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Por Mirella Araújo e equipe
LEITURA

No Brasil, 2/3 dos alunos leem textos com no máximo dez páginas

Dentre os países da América do Sul, o Brasil é o que possui o menor índice de estudantes que leem mais de 100 páginas (9,5%)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 30/11/2023 às 9:19
Apesar de a maioria não ler textos longos, o estudante brasileiro relata ler por prazer mais do que alunos de outros países - NE10

Dois terços (66,3%) dos estudantes brasileiros de 15 e 16 anos disseram que o texto mais longo que leram no ano letivo não ultrapassou 10 páginas. Para uma parcela significativa (19,6%), a leitura foi de uma página ou menos.

Esses dados são de um estudo do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) em parceria com a Árvore, plataforma gamificada de leitura, com base nos resultados de 2018 da prova do Pisa. A avaliação é aplicada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Dentre os países da América do Sul, o Brasil é o que possui o menor índice de estudantes que leem mais de 100 páginas (9,5%). No Chile, o índice é de 64%. Na comparação com os demais sul-americanos da lista, o Brasil lidera, com folga, o ranking de estudantes cuja última leitura do ano não ultrapassou uma página.

Na Argentina, o 2º pior, o índice foi de 7,28%, ante 19,6% por aqui. Os brasileiros, porém, estiveram entre os que fazer mais leituras por prazer - e não por obrigação.

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"Esses dados são preocupantes e precisam ser analisados com cautela, pois podem indicar falta de estímulo à leitura dos estudantes brasileiros, seja na escola ou em casa, por suas famílias", escreveram os pesquisadores. "Essa falta de familiaridade e/ou interesse pela leitura pode causar grandes prejuízos a esses estudantes, uma vez que o hábito leitor tem influência não só na proficiência em leitura, mas também em outros resultados educacionais e socioeconômicos."

A análise mostra que um terço dos estudantes (33%) que leem textos longos (com mais de 100 páginas) alcançou pelo menos o nível 3 em Leitura, Matemática e Ciências no Pisa 2018. Já entre os que leem pouco (menos de uma página), apenas 6% conseguiram esse mesmo resultado.

PRAZER DA LEITURA

Por outro lado, o estudo mostra que, apesar de a maioria não ler textos longos, o estudante brasileiro relata ler por prazer mais do que alunos de outros países. A taxa daqueles que fazem leituras por prazer por mais de duas horas é de 9,6%, ante 5,8% da média dos integrantes da OCDE.

"É importante ressaltar que, por ser um dado declarado, não é possível afirmar que corresponde fielmente à realidade", advertem os pesquisadores. "No entanto, demonstra percepção positiva dos estudantes sobre a leitura, o que é um achado interessante."

 

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