manter num patamar mais saudável para a nossa economia.
Com a selic alta ou baixa surgem oportunidades também, mas claro, isso depende dos olhos de quem vê. Entre agosto e março, por exemplo, orientei vários clientes a renegociar a taxa de juros do financiamento imobiliário deles, o que foi totalmente possível fazer nesse período, e a maioria expressiva teve êxito nesse processo, afinal, com a taxa selic mais baixa, abriu espaço e tornou possível essa redução acontecer. Isso causa um impacto grande na projeção dos custos da operação, uma vez que se trata de um financiamento de longuíssimo prazo, na maior parte dos casos, reduzindo de forma bastante positiva o valor da parcela mensal.
Mas calma, se você não aproveitou essa oportunidade, ainda tem alguma possibilidade de conseguir renegociar os juros do seu financiamento imobiliário, naturalmente, as possibilidades se reduziram, pois com a retomada da selic, a margem para ajuste na taxa ficou mais apertada e, no momento, a possibilidade é mais plausível apenas para quem ainda tem uma taxa realmente alta no seu financiamento, diferente do período anterior que citei, em que até as pessoas que tinham uma taxa digamos que mais intermediária, tinham uma ótima oportunidade de negociar, devido à taxa selic mais baixa e bem favorável a isso.
E nos últimos dias alguém me perguntou algo como: “então quer dizer que com o aumento da selic os meus investimentos na renda fixa rendem mais?” Isso mesmo, é verdade. Porém, muito provavelmente com a selic mais alta, a inflação também deve estar alta, ou seja, os investimentos rendem mais, porém você está gastando mais na prateleira do supermercado, no combustível, etc.
Por fim, a perspectiva para a taxa Selic segue de alta, e muito provavelmente ela deve terminar o ano entre 7 e 8%, seguindo firme com o objetivo de domar a inflação.