Pouca gente sabe, mas um pouco antes da crise do governo Dilma Rousseff, o preço do barril do petróleo, em 1º de janeiro de 2014, era US$ 40,76, o barril. Quando a Petrobras definiu a política de paridade, o preço era de US$ 52,43.
E mesmo na crise da greve dos caminhoneiros, em 2018, ano em que chegou a USS 69,79, ninguém falava em mudar a política de preços de Petrobras. Até porque, em janeiro de 2020, meses antes da pandemia da covid-19 ele tinha caído para US 41,47, o barril.
Quando se observa a curva anual dos preços do petróleo, existe sempre uma tendência de alta e de quedas. Faz parte do jogo.
Tudo isso quer dizer que, a menos que algo extraordinário como uma guerra convencional como a da Rússia com a Ucrânia, quando ele chegou a US$ 100,08 em 1º janeiro de 2022 pressionado também pela volta da economia depois da pandemia o mercado se regula independentemente das decisões do governo dos países.
E no último domingo (1º de janeiro de 2023), ele manteve uma tendência de queda chegando a US$ 82,07 com depressão de até US$ 74,66 como aconteceu no dia 8 de janeiro de 2022.
Toda essa memória de números refentes ao petróleo serve para mostrar como o Brasil - no meio de uma campanha eleitoral - entrou numa onda de querer reduzir a influência de fenômenos externos na economia brasileira e de buscar uma fórmula para tentar parar “no grito” o aumento dos preços do petróleo no mercado interno.
E como é uma grande bobagem querer mudar a chamada política de paridade sem levar em consideração o fator tempo e o que acontece no mundo.
Para se ter uma idéia de como esse rally em que Lula e Bolsonaro entraram contra a Petrobras basta dizer que a União Européia fixou em US$ 60,00, o preço do barril a ser pago pelas economias do bloco quando comprassem o óleo da Rússia e ele não voltou a subir.
Ora, se sem nada de novo do front da guerra e às portas do inverno europeu, os preços baixaram para US$ 74,66. E quando Rússia já não consegue aumentar seus preços, a proposta de mexer na PPI já não faz muito sentido. E ainda mais com a economia mundial prevendo crescimento mínimo em 2023 o que vai pressionar ainda mais as cotações do petróleo.
Por isso é que com a troca de presidentes da Petrobras podem até mesmo ocorrer a mudanças, Mas num cenário completamente diferente do que se deu a campanha política. Hoje, mexer na PPI não vai assegurar que os preços sejam congelados aqui quando houver uma tendência de alta.
O Brasil não tem caixa para formar um fundo como propõe o novo presidente da empresa Jean Paul Prates na condição de senador.
No meio da crise de caixa em que o Brasil vive, onde é que o governo vai buscar dinheiro para isso? Vai pegar os lucros que a empresa Pré-Sal S.A, entrega a União e que entra no caixa? Vai abrir mão dos dividendos que a Petrobras paga a União e que igualmente entra no caixa da União? Vai retirar dinheiro do orçamento estourado para formar esse fundo?
A idéia de mudar a PPI virou um fetiche eleitoral dos candidatos. Lula, Bolsonaro, Ciro e Simone Tebet fizeram disso uma promessa. Mas a questão é uma só: Quem vai bancar a conta para criar um mecanismo que proteja com o dinheiro do contribuinte (inclusive os que não têm carro) para os preços dos combustíveis não subirem?
Portanto, será esse cenário que o novo presidente da Petrobras vai encontra quando assumir a cadeira.
Depois do pico da guerra da Rússia com a Ucrânia o mercado de petróleo está em baixa. Já faz seis meses que ele não para de cair. E não há indicações de que volte a subir de novo. Então, porque mudar a PPI. Só para cumprir uma promessa de campanha?
Desde junho que a Petrobras anuncia queda nos preços. Aqui ou acolá sobre um pouco, mas a tendência é de baixa. Isso sem falar na redução das alíquotas do ICMS dos combustíveis.
Se o Governo Lula não mantivesse a isenção de impostos federais não haveria muito barulho na bomba da esquina além da “tiração” de onda dos apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais. Mas os reflexos seriam mínimos. Por que a Petrobras está reduzindo os preços com a baixa dos preços do petróleo no mercado internacional.
O problema é que Jean Paul Prates não foi escolhido por Lula para manter a PPI. E certamente a empresa vai mexer apenas para que lula possa dizer que “abrasilerou” os preços dos combustíveis no seu governo.
Mas que com a tendência de queda dos preços do petróleo mudar a PPI virou apenas um gesto político virou. O problema vai ser quando depois de anos entregando dividendos, a Petrobras entregar um prejuízo aos seus acionistas, inclusive a União?