A saída de Milton Ribeiro do Ministério da Educação (MEC), nesta segunda-feira (28), diante das denúncias de liberação de verbas federais por meio de negociações junto a pastores, está longe de resolver os problemas da educação brasileira. Para o Movimento Todos pela Educação, o atual governo federal "tem conduzido uma gestão educacional marcada pela falta de planejamento, descontinuidade de políticas relevantes, ausências e omissões, perante os desafios brasileiros, e enfraquecimento institucional do MEC e suas autarquias".
Por meio de nota, o Todos pela Educação ressaltou que "a simples troca de ministros está longe de resolver o problema. Ao contrário, a mudança não pode simplesmente ser uma saída para evitar maior desgaste ao presidente Bolsonaro em ano eleitoral e servir tão-somente para esfriar o tema e as investigações. As denúncias que levaram à queda do ministro precisam ser devidamente apuradas até o fim, com a responsabilização de todos os eventuais envolvidos", diz a entidade.
E continua: "É um ultraje que recursos tão necessários para a Educação, profundamente impactada por quase dois anos de fechamento das escolas durante a pandemia, possam servir a objetivos eleitoreiros do presidente da República. Há muito o que ser feito na Educação Básica e, infelizmente, isso não tem sido prioridade para o Ministério da Educação", destaca o Todos pela Educação.
O movimento enfatiza ainda que a atual gestão federal "promove o avanço de pautas extremamente preocupantes (como a educação domiciliar e a militarização das escolas) e conflitos frequentes com Estados, municípios, Congresso Nacional e outros atores do setor educacional".
E critica a atuação do MEC: "Já são mais de três anos que deixaram evidente que a prioridade do MEC neste governo está longe de ser a formulação e a implementação de políticas públicas que busquem a melhoria da qualidade da educação".
Sobre o futuro, o Todos pela Educação afirma que "um próximo governo terá dificuldades adicionais tendo em vista o desmonte, a ineficiência e o uso distorcido da pasta para propósitos não educacionais promovidos nos últimos anos".
Por fim, a nota da entidade destaca que "sem uma gestão qualificada no MEC até aqui, parece pouco plausível que possamos ter um quadro diferente após a saída de Milton Ribeiro. Resta-nos seguirmos firmes na cobrança das investigações e no alerta contra os equívocos permanentes que têm marcado a condução do MEC sob Jair Bolsonaro".