O vereador Dilson Batista (Avante) retirou de pauta o projeto para concessão da Medalha José Mariano a Jair Bolsonaro (PL). Trata-se da maior honraria da Câmara Municipal do Recife. Isso ocorre após reunião do partido, comandado por Sebastião Oliveira, que agora é aliado de Marília Arraes (SD). No cinema, chama-se de plot twist.

O PT usou o projeto de lei, proposto pelo vereador do Avante, para associar Marília Arraes ao bolsonarismo. O texto teve caráter de urgência aprovado e seria votado na próxima terça-feira, cinco de julho. 

Após reunião com lideranças do seu partido, Dilson Batista, pré-candidato a deputado federal, reconsiderou a sua posição e decidiu pela retirada de pauta. Ele afirma que o mais importante é "o respeito às lideranças partidárias e à fidelidade ao partido". O texto vai ser retirado de pauta já na segunda-feira (4).

Em tempo, Dilson Batista aproveitou o momento para declarar o seu incondicional apoio à candidatura de Marília Arraes ao Governo do Estado de Pernambuco. "Vejo nela uma líder com a melhor proposta para a segurança do Estado, principalmente para os policiais ativos e aposentados. Ela é uma mulher sensível às necessidades das forças policiais e às suas famílias", diz o parlamentar.

Ele completa: "Acreditamos muito na sua capacidade de administrar. Junto com sua equipe de programa de governo estamos colaborando na elaboração de uma concepção avançada de defesa social, que dentro em breve será apresentada ao povo pernambucano".

Dilson Batista foi 2º Sargento da Polícia Militar por 16 anos. Em 2020, foi eleito ao primeiro mandato de vereador com 4.404 votos. A sua proposta de trabalho foi sempre voltada para a segurança pública, especialmente no fortalecimento da Polícia Militar e Guarda Municipal.

"Sei que ao lado de Marília Arraes, poderemos fazer grandes transformações nesse sentindo e fazer com que os trabalhadores da segurança pública sejam dignificados e o povo pernambucano se sinta mais seguro ", concluiu o vereador.

O projeto para homenagear Bolsonaro no Recife

Estava prevista para o próximo dia cinco a votação, na Câmara Municipal do Recife, da entrega da honraria ao presidente Jair Bolsonaro. Além do presidente, a primeira-dama Michele Bolsonaro e o ministro Ciro Nogueira (PP-PI) também poderiam ser homenageados. As propostas movimentaram a política da cidade.

A homenagem a Bolsonaro estava prevista no Projeto de Decreto Legislativo nº 31/2022, de autoria de Dilson Batistas. Dois textos semelhantes, de números 34/2022 e 33/2022, foram protocolados pela vereadora Michele Collins para homenagear a primeira-dama e o senador governista, respectivamente.

"Em razão dos atuais feitos e dos demais que ainda deverão ocorrer até o encerramento do atual mandato de Jair Bolsonaro como Presidente da República (...) há uma imperiosa necessidade da concessão da maior honraria da Casa de José Mariano a esse Regente", argumentava Dilson Batista na proposta.

Os textos iriam seriam votados no dia 27, já na ordem do dia. Mas a vereadora Liana Cirne (PT) pediu vista, conseguindo atrasar a votação. Por isso Dilson entrou com pedido de urgência, visando evitar novo atraso. O PT e o PCdoB votaram contra, mas o caráter de urgência passou.

O decreto legislativo precisa de 24 votos dos 39 vereadores do Recife para ser aprovado. Rinaldo Júnior, líder do PSB na Câmara Municipal, afirmou no mesmo dia que iria trabalhar para que o Projeto de Decreto Legislativo homenageando o presidente não seja aprovado.

"Ele retirou o projeto porque não tinha votos necessários. Com nossa bancada do PSB completamente fechada, votando contra, era quase impossível ele vencer, levando em conta ainda grande parte da bancada do governo", disse o parlamentar.

Em tempo, o PSOL faz alarde. A vereadora do Recife Dani Portela reclama que, no sistema legislativo da Câmara do Recife, viu que o projeto de homenagem a Bolsonaro segue em pauta, ignorando o aviso de que isso ocorreria na segunda-feira (4).