Com o barril do petróleo sendo vendido a U$ 129,00 no mercado internacional e com o dólar cotado em R$ 5,09 no Brasil, a pressão sobre a Petrobras para que reajuste seus preços está se tornando cada vez maior dentro da empresa.
Hoje, os preços domésticos, no caso do óleo diesel, querem dizer que o prejuízo da estatal é de R$ 2,49/L desde o último reajuste, e 1,38/L no caso da gasolina, comparada ao mercado internacional e do câmbio.
Nesta quarta-feira (9), completam-se 56 dias desde o último aumento, de modo que de lá para cá, essa diferença tem sido bancada pela empresa, que resiste a repassar para os seus preços na refinaria o aumento do preço do petróleo no mercado internacional.
Como atualmente nenhuma importadora de combustível está comprando combustíveis no exterior, as distribuidoras estão comprando gasolina e óleo diesel apenas da Petrobras.
Para se ter uma ideia do problema, basta dizer que no dia 12 de janeiro (quando ocorreu o último aumento), o preço do barril do petróleo custava US$ 84,35. Ontem, última cotação disponível na OPEP+, ele estava custando US$ 127,93.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis – Abicom, entidade que reúne atualmente nove importadoras com atuação em todo o território nacional, hoje as diferenças para óleo diesel e gasolina sustentam cenário de arbitragens negativas, inviabilizando operações de importação.
Isso faz com que a Petrobras - que em tempos normais chega a importar até 20% do consumo nacional - esteja sendo obrigada a importar os 35% necessários para suprir o mercado, já que a produção de suas refinarias chega a apenas 65% do consumo nacional.
Segundo dados da Abicom, a situação torna-se mais desfavorável dependendo do porto por onde o combustível entra no Brasil. Na média, é de -R$ 2,54/L, mas varia entre -R$ 2,75/L em Santos (SP) e R$1,63/L em Aratu (BA). Pelo Porto de Suape, a defasagem no preço do óleo diesel chega a R$ 2,71.
A situação não melhora na gasolina, que na média tem uma defasagem de -R$ 1,41/L. Também variando entre -R$1,61/L no Porto de Araucária (PR) a -R$0,62/L no porto de Aratu (BA).
Esse cenário quer dizer que nos próximos dias a Petrobras terá que tomar a decisão de reajustar os preços dos combustíveis importados.
Com o agravamento da crise na Rússia, a tendência é que os preços do barril do petróleo continuem a subir.
Por outro lado, as pressões sobre a Petrobras continuam aumentando com notícias de que o Governo vai colocar no conselho da empresa novos representantes da União com a missão de alterar a estratégia da empresa brasileira.
Desde 2017 que a Petrobras mantém uma paridade entre o preço do barril do petróleo e o mercado interno para fixar seus preços no setor de combustíveis.
Até 2020, os preços estiveram entre US$ 40 (em 2016) e US$ 70 em 2018, voltando a US$ 40 em 2020. Isso permitiu à Petrobras fazer grandes importações de combustíveis, enquanto reduziu sua produção interna.
O quadro começou a mudar em 2020, quando começou a subir já em janeiro daquele ano, chegando a US$ 93 no dia 1º de janeiro - quando começaram as ameaças da Rússia de invadir a Ucrânia - até chegar a US$ 128, nesta quarta-feira.