Após a repercussão sobre um jovem do município de Escada, na Mata Sul de Pernambuco, ter alcançado a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, uma denúncia foi apresentada contestando o resultado. Dos 60 candidatos que tiraram nota mil na redação nesta edição, dois são de Pernambuco.
Um desses candidatos é Igor Kleyverson da Silva, de 23 anos, ex-aluno do curso preparatório Fábrica Concurso, que chegou a postar um vídeo nas redes sociais onde o rapaz mostrava as notas altas obtidas obtidas nas redação e nas demais áreas de conhecimento do exame.
No entanto, na noite dessa quarta-feira (17), Igor veio a público explicar que depois de tomar conhecimento de que estaria sendo investigado por fraude, ele acessou a Página do Participante e constatou que as notas não eram as mesmas que ele havia divulgado anteriormente. O participante pernambucano, na realidade, tirou 680 pontos na redação do Enem 2023.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) negou a possibilidade do sistema ter realizado alterações posteriores à divulgação oficial das notas dos candidatos. Os resultados foram disponibilizados desde a terça-feira (16) pelo Ministério da Educação (MEC), confirmando também que a nota que consta no sistema é 680 pontos e não a nota máxima de mil.
Por nota, enviada a reportagem, o Inep informou que “a base de dados com os resultados das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023 é a mesma desde a publicação no ambiente de administrador da Página de Participante, que ocorreu em 15 de janeiro de 2024 para a divulgação realizada no dia seguinte”.
“NÃO TENHO NADA A ESCONDER”
Em conversa com a reportagem do JC, Igor Kleyverson afirmou que o diretor do curso preparatório para o Enem tinha entrado em contato com a sua irmã para falar sobre a denúncia de que ele poderia ter fraudado os resultados das provas.
“Ninguém da minha família estava sabendo de nada. Minha irmã chegou desesperada em casa, perguntando o que tinha acontecido. Eu disse que não sabia, mas que poderia ver o que houve. Quando abri o site, realmente as notas estavam abaixo do que eu tinha postado”, explicou.
Diante das supostas divergências de notas, Igor procurou um advogado e já encaminhou uma requisição ao Inep para solicitar os devidos esclarecimentos. O candidato pernambucano disse acreditar que o caso pode se tratar de um erro na plataforma da autarquia do MEC ou seja fruto de um possível “ataque hacker”.
“Nós estamos aguardando uma resposta. Essa repercussão tem sido desastrosa, desde ontem não consigo comer direito, minha mãe está sem dormir. Todos nós estamos muito apreensivos e querendo saber o que realmente ocorreu”, pontuou Igor Kleyverson.
Questionado sobre o fato de não ter aberto a página com as notas na frente do diretor do curso preparatório, o rapaz explicou que foi por uma questão de segurança, para preservar sua senha de uso pessoal. “Mas eu interagi com o site enquanto ele estava aqui", destacou.
O jovem de 23 anos também publicou dois vídeos na internet comentando a respeito do ocorrido. “Estou dando minha cara a tapa porque não tenho nada a esconder”, declarou.
DIRETOR AGUARDA POSICIONAMENTO DO INEP
O diretor do Fábrica Concursos, Gabriel Véras, também conversou com a reportagem do JC. Ele disse que ao saber do resultado de que um ex-aluno teria tirado nota mil na redação do Enem, toda equipe ficou eufórica com a notícia.
“Prontamente, eu como diretor, a minha obrigação era justamente entrar em contato para saber. Só que até então, eu não queria que ele dissesse que era mil, eu queria só ‘perguntar por alto’ como se eu não tivesse a informação. Estava muito eufórico, porque um mil mudaria o patamar da minha cidade, Escada, e também o patamar do curso”, afirmou Gabriel.
O diretor contou que na ocasião, Igor topou participar de um vídeo para falar sobre o resultado alcançado. “Quando cheguei no Fábrica, liguei para outras pessoas que também fazem parte da empresa, e outros dois alunos para acompanhar essa movimentação. Fizemos fotos, vídeos, gravações, mas já começamos a sentir o Igor um pouco nervoso”, disse.
Ele contou ainda que quando deixou o ex-aluno em casa, conversou com os pais dele, e depois foi convidado para ver a nota no computador de Igor, que já estava com a Página do Participante aberta. “Nessa hora que entrei no quarto, eu vi a nota mil ali. Então para mim, eu já tinha a prova dos nove e foi na hora que gravei o vídeo com ele para provar que estava tudo certinho”, completou.
Em meio aos comentários sobre uma possível troca de notas, Gabriel Véras entrou em contato com a irmã de Igor para que ela pudesse verificar o que estava acontecendo. Agora, a equipe jurídica do curso aguarda um retorno do Inep sobre o caso. “Nós vamos enviar o e-mail para o Inep nesta tarde, para ter uma resposta sobre como de fato foram essas notas”, disse o gestor.