Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

PISO DE ENFERMAGEM. Viagem de Lula à China, prioridade à âncora fiscal e redução da taxa Selic fazem governo esquecer MP que definirá recursos

MP deveria ser feita pelo grupo interministerial composto por Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), mas não saiu

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Fernando Castilho

Publicado em 16/03/2023 às 16:30 | Atualizado em 16/03/2023 às 16:47
PISO Por força de lei, ficou estabelecido o pagamento de R$ 4.750 aos enfermeiros, que agora tem impacto avaliado - MINISTÉRIO DA SAÚDE

Uma semana após terem oficialmente deflagrado uma greve nacional para reivindicar o cumprimento da lei Nº 14.434, de 4 de agosto de 2022, que instituiu o Piso Salarial Nacional do enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem e parteira, o movimento continua sem parar, de fato, as operações nos hospitais, e sofre com a ausência de interesse da população sobre a causas.

Ocupado com a viagem do presidente Lula à China, prioridade à apresentação da âncora fiscal e na expectativa de uma redução da taxa Selic, o governo simplesmente esqueceu o compromisso de enviar ao Congresso Nacional uma Medida Provisória, que definirá de onde virão os recursos para serem repassados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios e às entidades filantrópicas.

O assunto desapareceu do noticiário e não há nenhuma indicação que a MP que deveria ser escrita pelo grupo interministerial, composto por Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), esteja pronta para ser encaminhada ao parlamentares.

Auxiliares e técnicos de enfermagem fazem protesto pelo novo piso em frente à prefeitura do Recife - Divulgação/Satenpe

Nem mesmo a cobrança do ministro do STF, Luiz Fux, ao deputado Arthur Lira e ao senador Rodrigo Pacheco provocou qualquer movimento no Palácio do Planalto; e dada a prioridade que o governo dá aos três assuntos acima relacionados, as perspectivas de que uma solução esteja sendo analisada.

A greve nacional também não aconteceu. Na maioria dos estados ela simplesmente não se consolidou e em alguns estados, como Pernambuco, a Justiça determinou o fim do movimento. Na maioria, o movimento tem se limitado a passeatas.

Fora do circulo de decisão, a ministra de saúde, Nísia Trindade, disse que o piso salarial deverá ser implantado em pouco tempo. Numa reunião com representantes da categoria ela disse que "A informação que tenho é que deverá sair em breve. Faltavam alguns ajustes que dizem respeito principalmente à repartição dos recursos que precisam ser mobilizados.”

O desafio dos e4nfermeiros é competir com a pauta do governo que não se moveu desde o ano passado para encontrar uma linha de recursos.

A edição de uma MP é hoje o único caminho para resolver o impasse criado com a aprovação da lei que criou o piso da enfermagem, e que por sua vez originou a Emenda Constitucional 127-2022, aprovada pelo Congresso, determinando que a União escrevesse uma lei complementar definindo de onde sairão os recursos.

Sem ela até mesmo uma decisão do ministro Luiz Fux sobre a ação proposta pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços (CNSaúde) contra a lei do piso da enfermagem fica sem condições de ser proferida.

Os hospitais privados também desejam ser ajudados para o pagamento das nova despesas embora toda a mobilização do Congresso desde a emenda constitucional 127/2022 seja focada nos estados, municípios e entidades finatrópicas.

Na verdade, a nova leia não faz referência para os hospitais privados, embora inclusos prestadores de serviços contratualizados que atendam, no mínimo, 60% (sessenta por cento) de seus pacientes pelo sistema único de saúde.

Além da CNSaúde, a Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) estima que 98% dos quase sete mil hospitais do país não pagarão o novo piso da enfermagem este mês, estabelecido em R$ 4.750 pela lei 14.434.

Um estudo técnico da Câmara mostra que 1,3 milhões de profissionais empregados em estabelecimentos de saúde no país precisam ser contemplados pelo novo piso legal.

Enfermeiros reivindicam o pagamento do piso salarial da categoria - Billy Boss/Câmara dos Deputados

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