O reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Marcelo Carneiro Leão, afirmou, durante entrevista à Rádio Jornal nesta quarta-feira (12), que a instituição terá que fazer cortes na área de custeio por causa da redução de R$ R$ 1.000.943.150 (-18,16% em relação a 2020) no orçamento discricionário das universidades federais em 2021.
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De acordo com o reitor, a UFRPE teve um corte da ordem de 21%. Com o que foi liberado, 40% está liberado e 60% está contingenciado. "Isso significa que, somente com autorização do Congresso Nacional, a gente poderá executar esses outros 60%. Em cima desse orçamento, já com os cortes, o MEC efetivou uma normativa bloqueando 3,8%", contou.
O professor explicou que o orçamento é dividido em investimento e custeio. Leão disse que a instituição federal tinha uma verba de R$ 17 milhões, mas que atualmente está em R$ 42 mil. "É praticamente zero. E no custeio, esse é mais problemático ainda porque investimento a gente pode paralisar, mas custeio é água, energia, bolsa estudantil, pagamento de terceirizado, e infelizmente a gente vai ter que cortar serviço, vai ter que fechar algumas situações e o mais grave é que, quando a gente corta bolsa ou diminui os postos de terceirizados, isso significa que são famílias que provavelmente vão ser demitidas, porque esses postos terceirizados são empresas que a gente contrata. Isso tem um impacto social muito grande", disse.
No dia 3 de maio de 2021, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) emitiu um alerta à sociedade sobre os cortes, que afeta as 69 universidades federais do Brasil.
"Mesmo em meio a tamanha dificuldade orçamentária, a rede de universidades federais tem se recusado a parar. Com ajustes que já chegaram ao limite, redução de despesa resultante da prevalência das atividades remotas, ao contrário, temos mantido nossas ações e nossa estrutura a serviço dos brasileiros, sobretudo, na luta diária contra o Coronavírus. Além do ensino, pesquisa e extensão, da formação de milhares de profissionais altamente qualificados, as universidades têm se dedicado às questões humanitárias que permeiam esse grave momento global. Não paramos nem um dia", diz a nota.
A Andifes ressaltou a importância das universidades federais, que "têm se recusado a parar". "Com ajustes que já chegaram ao limite, redução de despesa resultante da prevalência das atividades remotas, ao contrário, temos mantido nossas ações e nossa estrutura a serviço dos brasileiros, sobretudo, na luta diária contra o Coronavírus. Além do ensino, pesquisa e extensão, da formação de milhares de profissionais altamente qualificados, as universidades têm se dedicado às questões humanitárias que permeiam esse grave momento global. Não paramos nem um dia", pontua.
Por fim, a associação afirma que "reduzir ou paralisar nossas atividades não é uma opção. Seria o mesmo que impor uma punição aos brasileiros, já tão agastados com a pandemia. Rever valores, conceitos e prioridades é o caminho para o qual conclamamos as autoridades".
De acordo com o reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, as instituições estão se mobilizando para ir até o Congresso Nacional "para tentar uma recomposição desse orçamento".
Na região Sudeste, uma das maiores instituições do País, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) informou que corre risco de paralisar as atividades porque só terá R$ 299 milhões no orçamento, R$ 87 milhões a menos do que 2020.