Por Fernando Castilho do JC Negócios
O evento Covid-19 é algo tão terrivelmente espetacular que não só a Organização Mundial de Saúde ainda precisa entender o que está acontecendo, como a maioria dos governos ao redor do mundo, ainda discutem sobre como organizar o atendimento ao coronavírus cuja maior característica é a velocidade de propagação e qual o nível de protocolos de segurança que ele exige.
A despeito de sua letalidade (4.300 mortes, em pouco mais de 100 dias) ser baixa - se comparada a outras doenças do gênero - e da sua disseminação ter sido até agora em menos de 120 mil pacientes. O que caracteriza seu potencial de contágio é sua distribuição em nível global. Pode-se dizer grosso modo dizer que o Covid-19 viajou de avião da China para o resto do mundo.
O que fez o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus reconhecer que nunca [a OMS] havia visto uma pandemia provocada por um coronavírus. Esperando para os próximos dias e semanas um aumento de casos, de mortes e de países afetados.
A questão que se coloca é: como conter a sua propagação depois que milhares de pessoas tiveram contato com pessoas infectadas pelo vírus numa sociedade que incorporou relações de intercambio comercial, cultural e de turismo como a em que vivemos?
Tudo isso tem a ver com o espaço que a China se tornou para a economia global. Sua presença como centro de manufaturas cuja circulação de pessoas serviu de alavanca de propagação.
A própria declaração, nesta quarta-feira, da OMS caracterizando o Covid-19 como Pandemia reflete o nível de incerta da instituição sobre como tratar o evento. Até o final de fevereiro, a OMS insistia que a proliferação em grande escala apenas estava sendo registrada em cidades chinesas, com o casos fora do país asiático ainda podendo ser contidos.
De fato, se apenas isso tivesse acontecido poderíamos dizer que, em termos técnicos, não representaria uma pandemia. Foi isso que fez a entidade resistir em passar para um nível superior de alerta.
O que a OMS não pôde dimensionar foi exatamente se, de fato, “o casos fora do país asiático ainda podendo ser contidos.” Não puderam porque o nível de sua distribuição se deu para dezenas de países para onde essas pessoas se dirigiam.
A pandemia do Covid-19 é um fato extraordinário porque ela, de certa forma, reflete o volume de interação que o mundo moderno adotou como modelo de convivência e relacionamento. O Covid-19 é assim a expressão das relações do mundo globalizado.
Ou como as suas vantagens, serviços e comodidade para a sociedade - numa situação de estresse - revelou-se de uma extraordinária capacidade de contaminação global em termos de saúde pública.