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UFPE completa 76 anos com desafio de se manter diante de corte de verbas

UFPE celebra 76 anos de criação nesta quinta-feira (11), com diversas atividades. Orçamento deste ano teve corte de R$ 12 milhões. Comunidade acadêmica tem cerca de 47 mil pessoas

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 10/08/2022 às 18:10 | Atualizado em 10/08/2022 às 18:19
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Com comunidade acadêmica formada por 47 mil pessoas, UFPE está entre as 10 melhores universidades do País. Desafio é manter-se frente aos cortes de verbas federais - FOTO: DAY SANTOS/JC IMAGEM
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Com uma comunidade acadêmica formada por cerca de 47 mil pessoas, entre professores, alunos, técnicos e terceirizados, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) completa, nesta quinta-feira (11), 76 anos de idade.

Um dos principais desafios da instituição septuagenária é manter as atividades de ensino, pesquisa e extensão diante do corte de verbas do governo federal. Somente esse ano a universidade deixará de receber R$ 12 milhões da União.

"É motivo de celebração a UFPE alcançar 76 anos, sobretudo em face das dificuldades orçamentárias e da descontinuidade de políticas públicas que temos enfrentado", ressalta o reitor, Alfredo Gomes. A universidade tem câmpus no Recife, Vitória de Santo Antão (Zona da Mata) e Caruaru (Agreste).

Durante essa quinta-feira estão programadas várias atividades para marcar o aniversário da universidade. Uma delas será a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, divulgada pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Em todo o País será feita a leitura da carta, em diversas instituições, justamente nesse 11 de agosto, data em que se comemora a criação dos primeiros cursos de direito do Brasil e o Dia do Estudante.

Na UFPE a leitura será em dois momentos: às 10h30, na Concha Acústica Paulo Freire, no câmpus Recife; e às 11h30 na escadaria da Faculdade de Direito do Recife, na Boa Vista, área central da capital.

AJUSTES

Segundo Alfredo Gomes, foi preciso reduzir contratos em diversas áreas para conseguir pagar as contas. Somente na segurança não houve corte. "Fizemos muitos ajustes, diminuímos contratos, reduzimos editais. Não vamos parar a universidade, mas a partir de novembro o desafio de manter a UFPE será maior diante do déficit de 12 milhões de reais no nosso orçamento", ressalta o reitor. "Há um grande esforço para honrar os compromissos com todos os fornecedores", complementa.

Nacionalmente, o reitor lembra que está havendo uma grande mobilização entre os reitores das universidades e institutos federais para que o orçamento de 2023 seja com menos perdas. E que um projeto de lei seja aprovado ainda este ano a fim de repor os cortes da União.

A UFPE tem cerca de 40 mil estudantes de graduação e pós-graduação. Há ainda 400 alunos do Colégio de Aplicação. São 2.555 professores e 3.400 técnicos.

"Cortamos entre 20% e 25% nas despesas de contratos de portaria e manutenção da infraestrutura. Não mexemos na segurança porque é estratégico para a universidade. Também não houve cortes na assistência estudantil", explica Alfredo.

A UFPE investe mensalmente R$ 2,7 milhões em assistência estudantil, com bolsas diversas, contemplando 5 mil universitários.

Além dos cortes nos contratos, a diminuição de recursos repercute nas instalações físicas pois há menos investimentos na manutenção.

"Sofremos, por exemplo, com as últimas chuvas. Os telhados do CAC (Centro de Artes e Comunicação) e do CCEN (Centro de Ciências Exatas e da Natureza) precisam de reparos, por exemplo", diz o reitor.

Uma boa notícia é que a UFPE conseguiu aprovar um edital na Finep, na ordem de R$ 10 milhões, para iniciar a implementação do parque tecnológico no antigo prédio da Sudene.

Serão ocupados três dos 13 andares do prédio, que foi cedido para a UFPE e fica ao lado da reitoria, no câmpus Recife. O reitor estima que o dinheiro seja liberado até o final do ano.

"A UFPE está entre as 10 melhores e maiores universidades do Brasil. Temos um corpo docente muito qualificado, com pelo menos 90% de doutores. Nosso corpo técnico também é muito bom. A grande preocupação é garantir a permanência dos estudantes e a manutenção da qualidade do ensino diante das restrições no orçamento", pontua Alfredo. Só na graduação são cerca de 34 mil estudantes, conforme o reitor.

ASSISTÊNCIA

"Um dos desafios da UFPE é atender um público tão grande de estudantes que voltaram de uma pandemia. Isso no sentido de ter assistência estudantil e apoio psicológico" observa a vice-presidente da UNE em Pernambuco e aluna de pedagogia, Débora Silva. 

"Outro é manter a universidade de pé frente aos cortes federais. Por mais que tenhamos uma gestão que dialogue com os estudantes, os cortes são imensos e implicam diretamente no funcionamento da universidade. Hoje temos por exemplo menos bebedouros e o Restaurante Universitário fechado", diz Débora.

Alfredo Gomes preferiu não estipular prazo, mas garante que a reabertura do RU é prioridade da gestão. Ele espera que no segundo semestre letivo, previsto para começar no fim de outubro, o restaurante volte a funcionar. O prédio está em reforma e deve ficar pronto em setembro. Falta licitar a empresa que vai assumir o RU.

"Temos que comemorar porque a UFPE é uma instituição pública de ensino, mas a estrutura não merece comemoração. São muitos problemas. No meu curso, o ginásio principal e outras quadras não dispõem de iluminação de qualidade. Dificuldades que se repetem em outros cursos, com laboratórios precisando de manutenção, equipamentos quebrados", comenta o presidente do Diretório Acadêmico de educação física, Gabriel Arruda.

"Costumamos dizer que difícil é ser aprovado e ingressar na UFPE. Mas hoje difícil mesmo tem sido permanecer estudando. Precisamos de melhorias na estrutura e mais assistência estudantil", afirma Gabriel. "A pandemia de covid-19 mostrou o quanto é fundamental investir em ciência. Foi através das vacinas que conseguimos vencer o vírus", enfatiza o estudante.

PROGRAMAÇÃO

Veja a programação de aniversário dos 76 anos da UFPE nesta quinta-feira, no câmpus Recife

Concha Acústica Paulo Freire
10h30 – Leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito

Escadarias da Faculdade de Direito do Recife, na Boa Vista
11h30 – Leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito e da Carta aberta aos professores (as), servidores (as) e estudantes da Faculdade de Direito do Recife

Concha Acústica Paulo Freire
12h – Orquestra Experimental de Frevo da UFPE

16h – Solenidade de entrega das medalhas comemorativas dos 75 anos da UFPE, que encerra as homenagens alusivas ao período

18h – Apresentação MPB Sinfônico com a Orquestra Sinfônica da UFPE e convidados

Em frente ao Centro de Artes e Comunicação
18h30 – Atividade cultural

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