Seis em cada 10 estudantes do Recife do 9º ano do ensino fundamental já experimentaram bebida alcóolica. E dois, de cada 10 alunos da capital pernambucana, fumaram pelo menos uma vez. E uma em cada quatro jovens dessa série já teve relação sexual. É o que mostra a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira (13).
O estudo, realizado em todas as capitais brasileiras, traz indicadores em 14 temas, incluindo cigarro, álcool, outras drogas, segurança, saúde mental, saúde sexual e reprodutiva e alimentação, entre outros temas. Faz um comparativo entre quatro edições da pesquisa, em um intervalo de uma década. Há dados dos anos de 2009, 2012, 2015 e 2019.
Como são estudantes do 9º ano do ensino fundamental, o grupo inclui adolescentes com idades médias entre 13 e 15 anos. O estudo é realizado em parceria com o Ministério da Saúde e o apoio do Ministério da Educação (MEC).
Conforme a pesquisa, em 2019, 61,3% dos estudantes do Recife já haviam tomado uma dose de bebida alcoólica alguma vez na vida. Esse percentual era 49,9% em 2012. Não há o dado de 2009 porque essa pergunta não fez parte da pesquisa naquele ano.
Outro dado que chama a atenção é que 27,6% dos adolescentes ficaram bêbados ao menos uma vez, segundo a PeNSE de 2019. A embriaguez entre os estudantes do Recife no último ano do ensino fundamental aumentou em uma década: em 2009 o índice era de 20,9%.
Ainda em 2019, 11,5% tiveram problemas com família ou amigos porque tinham bebido, o maior índice da série histórica, que marcou 9,7% em 2009, 9,6% em 2012 e 6,4% em 2015. Esse índice, entre os alunos da rede pública (20,9%), superou os da rede privada (16,1%).
Em 2019, o consumo de cigarro entre os jovens do 9º ano voltou a subir aceleradamente, informa o IBGE: 22,7% tinham fumado cigarro alguma vez na vida, praticamente uma volta ao patamar de 2009, quando 22,8% haviam tragado algum cigarro. O índice havia baixado para 20,1% em 2012 e 11,9% em 2015.
Quando se observa o percentual por rede, verifica-se que em 2019 a quantidade de adolescentes que fumaram pela primeira vez antes dos 13 anos de idade é mais que o dobro na escola pública, se comparado com a escola particular. A pesquisa mostra que 28% dos alunos da rede pública tinham fumado, contra 11,6% dos que estavam na rede privada.
Moda entre os adolescentes, o cigarro eletrônico já foi experimentado por 19,5% dos estudantes em 2019. Já o narguilé tinha sido provado por 15,8% dos entrevistados neste mesmo ano.
Quando perguntado onde conseguiram cigarro, 38,2% responderam que compraram em loja, bar, botequim, padaria ou banca de jornal. Por lei, menores de 18 anos de idade não podem comprar cigarro no Brasil.
Em relação a experimentar drogas ilícitas, 12% dos alunos do Recife já haviam usado em algum momento da vida, conforme índice de 2019. Dez anos antes, em 2009, eram 10%. No recorte por rede de ensino, mais uma vez a proporção é bem maior entre os adolescentes de escolas públicas: 14,8%, quando na rede privada foram 6,3%.
Em 2019, 24,5% dos estudantes recifenses do 9º ano informaram já ter tido relação sexual alguma vez. O número é menor que o observado dez anos atrás. Em 2009 esse índice era de 29,3%.
Os adolescentes estão menos cuidados em relação à proteção. Entre os estudantes que já haviam iniciado a vida sexual, o IBGE informa que 55,8% disseram que ao menos um dos parceiros usou camisinha na última relação. Mas esse percentual diminuiu em relação a edições anteriores da pesquisa: em 2009 era de 66,7%; em 2012, 64% e em 2015, 62,6%.
Outro dado que chama a atenção: entre as garotas recifenses do 9º ano que já tiveram relações sexuais em 2019, 12,9% informaram ter engravidado alguma vez, praticamente o dobro da média nacional (6,5%). Preocupa também o crescimento de adolescentes grávidas, pois em 2015, na capital, só 7,2% tinham engravidado, ou seja, subiu quase 100%.