O ano era 2007 e acontecia XXVI Cimeira Ibero-americana decorre nestas quinta e sexta-feira em Antígua, na Guatemala. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez discursava, sem parar de falar criticando o neoliberalismo e o ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar, apelidando-o de fascista. Foi quando o rei Juan Carlos de Espanha não agüentou e cortou: "Por qué no te callas?"
A frase virou um mame que hoje tem mais milhões de visualizações e se tornou um marco na história da diplomacia.
O presidente Jair Bolsonaro, não é o rei Juan Carlos, mas bem que poderia ter dado um "Por qué no te callas?" no seu ministro da Economia, Paulo Guedes parando a série de declarações que vem fazendo desde primeiro turno e que já obrigaram ao candidato a reeleição a parar a campanha para explicar as falas de Paulo Guedes.
A coleção de falas dignas de uma "Por qué no te callas?" é grande. Mas podem-se lembrar a mais recente.
Eeste mês, Guedes provocou uma crise na campanha ao dizer que o governo estudava a desindexação do salário mínimo e dos benefícios previdenciários. Hoje, eles são corrigidos pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior, o que garante ao menos a reposição da perda pelo aumento de preços observado entre famílias com renda de até cinco salários.
O Governo parou e Bolsonaro precisou dizer que não era bem assim. Dias depois, Paulo Guedes queixou dizendo que plano de retirar a correção do salário mínimo e aposentadoria pela inflação passada, revelado pelo jornal Folha de S. Paulo, vem de militantes petistas infiltrados no seu ministério.
Não foi a primeira vez e nem será a única. Dias depois ele negou que sua equipe tinha lhe mandado por escrito um plano propondo o fim dos descontos das despesas de Educação e Saúde nas declarações da pessoa física. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Uma medida nesse sentido segundo os estudos da Receita Federal com base no ano de 2020, indica que, dos R$ 92,10 bilhões deixados de arrecadar, R$ 51,22 bilhões foram deduzidos por contribuinte com renda superior a R$ 55.976,16 no exercício. Foram 4.118.429 de um total de 12.903.542 de contribuintes daquele ano.
Uma medida com essa pegaria os mais velhos. Dos R$ 92,11 bilhões que a Receita Federal aceitou como isentos de IRPF como Despesas Médicas, R$ 66,19 foram de pessoas com mais de 31 anos com maior concentração entre os que tinham entre 60 e 71 anos.
O problema é que Bolsonaro gosta dele. “O Paulo Guedes fica. O Paulo Guedes foi um dos melhores ministros da Economia do mundo.” Para o presidente ele é um craque: “É o nosso Pelé, vamos assim dizer, na Economia. Então, por mim ele continua. Eu não sei se, pela idade, ele quer continuar”, completou.
Os dirigentes do PL, especialmente o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira têm horror a Guedes. Para eles, as falas deram munição para o comitê de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na reta final da campanha.
A estratégia de Guedes que ele chamou de "Plano 3D", que seria desvincular, desindexar e descarimbar as despesas do Orçamento. Segundo ele, mais de 90% das despesas são carimbadas, ou seja, não há forma de manejar e redirecionar os recursos.
O problema de Paulo Guedes é que o Ministério da Economia demorou 18 dias para detalhar em pleno segundo turno um bloqueio orçamentário de contingenciamento de R$ 2,6 bilhões anunciado pelo governo no fim de setembro três duas antes das eleições.
Mas ninguém diz ao ministro um "Por qué no te callas?"
Esta semana ele arranjou um novo embate dizendo que O teto (de gastos) é mal construído. É tão mal construído que o ministro que estão falando que vai ser do Lula, o Meirelles, nem economista são… Ele fez um teto, passou dois anos falando, e ele fala empolado: “estão furando meu teto”. Já anunciou que vai entrar furando. Porque é um teto muito mal construído — disse Guedes.
O teto de gastos virou uma espécie de ancora de 2023 pois todo o mercado financeiro defende que ele seja mantido. E é um assunto tão serio que o próprio Meirelles admite que para salvar o ano de 2023 talvez o Congresso possa admitir um estouro de R$ 160 bilhões de para pagar as despesas que Bolsonaro incluiu em 2022 durante a campanha.
E Paulo Guedes não cria problemas internamente. Ele brigou com presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), diz Mauricio Claver-Carone, chefe da instituição até setembro. Os dois trocaram criticas.
Estaria tudo resolvido se o Governo brasileiro não desejasse indicar o ex-presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn teve o nome indicado para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
E como a indicação foi oficializada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, Mauricio Claver-Carone já avisou que vai retaliar.
O problema de Guedes é que pela posição ele não pode mesmo içar calado por muito tempo. Mas ele não se conte e ao menos uma vez por mês precisou de uma explicação de suas falas.
É um negocio tão serio que foi bater na ata da 250ª reunião do Copom que manteve a Selic em 13,75% que relatou a dificuldade de baixar a taxas devido à incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada.
Quem cuida do arcabouço fiscal do país é Paulo Guedes. Ou seja: o ministro cria problemas até apara o Banco Central baixar a taxa básica de juros. Exatamente "Por qué no “se” callas?"