Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Estados estimam perdas de R$ 24 bilhões se mudança no ICMS sobre combustíveis for confirmada no Senado

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Fernando Castilho

Publicado em 14/10/2021 às 22:00 | Atualizado em 14/10/2021 às 22:56
Se zerar o ICMS, não resolve em nada o problema da escalada do preço. Qualquer aumento que tenha do diesel, como a defasagem está em 10%, já consome todo o peso do ICMS", alerta Décio Padilha, presidente do Comsefaz, que está à frente das negociações pelos Estados - MICHELE SOUZA/ACERVO JC IMAGEM

O secretário da Fazenda de Pernambuco e coordenador do grupo de reforma tributária do Comitê dos secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal (Comsefaz), Décio Padilha, estima uma perda de arrecadação R$ 24 bilhões para os Estados e municípios se o projeto que altera o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado sobre os combustíveis, já aprovado na Câmara dos Deputados, for referendado no Senado.

O Projeto de Lei Complementar 11/20 recebeu 392 votos, 71 contra e duas abstenções, quando o quórum mínimo é 257 votos.

O secretário reconhece a força da direção da Casa, mas insiste que o conceito de Arthur Lira não ataca as principais causas do aumento absurdo nos combustíveis no Brasil, que já trouxe a queda de dois presidentes da Petrobras e que decorre da fragilidade cambial de valorização alta do dólar somada aos problemas graves domésticos que o País enfrenta com a baixa âncora fiscal.

Ele avalia que houve um diagnóstico errado e, consequentemente, uma solução errada como solução. Padilha lembrou a questão do monopólio da Petrobras cuja decisão do plenário da Câmara não abordou de frente.

Essa nova política que foi aprovada é inadequada para o Brasil em virtude de problemas relacionados com a fragilidade cambial de valorização alta do dólar e também com relação ao País que tem problemas graves domésticos a enfrentar, que também desvalorizam a moeda.

Arthur Lira, Presidente da Câmara Federal - CÂMARA FEDERAL

Temos uma questão muito séria neste momento que é muita instabilidade política. Isso desvaloriza a moeda americana. Além disso, existe a baixa âncora fiscal do Governo. Ou seja, temos um risco soberano. Um país que está com o resultado primário negativo há muitos anos, e este ano, em especial, muito mais delicado. Inclusive pela pressão de gastos sociais que vão ter que ser feitos sem lastro financeiro.

Então, esse projeto vai aumentar muito a fragilidade que temos da União no sentido de resultado fiscal e agora contaminando Estados e municípios. Tudo isso altera muito a questão do câmbio.

Mas o Brasil tem um problema diferente. A situação em que a Petrobras só tem uma missão no Brasil: distribuir dividendos os seus acionistas. Para ele, a fragilidade que a União tem no sentido do resultado fiscal altera a questão do câmbio.

Importante considerar que a Petrobras não tem concorrência e a concorrência é a solução no mundo moderno a mais de cem anos para auto regular preços, afirma o secretário de Pernambuco.

Mas como ela tem concorrência é se beneficia do monopólio natural sozinha. A quebra do monopólio em 1995 não adiantou de nada. Não temos regras de regulação e quem não tem concorrência em todo lugar do mundo e regras de regulação dura, faz do monopólio uma arama contra os consumidores e aqui não é diferente.

Plataforma semi-submersível P-20 - Geraldo Falcão / Agência Petrobras

Ninguém olha os custos da Petrobras. Não olhamos nada sobre essas contas. Ela diz o seu custo e isso é aceito. Ela aumenta, como aumentou o diesel e a gasolina e o debate no Congresso é sobre alíquota dos estados.

Fora isso, tem outro problema, que é a cotação do barril do petróleo no mundo. Ela serve para o Brasil, para os Estados Unidos, para Europa, para todo mundo. E mesmo que o sucesso da extração estivesse forte no Texas, o Brendy é referência pro resto do mundo inteiro.

Temos, sim, que enfrentar esse debate. Os atores têm que criticar, sim, a Petrobras, porque ela está criando uma instabilidade de preços muito grande.

Nesse debate, a solução que se encontrou foi essa de apenas colocar o ônus nas costas de Estados e municípios. Enquanto isso a Petrobras está muito bem com os seus rentistas ganhando muito dinheiro com a variação cambial.

E essa cotação não tende a melhorar no curto prazo especialmente pela certeza da alta demanda dos preços do petróleo com a chegada do inverno rigoroso que está se confirmando no hemisfério Norte.

Paulo Guedes com representantes dos Estados, como o secretário de Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha - Consefaz/divulgação

Isso pressionará os preços globalmente. "O Brasil não tem concorrência na Petrobras. Ela pode copiar só uma parte da solução global que o seu setor adota e que lhe beneficia" diz o Coordenador Nacional da Reforma Tributária, pelo Consefaz.

Claro que o CONSEFAZ não concorda com o atual política de preços 100% atrelado ao dólar pela Petrobras. Por que nos seus balanços mostram que nem 40% de petroléo ela importa.

Ela não faz o custo ponderado como toda e qualquer empresa do mundo que dolariza apenas o que é importado e que na moeda corrente, na moeda do território aos custos da sua produção local, ela não quer fazer isso
É importante alertar para isso. A Petrobras tem 65% de produção no Brasil e dolarizar tudo seu negócio. Isso está errado. Temos que enfrentar essa questão, diz.

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