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Por Mirella Araújo e equipe
TECNOLOGIA

Especialistas debatem uso de Inteligência Artificial com propósito na Educação Básica

O diálogo sobre como inserir a IA com propósito na Educação Básica em escolas privadas e públicas é um dos pontos centrais da Jornada Bett Nordeste

Cadastrado por

Mirella Araújo

Publicado em 25/07/2024 às 13:21
Um dos questionamentos é se os professores estão confortáveis e capacitados para utilizar tecnologias baseadas em IA - © Rawpick/Freepick

A evolução das inteligências generativas nos últimos anos, como o ChatGPT, introduziu um novo elemento no contexto da educação, levantando discussões sobre a adoção de Inteligência Artificial (IA) nas salas de aula. No entanto, implementar esses recursos de maneira eficaz não é tarefa simples.

Um dos questionamentos que coloca em xeque a efetividade da implementação de inovações é se os professores estão confortáveis e capacitados para utilizar tecnologias baseadas em IA em suas práticas pedagógicas. Além disso, há a questão da autonomia plena para utilizá-las.

Tanci Simões, analista educacional da CESAR School, avalia que um dos principais impactos da IA para os professores é a possibilidade de aliviar a carga de trabalho associada à natureza da profissão e ao volume de atividades relacionadas ao ensino e aprendizagem. No entanto, a capacitação dos docentes continua sendo uma preocupação constante.

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“Ferramentas baseadas em IA generativa que possam apoiar o planejamento, a produção das aulas e o processo de avaliação da aprendizagem representam oportunidades significativas. Por outro lado, os desafios concentram-se nas limitações inerentes às ferramentas e à capacidade dos professores em utilizá-las plenamente, uma vez que estes não têm oportunidades suficientes de formação para se apropriarem dos recursos e funcionalidades oferecidos. Isso afeta diretamente o quanto se sentem confortáveis para adotá-los no dia a dia”, afirma Tanci.

Ela ressalta que os professores não possuem um conhecimento sólido sobre elementos de design educacional que poderiam potencializar ainda mais o uso da IA generativa, explorando seus recursos de maneira inovadora e criativa. Tanci enfatiza que os professores precisam dominar respostas para questões como: “Como definir objetivos de aprendizagem? Como combinar metodologias de ensino com tipos de conteúdo? Quais recursos educacionais são mais eficazes para objetivos de aprendizagem específicos e conteúdos apresentados? E quais estratégias de ensino e processos avaliativos devem ser adotados?”.

Rafael Ferreira Leite de Mello, pesquisador sênior e coordenador dos cursos de Mestrado e Doutorado do CESAR School, assim como professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), opina que a IA é uma ferramenta que pode potencializar o aprendizado dos alunos ao integrar práticas pedagógicas já estabelecidas pelos professores.

"A Inteligência Artificial surge como uma ferramenta poderosa para aprimorar o que os professores já fazem em sala de aula. Historicamente, as turmas eram menores, com 30 ou 40 alunos, mas hoje, em cursos online, esse número pode chegar a 100 ou 150 alunos. Como os professores conseguem gerenciar tantos alunos? A IA entra em cena para analisar dados e oferecer suporte ao professor, como no envio de feedback e na correção de questões específicas. É um suporte importante e não uma ferramenta automatizada que substitui o professor no processo”, afirmou Mello.

Ele destaca que a IA e outras tecnologias educacionais devem ser pensadas dentro de um contexto mais amplo de apoio ao professor. “É crucial entender a IA como uma ferramenta no processo de ensino/aprendizagem, e não apenas para resolver tarefas administrativas, permitindo que o professor se concentre mais no ensino. Caso contrário, isso pode gerar frustração. A IA precisa ser incorporada de maneira eficaz no design do curso e na prática pedagógica para potencializar seu uso”, comenta.

IA com Propósito na Educação Básica

O debate sobre a inserção da IA com propósito na Educação Básica, tanto em escolas públicas quanto privadas, é um dos focos centrais da Jornada Bett Nordeste, que acontecerá nos dias 4 e 5 de setembro em Recife. Organizado pela Bett Brasil, o evento terá como tema principal para os painéis de debate: “Inteligência Artificial (IA) e Inteligência Emocional (IE) na educação: o que devemos aprender?”.

Luciano Meira, coordenador de Ciência e Inovação da Proz Educação e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é um dos palestrantes convidados da Jornada Bett Nordeste. Ele participará do painel de encerramento do evento ao lado do diretor-presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, e da professora do departamento de Psicologia da UFPE, Marina Pinheiro.

Meira destaca que o uso da inteligência artificial na educação pode contribuir significativamente para a melhoria do trabalho educacional. No entanto, ele enfatiza que é essencial observar e entender que este é um momento de experimentação.

“Atualmente, os grandes modelos de linguagem, os LLMs, como o ChatGPT e outras soluções semelhantes, são capazes de realizar correções, seguindo critérios que ensinamos a eles. Há muitas possibilidades interessantes para explorar e ensinar a essas soluções. Não se trata apenas de fazer perguntas ao ChatGPT. Na verdade, devemos instruí-lo sobre que tipo de resposta desejamos, com que nível de correção e sofisticação”, comenta o coordenador de Ciência e Inovação da Proz Educação.

Ambos os especialistas da CESAR School também participarão como palestrantes convidados na Jornada Bett Nordeste, nos painéis “IA na Educação: Transformando o Aprendizado” e “O Futuro da Educação: Práticas Inovadoras com o Uso da Inteligência Artificial”, respectivamente.

 

 

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