Responsáveis por grande transformação na vida do homem da caatinga, as cisternas estão com implantação mais lenta em 2015.
Em 2015 tem shopping, no caso o Guararapes, que fez decoração de fim de ano inspirada na sustentabilidade. Há até cisterna para captação de água da chuva. Foi falar nisso, e lembrei logo das cisternas instaladas no Sertão. E da seca que atinge o semi-árido pernambucano, onde 68 por cento dos municípios já se encontram em estado de emergência. São 126 que estão em situação difícil, reconhecida pelos órgãos públicos. Pois é diante desse fato que temos duas notícias para dar. Uma boa. E outra ruim.
A boa é que até ontem a Articulação do Semi-Árido (Asa) havia conseguido viabilizar a implantação de 578.336 cisternas domésticas no Nordeste, aquelas que se destinam a assegurar oferta de água por seis meses às famílias da caatinga.Também garantiu 2.123 cisternas em escolas da região, onde antes os alunos não contavam com água potável. E fez 87.881 intervenções, que resultaram em tecnologias para garantir água para as plantações e para o gado. Todas essas iniciativas contribuem para reduzir a dependência que os sertanejos tinham dos políticos, e contribuem para reduzir os efeitos da chamada indústria da seca.
A má notícia é que programas que garantiram transformações de milhares de pessoas no Nordeste e em Pernambuco, estão quase parando. A informação está expressa em documento divulgado essa semana por sete movimentos que atuam no campo, no qual denunciam a redução de repasse de recursos para programas destinados a garantir uma melhor convivência do sertanejo com a seca. No documento, eles denunciam o corte de 65 por cento no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Dizem que o Programa de Cisternas "sofreu cortes severos esse ano". E explicam: "Para se ter idéia, o número de tecnologias para captação de água de chuva construídas até agora é a menor dos últimos doze anos". O PAA - que não é um programa assistencialista como o Bolsa Família - dava dignidade ao sertanejo e ajudava a fixar o homem no campo, evitando migrações para as cidades, cada dia mais inchadas. Já o Programa 1 Milhão de Cisternas, o P1MC, coordenado pela ASA, ajudou a mudar a vida de lavradores do agreste e do sertão, que antes disputavam com o gado a água de barreiros contaminados.
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