Num mercado financeiro cada vez mais digital, o setor de criptomoedas comemorou na madrugada da última sexta-feira um de seus maiores eventos: o halving do Bitcoin, que é uma mudança na política de remuneração das empresas mineradoras de moedas digitais cortando pela metade os valores recebidos por essas empresas.
Funciona assim: a cada a cada 210.000 blocos minerados que acontecem aproximadamente a cada quatro anos, o valor do bloco minerado (um bitcoin) cai pela metade. Em maio de 2020, um bloco de BTC caiu de US$12,5 para US$6,25. Antes de 2020, ocorreram outras duas vezes e o mais recente aconteceu neste final de semana.
Em 2020 - quando o número de bitcoins entrando em circulação se fazia a cada 10 minutos e eram “pagos” como recompensa por bloco minerado - caiu pela metade. O evento aconteceu de forma programada no código da criptomoeda que previa que a cada 210.000 blocos minerados fosse cortada a remuneração. Mas antes de 2020, ocorreram outras duas vezes e o próximo estava previsto para o final de abril de 2024 o que de fato aocnteceu.
O problema é que a briga pela possibilidade de “ganhar” criptomoedas pelo processo de mineração está cada vez mais acirrada e isso deu importância para o halving. Na verdade, o que acontece atualmente é que o número de novos BTC entrando em circulação diminuiu o que acaba elevando o preço da moeda que neste final de semana chegou aos R$73 mil.
Uma imagem de Nakamoto
Mas este ano o Bitcoin ganhou um touro para chamar de seu. O touro no mercado de ações é o símbolo de otimismo e de alta do mercado. Sábado (20) durante o “halveillon”, a festa que celebrou o halving da principal criptomoeda do mundo, a plataforma Mercado Bitcoin inaugurou no Brasil uma estátua que simboliza a relevância do mercado crypto em 2024, marcado pela adoção pelos investidores institucionais (via ETF nos EUA) e pela renovação do recorde de preço.
A proposta era homenagear Satoshi Nakamoto o suposto criador do Bitcoin dominando um bravo touro. A obra foi produzida pelo Studio Caan, de São Paulo, tem 3,1 metros de altura por 3,05 metros de largura, pesa cerca de 250 quilos e sua montagem, em fibra de vidro, levou 40 dias para ser concluída. A escultura retrata a figura que se convencionou identificar por Satoshi Nakamoto dominando um bravo touro.
A obra foi inicialmente instalada no Distrito, HUB de tecnologia e inovação com sede em São Paulo e, por enquanto, não há visitação aberta ao público. O nome da escultura será escolhido em evento para parceiros da MB.
Homenagem a ativo mainstream
O CEO da Mercado Bitcoin, a maior plataforma de negociação de criptomoedas e ativos alternativos da América Latina, Reinaldo Rabelo, afirma que “no ano em que o Bitcoin se consolida como um ativo mainstream em todo o mundo, essa homenagem sintetiza o esforço de mais de 10 anos na construção de lideranças brasileiras no ecossistema cripto global”.
Desde que o Bitcoin foi criado, em 2008 a recompensa para mineradores foi cortada pela metade em halveillons. Após o primeiro halving, em 2012 o preço do Bitcoin saltou de cerca de US$12 para mais de U$1,1 mil em 2013. Da mesma forma, o segundo halving, em 2016 foi observado o disparo de preço de US$650 para quase US$20 mil no final de 2017.
A moeda do fundador
O terceiro Halving, em 2020, não foi exceção, com o preço do Bitcoin aumentando de aproximadamente $8,5 mil para um pico de quase US$64 mil em abril de 2021. Em março, a moeda atingiu seu maior valor histórico, de 73 mil dólares.
Existe uma série de informações sobre quem foi e se existiu mesmo um inventor do Bitcoin. Ele adotou o pseudônimo Satoshi Nakamoto, que pode ter sido um indivíduo ou uma equipe, desapareceu cerca de um ano após lançar o projeto.
Entretanto, Nakamoto escolheu essa fórmula específica para colocar novas criptomoedas em circulação. E se apreende nos primeiros e-mails escritos por Nakamoto e que lançaram alguma luz sobre o pensamento da misteriosa figura.
Uma política monetária
Eles dizem que Nakamoto depois de lançar o white paper (manual) do Bitcoin resumiu as várias maneiras pelas quais sua política monetária escolhida (o cronograma pelo qual os moradores recebem recompensas em bloco) poderia funcionar, ponderando as circunstâncias sob as quais essa política poderia levar à deflação (quando o poder de compra de uma moeda aumenta) ou à inflação (quando o poder de compra diminui).
Na época, Nakamoto não sabia quantas pessoas usariam o novo dinheiro digital (se é que alguém usaria). Uma das explicações dadas na época foi a seguinte: “As moedas precisam ser inicialmente distribuídas de alguma forma, e uma taxa constante parece ser a melhor fórmula”.
Mineração e inteligência artificial
Este ano, o fato novo no mercado de ativos digitais é que a empresa mineradora agora busca protocolos de inteligência artificial (IA) e digitalização de ativos das finanças tradicionais - “tokenização” - novas narrativas para atrair recursos e viabilizar investimentos.
No mundo hoje existem milhares de criptomoedas. O mercado atualmente apresenta mais de 6.000 moedas digitais e está em constante expansão. Entretanto, três são as mais valorizadas. O Bitcoin (estimado em US$1,28 trilhão) o Ethereum estimado em US$372,80 bilhões e o Tether USDt estimado em US$109,57 bilhões todos segundos cotações internacionais.
Embora não seja um ativo reconhecido pelos bancos centrais, o mercado de criptomoedas vem avançando e no final do ano passado foi criado o primeiro ETF (Exchange Traded Funds) de criptomoedas, um fundo de investimento que pode ser negociado na bolsa de valores como uma ação.
B3 abre um mercado de ETF
Esse novo ativo funciona basicamente como qualquer outro ETF do mercado – ou seja, reúne recursos de diversos investidores e costuma replicar algum índice de referência. A diferença entre os ETFs de criptomoedas e os produtos de outros setores é que eles acompanham indicadores de Bitcoin (BTC) ou de altcoins (nome dado a qualquer criptomoeda diferente do BTC).
Na véspera do halving do Bitcoin (18) foi também o primeiro dia de negociação na B3, a bolsa brasileira, foram registrados 7,4 mil contratos futuros de Bitcoin (BIT) e 111 mil ordens de compra ou venda.
Segundo a B3, o contrato tem valor de 0,1 Bitcoin, o que equivale a 10% do valor da moeda digital em reais, sendo usado como referência o índice Nasdaq Bitcoin Reference Price (NQBTC).
O instrumento é uma forma alternativa de investir na criptomoeda, ao invés de comprar uma fração dela ou aplicar em um Exchange Traded Funds (ETFs) de Bitcoin (fundos negociados em Bolsa que tentam acompanhar o valor da criptomoeda).