Dois anos atrás a estudante Helena Garcia, 16 anos, declamou publicamente uma poesia sua para colegas, professores e funcionários da Escola de Referência Professor Ernesto Silva, localizada em Rio Doce, Olinda, no Grande Recife. Participava da terceira edição do Sarau Erempes, evento que estimula os alunos do ensino médio do colégio a mostrarem seus talentos na música, na escrita e na dança e os faz pesquisarem e refletirem sobre a importância da arte e da cultura. Nesta sexta-feira (27) acontece o quinto sarau, desta vez no formato remoto por causa da pandemia de covid-19. Helena será novamente uma das participantes, agora como autora de um livro que reúne contos escritos por 17 jovens mulheres brasileiras.
"Sempre gostei de escrever, mas não me via como escritora. O sarau de 2019 foi importante porque justamente naquele momento me reconheci como escritora. As pessoas prestaram atenção no que eu escrevi, se identificaram. Minha arte já não era só minha e sim do mundo", comenta Helena, hoje cursando o 3º ano do ensino médio. "Infelizmente minha geração não tem muito o costume da leitura. Mas percebi que consegui inspirar colegas e mostrar a eles a beleza da escrita, da literatura, da poesia", ressalta a adolescente. O livro Meninas que Escrevem, resultado de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para empoderar adolescentes no mundo, será lançado no sarau. Solstício é o nome do conto de Helena.
Professor de história e filosofia da escola, Fernando Chile é um dos organizadores do evento. "O sarau é um convite para que os nossos alunos mostrem seus talentos, amplifiquem sua vozes, coloquem no palco sua arte. No contexto pedagógico é uma atividade que contribui na formação do pensamento, no estímulo à leitura e produção textual", destaca Chile. Além das apresentações dos estudantes haverá bate papo com convidados como a poetisa Cida Pedrosa, o artista plástico Leonardo Luna, o poeta Luiz Carlos Dias e os músicos Isaac Sete Cordas, Paulo Guimarães e Edinaldo Nascimento.
A escritora mineira Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é a homenageada. "Os alunos conheceram escritores e poetas modernos e antigos. Escreveram textos. Aprenderam sobre a vida e obra da escritora Carolina de Jesus. O sarau favorece a leitura, a escrita e o relacionamento interpessoal. E rende relatórios, debates e pesquisas", complementa o professor de português Manoel Sales.
A coordenadora de apoio Andreia Heliodoro ressalta o protagonismo que o sarau desperta. "Mexe com toda a escola. Muitos alunos que são tímidos acabam se revelando. Teremos declamação de poesia, dança, música, tudo de forma remota. Mesmo a escola estando com aulas presenciais, preferimos realizar o sarau virtualmente para garantir a segurança sanitária e oportunizar que todos participem, estudantes que estão vindo presencialmente e os que permanecem em casa por terem comorbidades", explica Andreia, que juntamente com a coordenadora da biblioteca, Dulce Acioli, vibra com o evento.