Além de soja, minério de ferro e carnes, o Brasil incluiu nos últimos anos um novo item na sua pauta de exportações para a China. O petróleo do pré-Sal.
No ano passado, o país asiático comprou 45% das exportações da Petrobras que viraram um fator relevante para o aumento da geração de valor nas vendas de petróleo exploradas pelo Brasil.
Em 2021, segundo o balanço da Petrobras, a companhia exportou US$ 14,94 bilhões apenas em petróleo o que significa dizer que os chineses comparam US$ 6,7 bilhões de óleo extraído dos poços da estatal brasileira.
Vender petróleo é uma importante equação nas contas da estatal. Ela redirecionou seus negócios na área de exploração para a camada do pré-sal que é, certamente, uma das operações mais rentáveis do mercado de óleo e gás.
O que pouca gente fora do setor é que o pré-Sal tem muito petróleo acumulado numa área muito grande e conhecida mesmo estado a mais de 7 mil metros de profundidade.
Segundo a ANP, no mês de janeiro a produção com origem em 134 poços chegou a astronômicos 2,912 MMboe/d (milhões de barris de óleo equivalente por dia), sendo 2,292 MMbbl/d (milhões de barris diários) de petróleo e 98,6 MMm3/d (milhões de metros cúbicos diários) de gás natural, o que correspondeu a 74,7% da produção nacional.
E ainda mais curioso é que a Petrobras é, de fato, um player em águas profundas. E o pré-sal uma mina de petróleo com exploração muito barata.
Os números disponíveis nos informes da própria companhia revelam que o primeiro barril de óleo equivalente (óleo + gás) extraído, em 2014, custou apenas US$ 9,1.
No ano seguinte, baixou para US$ 8,3 e atingiu um valor inferior a US$ 8 por barril no primeiro trimestre de 2016. Em 2018. atingiu um valor inferior a apenas US$ 7. Ele continuou a descer embora a empresa não divulgue isso.
Segundo o site Petronotícias, ao longo de 2020, a companhia brasileira conseguiu reduzir para US$ 2,27 por barril extraído na camada pré-Sal no terceiro trimestre daquele ano, sem contar com as despesas de afretamento de plataforma. O número representou uma queda de 5% em relação ao lifting cost verificado entre abril e junho (US$ 2,39 por barril).
O valor de afretamento se refere ao aluguel das plataformas é determinante para se chegar ao preço de produção final. Segundo a empresa, em 2021, o custo de exploração do afretamento acrescenta U$ 5,26 em cada barril extraído no pré-Sal.
Então, não se pode dizer que a Petrobras extrai um barril de petróleo a menos de US$ 3,00 porque existe depois disso o custo do afretamento do transporte até os pontos de exportação. Mas ainda assim é muito rentável
É um custo importante porque garante à companhia que mesmo que um dia o preço caísse a inimagináveis US$ 15 ainda assim a operação seria rentável. Imagina com o petróleo Brent a US$ 130 depois de ter subido 70% em 2021 a empresa continua tendo muito lucro?
PRE-SAL PROCESSADO NO BRASIL
O petróleo também está permitindo que a Petrobras passar a processá-lo aqui mesmo além das exportações. E esse é um ponto importante.
Em 2021 a empresa bateu um recorde anual de processamento de pré-Sal no seu parque de refino chegando 59% da carga processada, 9% acima de 2020.
Segundo a empresa essa é um movimento na sua capacidade de processamento de óleo do pré-Sal em linha com estratégia da companhia de alavancar o processamento de petróleos do pré-sal, que têm baixo teor de enxofre, trazendo vantagens competitivas e oportunidades de aumento da margem de refino, favorecendo a produção de diesel S-10 e bunker. E, naturalmente, para a exportação
Segundo o relatório da Petrobras de 20921, “o desenvolvimento de novos mercados para as correntes dos óleos do pré-Sal tem sido um fator relevante para o aumento da geração de valor nas exportações de petróleo, uma vez que torna possível explorar as arbitragens a cada momento, buscando sempre os mercados que pagam mais pelos óleos da Petrobras” è ai que a China entra.
Ano passado, aproximadamente 45% das exportações tiveram destino para refinadores na China, 20% para Europa, 20% para as Américas e 15% para outros destinos na Ásia.
O uso do pré-sal é o motivo de um debate intenso porque para os críticos da estratégia da empresa definida ainda, em 2017, pelo então presidente da empresa, Pedro Parente os negócios da empresa se concentrariam no pré-Sal. Isso, naturalmente, gera criticas porque na pratica ela dolarizou a sua contabilidade mesmo cobrando em Real aqui no Brasil.
Além disso, a empresas continua agregando plataformas na exploração como o início de produção do FPSO Carioca, primeira plataforma no campo de Sépia, no pré-sal da Bacia de Santos.
Em 2021, a receita líquida cresceu 56% em relação a 2020, devido à alta de 70% do Brent e ao aumento da demanda no mercado interno, principalmente em razão da retomada econômica após o auge da pandemia da COVID-19, em 2020. Ou seja a empresa ganhou muito dinheiro vendendo o óleo do pré-Sal aqui e no Mercado externo especialmente na China
UMA OPERAÇÃO COLOSSAL
O negócio pré-Sal é uma operação colossal, mesmo dentro da mega indústria de classe mundial do petróleo. E segundo dados a própria Petrobras é uma das operações mais rentáveis do setor no mundo.
No Governo Dilma, quando o pré-Sal foi lançado, se dizia que ele seria o grande responsável pela estruturação de um fundo que deveria ter como foco bancar um arrojado programa de educação em todos os níveis e gerar poupança para bancar a infraestrutura no país.
A operação Lava Jato com a descoberta de um grupo dentro da companhia que se encarregado de dezenas de golpes e centenas de processos de corrupção inviabilizou a proposta.
O impeachment sepultou a idéia do pré-Sal como fonte financeira da União para uma nova ancora social. A Petrobras concentrou-se em explorar petróleo e isso significou fazer do pré-Sal uma ancora da empresa.
O pré-sal, de fato, no Brasil deixou par atrás as demais operações. Em 1984, com 4.108 poços, a Petrobras extraia 500 mil barris/dia. Em 2018, com 77 poços extraiu 1,5 milhão. Este ano, com 123 poços extraiu 3 milhões de barris.
Foi por isso que a empresa decidiu vender tudo que não era pré-Sal para outras empresas e até devolveu a concessões de exploração em terra.
Tudo isso só mostra que para o acionista da Petrobras, o pré-Sal é uma garantia de que ele ainda vai ganhar muito dinheiro. Apenas o bloco de Libra, que fica no campo de Mero no pré-sal da bacia de Santos tem uma coluna óleo de 400 metros. Equivale a um moro como Pão de Açúcar de óleo.