ENTREVISTA

PSB pode promover candidato, mas ajuda de Lula é muito importante, avalia Nara Pavão

Em entrevista concedida à coluna, a cientista política Nara Pavão analisou o comportamento do eleitorado brasileiro diante das eleições deste ano e comentou a política pernambucana

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Augusto Tenório

Publicado em 07/02/2022 às 8:28
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Em entrevista concedida à coluna, a cientista política Nara Pavão analisou o comportamento do eleitorado brasileiro diante das eleições deste ano (confira a entrevista completa). A pesquisadora, professora adjunta da Universidade Federal de Pernambuco, também apresentou sua visão sobre o cenário político pernambucano.

No estado, vive-se um impasse, principalmente envolvendo a Frente Popular. Isso porque o PSB ainda não apresentou oficialmente seu candidato, apesar de tudo apontar o nome de Danilo Cabral, e encontra dificuldades para resolver a disputa pela candidatura ao Senado. O PT, com Humberto, chegou a pleitear a cabeça de chapa, mas entrou na disputa para a Câmara Alta.


Enquanto o PSB segue tratando das indefinições, a oposição se articula. Como adiantou-se nesta coluna, Miguel Coelho (DEM) e Raquel Lyra (PSDB), adversários na disputa pelo Governo de Pernambuco, se encontraram se alinhar sobre a disputa. Eles vão permanecer em palanques separados, mas firmam aliança num eventual segundo turno.

Confira a entrevista com Nara Pavão:

Em Pernambuco, o PSB enfrenta dificuldades para definir o candidato ao Governo. Isso está atrelado a um desgaste após 16 anos no poder ou somente a uma dificuldade de encontrar um candidato natural?

A renovação de quadros partidários é sempre muito difícil, num contexto no qual os partidos são relativamente fracos no Brasil. O PSB até tem uma inserção nacional, mas ele é muito mais forte no estado que nacionalmente.

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Então ele tem sim uma dificuldade, existem brigas e fragilidades internas que dificultam a renovação política. Além disso, há o desgaste, de não ter candidatos viáveis para apresentar. É uma combinação de fatores.

Na pesquisa Vox Populi, diz que Lula tem uma influência muito forte, com 35% do eleitorado dizendo votar com certeza, 26% alegando que poderia votar e 19% afirmando não votar no seu indicado. O apoio do petista seria necessário para o PSB viabilizar seu candidato, diante dessa falta de nomes?

Diria que é importantíssimo, mas não essencial. O PSB é muito forte, tem uma marca, o prefeito e o governo. Ele conseguiria, sim, promover um candidato viável, mas a ajuda de Lula ajuda bastante, porque de fato Pernambuco é um estado onde o lulismo é muito forte. Dessa forma, é muito importante o endosso de Lula.

O contrário acontece com Bolsonaro. Em Pernambuco, 56% do público diz que não votaria no candidato apoiado pelo presidente. Podemos dizer que seu candidato teria a candidatura inviabilizada?

Provavelmente o candidato não vai querer o endosso de Bolsonaro, pois deve estar melhor sem o explícito endosso do presidente. Não devemos ver tanto a imagem de Bolsonaro, pelo menos na disputa ao Governo. Talvez alguma disputa ao senado obrigue isso, mas ao Governo não é vantagem.

A oposição coloca um palanque com Raquel Lyra (PSDB), outro com Miguel Coelho (DEM)... O PSB não tem mais Eduardo Campos, Paulo Câmara não deve ser candidato a cargo eletivo, assim como Geraldo Júlio. Diante da falta de quadros naturais no PSB, não seria o momento de a oposição se unir?

Acho que é viável, porque os candidatos não estão pensando, necessariamente, em ganhar esta eleição. Eles querem se apresentar como candidatos viáveis, quem participa de uma eleição está viabilizando candidaturas futuras.

Apesar de Eduardo Campos não poder participar da campanha, seu legado ainda é muito forte no estado. João Campos, seu filho, se elegeu muito pelo reconhecimento do pai. Paulo Câmara se elegeu pela conexão com Eduardo Campos. Esse legado, assim como o de Miguel Arraes, ainda é forte e consegue viabilizar candidatos.

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