Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

Greve da Caixa fala de tema que quem está na fila do auxílio emergencial nem sabe o que é

Talvez a Caixa seja o único caso em que um governo que se diz liberal está contratando gente

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Fernando Castilho

Publicado em 27/04/2021 às 10:50 | Atualizado em 27/04/2021 às 11:38
Na agência da CEF no bairro da Encruzilhada, na Zona Norte do Recife, a fila começou na frente do banco e continuou pela rua paralela. - WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM

Funcionários da Caixa Econômica Federal programaram para esta terça-feira (27) uma paralisação de 24 horas em protesto contra ações do governo na gestão do banco estatal, informou o Sindicato dos Bancários.

A greve de advertência, ou “estado de greve” que, hoje, paralisa parcialmente as agências da Caixa Econômica, foi deliberado em assembleia na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

É mais um movimento de afirmação política no momento em que a Caixa está no noticiário nacional - por ser o agente pagador do Auxílio Emergencial. A proposta teve adesão nacional, de acordo com a entidade sindical.

Mas o motivo é de difícil apoio da sociedade, que não sabe do que se trata. Um deles é interno (pagamento integral da PLR Social, que segundo os sindicatos não foi paga corretamente). O outro é contra a privatização da área de seguros, que ainda está em debate.

A greve talvez tivesse mais apoio se se concentrasse na defesa de maior proteção contra a covid-19 nas agências, este sim um problema.

Talvez a Caixa seja o único caso em que num governo que se diz liberal está contratando gente. A Caixa assumiu uma penca de funções e o número de terceirizados cresceu tanto que a companhia viu que tinha de aumentar o quadro.

Mas a mobilização sindical reflete o desafio das entidades associativas no Brasil. Porque o sindicalismo envelheceu e não desperta a atenção dos melhores quadros dos bancos.

No caso dos bancários ficou mais sério. As entidades são locais de bancos nacionais. Mesmo tendo um sindicato numa cidade ou região, a negociação é sempre feita por uma federação.

Isso no passado fazia sentido. Os bancos eram locais. A estrutura chegou a 7.000 diretores quando existiam 700 mil bancários. Hoje isso não faz sentido; os bancários são menos de 200 mil e os bancos nacionais. Mas em centenas de cidades existem sindicatos bancários. Uma boa parte com grandes estruturas físicas. E esses quadros estão nas mãos das centrais sindicais, que dominam a pauta nacional.

O problema é que o banco mudou e o sindicato não acompanhou. Há uma distância abissal entre a entidade sindical e a categoria. Mas elas continuam se elegendo e sendo ocupadas por pessoas que se voltassem ao banco não teriam mais condições de ocupar cargos na nova estrutura das instituições.

A Caixa, de fato, prestou um grande serviço na questão do Auxílio Emergencial e seus funcionários correram risco sérios de contaminação. Essa é uma questão central e que teria grande apoio da comunidade.

Falar contra privatização para quem está correndo risco de ser contaminado numa fila da Caixa para tentar receber o Auxilio Emergencial não faz qualquer sentido neste momento.

 

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