Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

Nubank divulga balanço com prejuízo, mas comemora. Por que isso acontece?

Cada cliente do Nubank custa, por mês, US$ 0,9 (R$ 4,69). Mas a receita média que dá ao banco é de US$ 8,2 (R$ 42,80).

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Fernando Castilho

Publicado em 15/02/2023 às 15:00 | Atualizado em 15/02/2023 às 17:24
Sem a participação do Nubank, o número de pessoas físicas que poderão ter o nome limpo até o fim do mês chegaria a 1,5 milhão - NUBANK/DIVULGAÇÃO

O Nubank encerrou o quarto trimestre de 2022 com um prejuízo líquido de US$ 364 milhões (R$ 1,9 bilhão, ao câmbio deste quarta-feira 15), mais que o dobro de 2021, quando registrou US$ 165 milhões (R$ 861 milhões). Curiosamente, suas ações na Bolsa de Valores do Brasil (B3) tiveram valorização de 7,44% no pregão de ontem. Mas em todo o ano passado, o lucro chegou a US$ 185 milhões. 

Para quem não está familiarizado, naturalmente surge a pergunta: como uma empresa que anuncia um prejuízo contábil tão grande pode se valorizar no dia seguinte?

A explicação é simples. O banco informou que incluiu no balanço do último trimestre do ano, o reconhecimento não recorrente não caixa da rescisão do CSA de 2021, no valor de US$ 355,6 milhões, feito de uma só vez de modo a não mais impactar nos próximos balanços. E esclareceu que, se for excluída essa enorme despesa, a instituição obteve um lucro de US$ 58 milhões no período.

É uma forma curiosa de comunicar um prejuízo, até porque, no balanço, o que vai constar é o prejuízo reportado para o trimestre outubro/dezembro foi de US$ 297,6 milhões - o que fez o banco chegar ao final do ano com US$ 364,6 milhões.

Mais estranho ainda para o investidor do Nubank é a informação de que o banco colocou como a despesa da rescisão do CSA de 2021. CSA, na sigla em inglês de Contingent Shares Plan, significa Plano Ações Contingentes, que é quando ações da companhia de capital aberto são dadas a acionistas em circunstâncias especiais, como o cumprimento de metas.

David Vélez Osorno

Isso aconteceu porque o Nubank, que havia dado ao fundador, Presidente do Conselho de Administração e CEO da Companhia, David Vélez Osorno, em 2021, um bônus de um número de ações ordinárias Classe A igual a 1% do número total de ações ordinárias, no valor estimado em US$ 423 milhões, e ele decidiu devolver, ano passado, foram então contabilizadas no balanço do quarto trimestre de 2022 no valor US$ 355,6 milhões.

Essa operação contabilizada de uma só vez pelo banco no balanço foi vista pelo mercado como uma atitude positiva, já que nos próximos balanços ela não mais existirá, o que pode explicar a reação de alta da cotação de suas ações.

De qualquer forma, o Nubank está muito otimista na sua comunicação. O banco disse que a margem bruta foi de 40%, contra 36% no mesmo período em 2021. O banco adicionou 4,2 milhões de clientes no trimestre e 20,7 milhões de clientes, e que o custo de captação diminuiu mais uma vez alcançando um custo de captação médio de 78% do CDI, a taxa livre de risco do Brasil. Finalmente afirma que no trimestre com o número recorde de 74,6 milhões de clientes, 70,9 milhões deles apenas no Brasil.

Receita do Cliente Ativo

O Nubank é um caso de sucesso, e mesmo vindo reportando prejuízos, vem atraindo clientes para sua base. E como é um banco totalmente digital, o seu Custo Médio Mensal é de apenas US$ 0,9, ou seja, menos de R$ 5,00 (R$ 4,69) por cada cliente ativo. Em compensação, a Receita Média Mensal chegou a US$ 8,2 (R$ 42,80). Ou seja, o Nubank custa R$ 4,69, mas recebe com ele, em média, R$ 42,80.

O Nubank é conhecido por um banco que não cobra nada pela conta do cliente. Mas isso ajuda muito à instituição a ponto de, em dezembro de 2022, ele ter US$ 15,8 bilhões em depósitos crescendo a cada trimestre. Talvez porque a instituição tenha uma Receita Média Mensal por Cliente Ativo de US$ 8,2.

Além disso, um dos seus principais atrativos, o cartão de crédito, teve um incremento de 75% em recebíveis, subindo de US$ 4,7 bilhões para US$ 8,2 bilhões.

Para se ter uma ideia do impacto disso no Brasil, basta dizer que os cartões de crédito, conta pré-paga e o crédito pessoal, os principais produtos alcançaram aproximadamente 34 milhões, 53 milhões e 5 milhões de clientes ativos, respectivamente.

Isso permite avanços impressionantes como o caso do seguro, produto lançado no ano passado, ter superado a marca de 962 mil apólices ativas.

Ou como o caso da plataforma de investimentos direta ao consumidor, NuInvest, que tem mais de 7 milhões de clientes ativos, assim como a oferta de investimentos em criptomoedas (NuCripto) ter alcançado 1,3 milhão de clientes em apenas seis meses.

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