COLUNA GRANDE RECIFE

Coronavírus: como lavar as mãos onde não chega água?

Localidades que enfrentam desabastecimento e racionamentos contam como é a luta para se prevenir do vírus

Amanda Azevedo Felipe Vieira
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Amanda Azevedo
Felipe Vieira
Publicado em 17/03/2020 às 22:50 | Atualizado em 17/03/2020 às 22:50
GUGA MATOS/ACERVO JC IMAGEM
Doação visa colaborar com a higiene de pessoas em situação de vulnerabilidade social e evitar a propagação do coronavírus - FOTO: GUGA MATOS/ACERVO JC IMAGEM

Aí a pessoa é bombardeada (com razão, pois a situação exige) pelo WhastApp, meios de comunicação e conversas de roda:

"Tem que lavar as mãos para se prevenir do coronavírus!"

Como destaca o Unicef, "lavar as mãos é uma das maneiras mais baratas, mais fáceis e mais importantes de impedir a propagação de um vírus durante uma pandemia”.

Perfeito para quem tem pia e água potável sempre à disposição. Mas, e para uma enorme parcela da população que enfrenta o drama diário do desabastecimento no Grande Recife?

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Racionamento, vazamentos e obras malfeitas são percalços à chegada da água às residências. Os relatos de falta de água, um dos tópicos mais comuns de reclamações enviadas à Voz do Leitor, do Jornal do Commercio, preocupam ainda mais em tempos de coronavírus.

“Que medidas a Compesa está tomando para colaborar com o controle da pandemia? Água é essencial, até porque as pessoas vão estar mais em casa”, questiona o leitor Luiz Gonzaga.

“Desde 5 de março, os moradores da Rua Dona Maria José do Amaral Leite, em Candeias, Jaboatão dos Guararapes, estão correndo sério risco de contaminação pelo coronavírus. Com a ajudinha da Compesa, não é possível fazer a higienização das mãos, conforme orientação do próprio governo. Se os números aumentarem exponencialmente no bairro, a culpa é da Compesa”, disse o leitor Fábio Silva.

JC e TV Jornal visitaram, nesta terça-feira (17), os bairros do Ibura, na Zona Sul do Recife, o Alto Santa Terezinha, na Zona Norte, além de Jaboatão Velho, em Jaboatão dos Guararapes.

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Com os protocolos nas mãos, Adriano Fonseca, morador da Rua Engenho Noruega, no Ibura, mostrou que já procurou a Compesa várias vezes para denunciar a falta d'água. “A gente vai reclamar, faz protocolo, mas não adianta de nada”, disse à TV Jornal. Em resposta, a Compesa informou que o problema relatado é observado “na parte mais alta da rua e que para resolver a questão estão sendo realizados ajustes operacionais para regularizar a situação”.

Na Rua Tamboara, no Alto Santa Terezinha, nos dias em que há abastecimento, a dona de casa Ana Patrícia vai dormir de madrugada para conseguir armazenar água antes que acabe. “Esse problema já incomodava antes. Ligávamos para a Compesa inúmeras vezes para resolver a situação e não recebíamos respostas. Agora, com o coronavírus, nossa preocupação aumenta. Como vamos lavar direito as mãos e os alimentos, por exemplo, sem água corrente na torneira?”, indagou.

É preciso saber o que a companhia está fazendo especificamente com relação à pandemia do coronavírus.

É inegável que os reservatórios do sistema têm enfrentado problemas com a falta de chuvas, e que racionamentos são duros, mas necessários para que o abastecimento não entre em colapso.

Mas uma satisfação tem que ser dada à população nesses tempos de apreensão causada pelo coronavírus.

Fizemos contato com a Compesa e o espaço está aberto. Prometemos publicar, na íntegra, a resposta.

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