Brasil precisa testar, aos menos, todos os pacientes graves internados por suspeita de covid-19

Brasil precisa adotar rapidamente como padrão de modo a que, no futuro, possa avaliar com maior precisão o número de mortos pela doença
Fernando Castilho
Publicado em 07/06/2020 às 19:21
A testagem rápida deve ser feita na população em haja suspeita de contaminação da covid-19 Foto: MIVA FILHO/SES-PE


Por Fernnado Castilho do Jc Negócios 

No meio desse debate sobre recontagem de mortos pela codiv-19, colocado de forma equivocada pelo empresário Carlos Wizard - que se ofereceu para ocupar a secretaria de C&T do Ministério da Saúde, tem um providência que o Brasil precisa adotar rapidamente como padrão de modo a que, no futuro, possa avaliar com maior precisão o número de mortos pela doença.

O de, pelos menos, providenciar o exame RT-PCR em todos os pacientes graves que precisarem de internação.

Pode parecer absurdo que isso não venha a acontecendo como procedimento padrão. Mas devido às dificuldades de vários estados, essa providência básica não é ainda um procedimento obrigatório especialmente nos pacientes graves.

Primeiro, pela falta de testes do chamado padrão ouro que é o RT-PCR - por falta até mesmo de condições de coleta, remessa e acompanhamento. Segundo, porque em dezenas de cidades, a espera por uma UTI ou um simples internação não tem dado tempo a se coletar material para os exames completos antes da morte do paciente.

Mas essa, ao contrário do que imagina o futuro secretário, seria a melhor forma de se ter, exatamente e ou com maior precisão - o número de vítimas fatais.

E esse dado, com ajuda de informações georreferenciadas de onde eles aconteceram, pode viabilizar a chamada micro atenção de focos da covid-19 de modo atuar para ampliar o isolamento social com maior precisão, impedindo que aquele foco se espalhe.

Esse é um tema que alguns especialistas já debatem. Funcionaria assim: A partir dos dados da origem de um concentração de casos de covid-19 constatado em seus hospitais, o poder público poder ir ao local e fazer ações especificas microlocalizadas de isolamento social.

Tipo: Nesse conjunto de ruas, por exemplo, existe uma alta concentração de casos graves já constatados. Então, a Prefeitura ou a secretaria de Saúde vai lá, testa a população e identifica os contaminados.

Na verdade, combinaria as informações que ela já tem da falta de isolamento com a de contaminação que já constatou nos hospitais para atuar num determinado ponto da cidade.

Isso poderia ser aplicado, por exemplo, no Recife, onde já é possível se saber com base em dados de georreferenciamento sobre o isolamento que um bairro ou até ruas, houve mais casos de covid-19 que precisaram de internação e partir daí atuar naquela comunidade.

Mas voltando a testagem dos pacientes graves. Pernambuco é um caso bem interessante da importância dessa prática de testar todo paciente grave.

No boletim desde domingo, por exemplo, há uma explicação no gráfico sobre os percentual de óbitos por SRAG, segundo resultado laboratorial, onde está escrito que em Pernambuco já morreram 4.822 pessoas vitimas de SRAG ou outras comorbidades.

E que também, neste domingo 7 de junho existem 121 óbitos aguardando resultados por suspeita de covid-19 e mais 258 por SRAG não especificado.

O número, portanto, é bem maior que os 3.305 oficialmente registrados até agora por covid-19. Mas Pernambuco sabe que desses 4.822, um total de 922 não morreram de covid-19, mas podem ter morrido de algum tipo de Influenza; que 183 não morreram nem de covid-19 nem de influenza e que 33 morreram de Influenza A, B e de A e B conjuntamente. Mas isso só é possível saber porque todos forma testados com os exame RT-PCR.

Isso permitirá que, nos próximos dias, a própria secretaria da Saúde possa corrigir a tabela de mortos por covid-19 entre outras providencias, inclusive, fazer a correção no atestado de óbito nos cartórios de registro civil.

Se esse fosse o padrão adotado obrigatoriamente pelos demais estados, por recomendação do Ministério da Saúde, certamente, os números seriam bem maiores que os atuais 35.930, uma vez que em milhares de casos nenhum tipo de exame pode ser feito antes do óbito.

A proposta de registrar e testar todos os pacientes internados ainda permite grande subnotificação. Por exemplo, pessoas que morreram em casa e não tiveram autopsia completa porque a suspeita de covid-19 permitiu e fez com que as funerárias retirassem os corpos e os encerrassem em poucas horas.

De qualquer forma, a prática de Pernambuco só reforça a ideia de testagem em massa que vamos ter que nos submeter no futuro. Ou seja, testar, também, todos os pacientes com sintomas leves que chegarem as UPAs e unidades básicas de saúde.

O que para um ministério que se esforça para esconder os números e uma pasta da Saúde que parece querer reduzir nos números da epidemia certamente não é algo que desperte qualquer interesse.

TAGS
Negócios Coluna fernando castilho
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory