Mandetta e governadores já são maiores que Bolsonaro na crise do Covid19

O governadores e prefeitos perceberam que serão eles são quem terão de cuidar do problema na ponta. E as consequências sociais e médicas nas suas cidades com o país parado
Fernando Castilho
Publicado em 15/03/2020 às 14:34
Bolsonaro faz live em manifestação Foto: Reprodução


Por Fernando Castilho, do JC Negócios

Na história, as grandes tragédias definem o momento entre os homens e os meninos. É quando os primeiros viram protagonistas e os segundos coadjuvantes. Isso acontece diante da percepção do que, de fato, é importante e o que é detalhe ou interesse infantil.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, os governadores e os prefeitos das capitais perceberam isso. Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, não.

Mandetta foi no sábado à noite, ao maior centro de logística do SUS em São Paulo, para mostrar que o país estava enviando 75 milhões de doses de vacina para ampliar a cobertura nacional contra outras viroses neste domingo 23.

Os governadores e prefeitos das grandes cidades estavam, durante todo o sábado e domingo, cuidando de começar gerenciar o caos que será parar o país para reduzir o contágio do Covid19.

O presidente cuidava de repassar vídeos de manifestação de apoiadores contra o STF e Congresso e cumprimentar apoiadores. Paulo Guedes, o homem que tem a chave do cofre que precisará ser aberto para reduzir danos financeiros do problema desapareceu do noticiário. Inclusive, o econômico.

Isso, para a história, define quem é quem. O ministro da Saúde sabe o que país vai enfrentar. Sabe que com a estrutura do SUS, ao menos, será possível saber os locais de maior necessidade de ações e com a ajuda dos governos estaduais. E o que será preciso atuar na ponta para reduzir o número de mortes e de infectados. Ele conseguiu mobilizar estados e prefeituras para reduzirem os danos. Já é o dono da imagem do governo nesse momento. O governo que funciona.

Mandetta sabe que a estrutura social do Brasil potencializa a propagação o coronavírus. Pela existência da favela e da palafita onde o tamanho médio dos imóveis ajudará na transmissão direta entre infectados. Na favela e na palafita, o Covid19 espalhará o coronavírus em quem só tem a UPA como ponto de assistência.

O desinformado Paulo Guedes não percebeu o estrago que o Covid’9 fará na economia. Primeiro, da economia formal e regularizada e depois na informal. A próprias atitudes dele como líder da equipe econômica deixaram claro que não tem ideia do estrago para o Governo o que será a economia parar.

O Brasil não é a China que está reduzindo o crescimento de 6,5% para 5,0%. Podemos ter crescimento zero devido a tempo de paralisação que o Convid19 nos obriga. Grosso modo podemos dizer que Guedes atua como um menino assustado preocupado porque o parquinho do prédio está fechado e quer saber se o síndico não o libera já que o papai paga em dia a taxa do condomínio.

O presidente. Bom, o presidente não entendeu o que está acontecendo. Não percebeu o tamanho do problema que é um país como o Brasil parar por 30, 60 ou ate 90 dias. Isso ficou provado com suas atitudes para enfrentar o problema e suas curtidas nas manifestações. Desde a negação da pandemia.

Bolsonaro só desencorajou as manifestações porque foi fortemente pressionado pela equipe de Mandetta e dos militares. Mas todos sabem que, por ele e seus filhos, todas as 500 maiores cidades do Brasil estavam em protestos. Isso explica suas curtidas. A despeito do baixo comparecimento. Na verdade, o tamanho das manifestações foi a sua única preocupação com o Covid19 deste domingo.

Felizmente os governadores e prefeitos perceberam que não poderão contar com Bolsonaro liderando o país contra o coronavírus e foram cuidar de suas crises sem Paulo Guedes ajudando a pagar a conta.

Sabem que Guedes não vai ajudar porque acha que, primeiro tem que ajustas as contas. Ele fala neste momento em reformas. E que Bolsonaro pode até atrapalhar. Perceberam que serão eles quem terão de cuidar do problema na ponta. E as consequências sociais e médicas nas suas cidades com o país parado.

No futuro, quando se falar do Covid19, a história vai registrar que na China, o presidente Xi Jinping, interveio na cidade de Wuhan e demitiu os dirigentes locais do Partido Comunista para performar melhor o tratamento que acabou referência global. Que Guissepe Conti, da Itália, decretou uma quarentena que fechou o país de 42 milhões de habitantes. E que Donald Trump, dos Estados Unidos, começou a conversa de enfrentamento com a pandemia com US$ 50 bilhões e decretando Emergência Nacional. E lembrarão de Bolsonaro dando uma banana para a imprensa quando soube que tinha testado negativo para a doença.

Entendeu por que são as grandes crises da história que separam os homens dos meninos?

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