Rodolfo Landim, o homem que encanta presidentes, comandará a Petrobras na crise do petróleo, a pedido de Bolsonaro

A história desse executivo é muito interessante. Especialmente depois que ele brigou com seu ex-patrão, a quem acusa de ter lhe prometido sociedade
Fernando Castilho
Publicado em 08/03/2022 às 15:30
ALIADOS Jair Bolsonaro estaria se aproximou de Landim durante briga do Flamengo com a Tv Globo pelos direitos de transmissão dos jogos Foto: DILVULGAÇÃO


Acredite. Rodolfo Landim, que encantou Jair Bolsonaro a ponto de querer indicá-lo para a presidência do Conselho da Petrobras, é um personagem encantador.

Ele encantou dirigentes da Petrobras no governo FHC, no Governo Lula, a própria Dilma Rousseff, Eike Batista e um grande número de investidores que colocaram dinheiro em suas mãos para criar uma petroleira e literalmente a torcida do Flamengo clube do qual se tornou presidente.

Por isso não será surpresa se no meio dessa crise da Rússia Landim virar não o presidente do Conselho de Administração, mas o presidente da estatal substituindo ao general Silva e Luna. E quem sabe até dispute o Planalto.

A história desse executivo é muito interessante. Especialmente depois que ele brigou com seu ex-patrão a quem acusa de ter lhe prometido sociedade.

Por exemplo, em 2017, na 3ª Rodada de Petróleo da ANP, ele foi um dos destaques com a sua a Ouro Preto Óleo e Gás. A empresa foi a única petroleira privada brasileira a participar das duas rodadas do pré-sal em meio a gigantes americanas, europeias e asiáticas.

Dilvulgação - Rodolfo Landim com Eike Batista

 

ENCANTANDO EIKE BATISTA

Em 2019, a mesma ANP aprovou a venda de 35% do bloco BM-ES-5 da Ouro Preto Energia (OP Energia) para a Petrobras. Um bloco adquirido na 3ª Rodada de Licitações, em 2001, por um consórcio formado pela Petrobras (65%) e El Paso (35%), que em 2014 vendeu sua fatia para a Ouro Preto. Detalhe: Em 2010, a Petrobras comunicou à ANP a descoberta de indícios de gás no bloco. Landim ganhou uma pequena fortuna.

Landim sempre foi ousado. Quando brigou com Eike, ele fundou a Ouro Preto, seis meses depois de o executivo deixar a EBX, de Batista e deu seu pontapé inicial na 11ª rodada de licitações da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), quando arrematou três blocos de petróleo. E arrematou nas bacias Barreirinhas e Parnaíba, respectivamente, onde já atua o agora rival Eike Batista.

O curioso no perfil de Landim é que ele sempre foi se cercando de bons contatos. Ele foi saudado com o amigo do Flamengo ao ser eleito. E teve apoio de Zico na sua campanha.

Mas foi no Flamengo que ele se aproximou de Bolsonaro. Depois de que o presidente o apoiou na briga com a TV Globo pelos direitos de transmissão. Ele arrancou uma lei que suspendia dos contratos.

Em 2019, já como presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, foi condenado pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça) a pagar R$ 1 milhão ao empresário Eike Batista.

O valor deverá cobrir honorários advocatícios de uma disputa judicial movida por Landim em 2010.

É a ação, onde ele exige que Batista cumprisse uma promessa manuscrita em um bilhete. No papel, o dono da EBX se comprometia a dar 1% da holding a Landim. O valor exigido chegava a US$ 270 milhões (R$ 1,06 bilhão no câmbio atual).

Agora, o presidente Jair Bolsonaro transformou Landim numa espécie de conselheiro sobre a crise do petróleo e deseja que no Conselho ele simplesmente mude a política da empresa implantada por Padre Parente em 2017 quando Michel Temer e assumiu e o executivo foi descolado para a estatal com a missão de reorganizar a empresa.

Se Rodolfo Landim for para a Petrobras estará coroando uma trajetória que começou quando entrou na estatal e de onde saiu para ser braço direito na área de petróleo no então homem mais rico do Brasil, Eike Batista.

E quando disse ao bilionário que “tinha na cabeça a ideia de criar uma empresa de petróleo, depois que passasse a quarentena” aos sair da estatal onde trabalhou por 26 anos.

Rodolfo Landim virou o primeiro presidente da Gaspetro, subsidiária da Petrobras na complicadíssima área de gás natural, em 1994 para onde Henri Philippe Reichstul, então presidente da Petrobras o mandou para dar uma organizada na coisa.

DIVULGAÇÃO - RODOLFO LANDIM

 

COMANDANDO A BACIA DE CAMPOS

Ele tinha ascendido na companhia depois que tomou conta da área nobre da produção da Petrobras – a Bacia de Campos (85% da produção brasileira, na época com trinta plataformas e 7 mil trabalhadores.

Depois com as benção do senador Delcido Amaral virou presidente da BR Distribuidora no governo Lula.
Convidado por Eike Batista, Landim saiu em maio de 2006 depois de 26 anos de empresa. Foi despedir-se da ministra Dilma, então na Casa Civil, e do presidente Lula. Lula perguntou em que ramo iria trabalhar. Landom disse que não seria na área de petróleo. “Me impus uma quarentena a que não era obrigado”, afirmou ao presidente.

Duas semanas depois Landim assinou o contrato para trabalhar com Eike (em 15 de maio de 2006) duas que saíra da Petrobras. Foi o coroamento de uma amizade que começaras quatro anos antes sem muita aproximação.

Rodolfo Landim e Eike Batista se encontraram pela primeira vez no final de 2002. Batista expôs seus projetos de ampliação da MMX Mineração e Metálicos. Landim gostou, mas achou que ainda podia crescer na Petrobras. O tempo passou e ele viu que jamais seri ao que sempre sonhou presidente da empresa.

O que levou a Eike Batistaa querer Landim na empresa foi o fato de ele ter explicado, em termos técnicos, hipotéticos, como a criação de uma outra Petrobras, menor, é claro, poderia ser um ótimo negócio. Os dois viajaram por vários países juntos até que surgiu a historia que levou a briga dos dois ate hoje.

Segundo Landim Eike lhe mandou um bilhete dizendo “Você é transparente, ético ao máximo, profissional competente e disciplinado – um homem do bem. Gostaria de convidá-lo a fazer parte da minha holding; como cavaleiro da “távola do sol eterno”, fiel guerreiro e escudeiro, um grande amigo!

Ao invés de uma bela espada, você receberá 1% da holding + 0,5% das minhas ações da MMR (acho, e quero, que você tenha o mesmo Nr que os outros diretores).”

Eike nega. Numa entrevista a Luiz Maklouf Carvalho do Blog Long & Shirt, publicada em um amigo comum dos dois e também diretor das empresas EBX, o advogado Flávio Godinho acha que Batista tenha feito isso.

“O Eike nunca teve sociedade com os seus executivos e jamais proporia isso. O bilhete não tem valor jurídico nenhum. E os contratos que o Landim assinou, depois, mostram que ele já recebeu tudo o que tinha para receber e mais alguma coisa. Foram 50 milhões de reais por ano de trabalho. Ao invés de ser grato, e reconhecer a generosidade do Eike, ele ainda quer mais.”

Divulgação - Rodolfo Landim

 

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