Os preços da gasolina e do óleo diesel no Brasil estão mais de 20% mais baratos que os praticados no mercado internacional. Apesar de terem subido US$10 dólares em apenas um mês, a Petrobras não fez nenhum reajuste há 73 dias e há 28 dias da gasolina quando, assim como o óleo diesel, a empresa baixou seus preços.
É uma situação bem interessante para o consumidor e também com reflexos na taxa de inflação já que os preços dos combustíveis no IPCA tem pesos altos, mas a decisão de aplicar, de fato, a desvinculação dos preços internos dos dois produtos aos preços internacionais já provoca especulações no mercado sobre até quando a estatal vai aguentar a elevação dos preços internacionais.
Essa preocupação fica maior porque a Petrobras, a despeito de estar usando a sua capacidade máxima de refino chegando a mais de 94% no mês de maio, não produz todo o combustível que o país precisa e para isso precisa importar.
Quando havia a política de Paridade dos Preços Internacionais (PPI) parte dessas importações eram feitas pelo setor privado de modo que a estatal não precisava gastar dólares com o diesel e a gasolina importada embora nunca tenha deixado de comprar os dois produtos de fornecedores internacionais.
Mas desde o começo do governo Lula, quando a empresa anunciou o que Lula chama de "abrasileiramento" da política de preços que o setor privado saiu do mercado de importação.
Ele chegou até março a importar combustível da Rússia contornando as restrições internacionais comprando de países como Arábia Saudita através de importadoras ali sediadas, mas com a defasagem pararam de operar.
A consequência dessa saída foi o aumento exponencial das importações da Petrobras que, segundo ela mesmo informou, na gasolina tiveram alta de 642,9% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022, passando de 7 mil barris por dia (Mbpd) para 52 mil Mbpd. No primeiro semestre, o avanço foi de 228,6%.
Esse é um problema para a estatal que o mercado discute. Entre os dias 28 de junho e esta quinta-feira (27) os preços no mercado internacional segundo a OPEP subiram de US$74,65, o barril para US$84,88 o barril numa elevação de US$10,23 ou 13,70%.
Isso não quer dizer que a Petrobras não possa aguentar essa pressão no aumento de preços internacionais. Considerando isto, é muito provável que ela esteja perdendo algum dinheiro nas suas aquisições de produto estrangeiro.
Entretanto, a Petrobras tem custos inferiores aos demais agentes na importação de derivados, considerando sua escala, seu espaço de tancagem existente e sua preferência por navios de grandes portes, especialmente em relação ao pré-Sal.
Nesta quinta-feira(27), a estatal informou que bateu novo recorde trimestral de produção no pré-sal, de abril a junho, chegando a 2,06 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed).
Isso representou 78% da produção total da companhia e superou o recorde anterior de 2,05 milhões de boed, registrado no primeiro trimestre. Os dados constam do Relatório de Produção e Vendas do 2T23, divulgado nesta quarta-feira (26).
Ela também revelou que o Fator de Utilização (FUT) das unidades de refino da Petrobras atingiu 93% no 2T23, sendo que em junho alcançou 95%, os maiores resultados desde 2015.
E que tanto a produção de diesel (9,7% ) cresceu no último trimestre: em relação ao primeiro trimestre como a produção de gasolina teve aumento de 7,4% no segundo trimestre, em comparação com o ano anterior.
Ou seja: a estatal está produzindo a plena carga para suprir o mercado embora tenha que aumentar suas importações já que hoje está sozinha no abastecimento do país.