Enem 2024: Estudantes precisam estar atentos à emergência climática e enfrentamento das queimadas
O professor de Geografia do Colégio Saber Viver, Emmanuel Campelo, explica que é muito comum as questões do Enem virem de forma transdisciplinar
A preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será aplicado nos dias 3 e 10 de novembro de 2024, exige que os candidatos tenham um amplo repertório sociocultural, mas que este acervo não serve apenas para desenvolver o tema da redação.
Estar atento aos principais debates, tanto em nível nacional quanto internacional, a exemplo das mudanças climáticas e as consequências de seus fenômenos, também pode ajudar os alunos a desenvolverem a habilidade de interpretar e resolver problemas nas demais disciplinas. No primeiro dia de prova do Enem, os candidatos vão se deparar com questões referentes às matérias de Ciências Humanas, Linguagens e Redação.
Fatos como as queimadas históricas na Amazônia e os incêndios recorrentes que atingem as regiões do Sudeste e do Centro-Oeste do país, estão diretamente ligados a temas como meio ambiente, desmatamento e os impactos da poluição na nossa saúde.
O professor de Geografia do Colégio Saber Viver, Emmanuel Campelo, explica que é muito comum essas questões virem de forma transdisciplinar; por isso, os estudantes precisam se manter atualizados sobre o que vem ocorrendo no Brasil.
“O que ocorre muitas vezes é que você tem uma questão de climatologia atrelada a uma de meio ambiente também. Ultimamente, como os fatores climáticos vêm influenciando bastante a questão ambiental, a expectativa da gente é que a prova do Enem venha a abordar esse tema”, explicou o docente.
No caso do Sistema Seriado de Avaliação (SSA) da Universidade de Pernambuco (UPE), que também utiliza questões relacionadas aos assuntos de meio ambiente, climatologia e vegetação, é esperado que as temáticas sejam abordadas dentro da atualidade climática e de forma mais aprofundada, por se tratar de uma prova conteudista.
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) divulgou um levantamento que mostra que as queimadas, que já atingiram 2,4 milhões de hectares na Amazônia, entre junho e agosto deste ano, emitiram 31,5 milhões de toneladas de CO2. Esse número representa um aumento de 60% se comparado ao mesmo período do ano de 2023.
“A gente vem sofrendo com essas mudanças climáticas já há um tempo. O planeta já vem dando sinais de mudanças e, nos últimos três anos, o Brasil vem passando por situações bem catastróficas em relação à questão das queimadas que vêm ocorrendo”, destacou Campelo.
Debate em sala de aula
Para o professor de Geografia do Colégio Saber Viver, os adolescentes têm conseguido trazer essas temáticas para dentro da sala de aula. Muito tem sido discutido sobre os processos de investigação a respeito das causas dessas queimadas.
A doutora em geociências Renata Libonati, responsável pelo sistema Alarmes, afirmou que “de todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio”.
“Todos os outros 99% são originados por ação humana. Desde maio até agora, não houve nenhuma ocorrência no Pantanal de incêndio iniciado por raio. Isso é monitorado por satélite e com dados de descargas atmosféricas”, afirmou a pesquisadora em entrevista à Agência Brasil, nesta sexta-feira (20).
O sistema Alarmes é um monitoramento diário por meio de imagens de satélite e emissão de alertas sobre a presença de fogo na vegetação. “Todos esses incêndios, mesmo que não tenham sido intencionais, são de alguma forma criminosos”, afirmou Renata Libonati.
O professor Emmanuel Campelo explicou que essa é uma outra abordagem que pode ser feita pelos alunos, com o intuito de discutir a ampliação de áreas de fronteiras agrícolas e a expansão da atividade agrária. “E aí, os alunos, em sala de aula, trazem muito do que conseguem absorver das redes sociais e dos noticiários para tirar dúvidas sobre o que está acontecendo, percebendo que é uma temática que acaba abordando outras disciplinas, como biologia, por exemplo”, disse o docente.
Repertório Social
A aluna Mariana Campos, de 16 anos, está no 2º ano do ensino médio e irá fazer o Enem na modalidade de treineira. Ela conta que tem acompanhado todas as informações sobre as mudanças climáticas e, mais recentemente, sobre os recorrentes episódios de queimadas no país. Segundo a estudante, o assunto não fica restrito à disciplina de Geografia.
“Grande parte do que está ocorrendo é culpa da ação do homem. Então é um assunto importante tanto para a nossa pauta de estudos, quanto como uma questão social. Precisamos saber o que está ocorrendo no nosso país e o que podemos fazer para ajudar, qual o nosso papel”, afirmou a aula do Colégio Saber Viver.
Se manter informada pelos veículos de comunicação e levar esse debate para a sala de aula tem sido importante na construção do repertório, seja para um possível tema de redação ou para os enunciados das provas, segundo a aluna Maria Eduarda Batista, de 16 anos. "Acho que tanto em Geografia por causa do bioma, quanto em Biologia por causa da flora e fauna, Matemática também pode abordar esse tema com relação as áreas atingidas. A situação atual também traz reflexões sobre como o ser humano está agindo perante a natureza, e isso pode ser discutida em Sociologia e Filosofia", exemplificou a aula do Colégio Saber Viver.