Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
ENERGIA

Hidrogênio verde: o que falta e benefícios de apostar na energia limpa

O hidrogênio verde surge como uma das promessas para a transição energética. Mas o que falta para que essa tecnologia se torne amplamente utilizada?

Cadastrado por

Flávio Oliveira

Publicado em 28/08/2024 às 6:00
Coniben 2024 vai contar com 10 painéis com questões técnicas, regulatórias, ambientais, políticas e econômicas sobre energia - Divulgação/Coniben

O hidrogênio verde tem sido visto como a nova fronteira da energia limpa, prometendo revolucionar a matriz energética global e desempenhar um papel crucial na descarbonização de setores difíceis de eletrificar, como a indústria pesada e o transporte de longa distância.

Contudo, sua produção e distribuição em larga escala ainda enfrentam desafios técnicos e econômicos significativos.

“O hidrogênio verde, atualmente, não é distribuído em larga escala. Você consegue eventualmente em pequena escala, mas não há nem gasodutos exclusivos para transporte de hidrogênio verde, nem navios para transportá-lo, seja em estado gasoso ou líquido, mas isso deve acontecer dentro de quatro a cinco anos”, afirma Luiz Piauhylino Filho, investidor e desenvolvedor de projetos de hidrogênio verde e derivados.

“No entanto, é possível transportá-lo na forma dos derivados, como o Metanol, o SAF (Combustível Sustentável de Aviação), a amônia, entre outros”, completa Luiz.

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Processo de produção

A produção de hidrogênio verde envolve a eletrólise da água, um processo que requer grandes quantidades de energia elétrica, idealmente proveniente de fontes renováveis, como solar e eólica.

Comparado a outras fontes de energia renovável, como as próprias solar e eólica, o hidrogênio verde enfrenta uma barreira de custo significativa. Enquanto o preço dessas substâncias tem caído drasticamente nas últimas décadas, tornando-as competitivas com os combustíveis fósseis, o hidrogênio verde ainda luta para alcançar um ponto de equilíbrio econômico.

“Esse hidrogênio, produzido pela rota da eletrólise usando energia eólica, solar ou ambas combinadas, ainda tem um custo nivelado de produção acima do hidrogênio cinza, que é o hidrogênio de origem fóssil. Daí a necessidade de apoio por parte dos governos e estados, com incentivos e subsídios, que num período de até dez anos possam permitir que o hidrogênio verde, produzido com energias renováveis, consiga competir, sobreviver e se consolidar como uma matéria-prima competitiva”, avalia Piauhylino.

Potenciais do hidrogênio verde

Um dos potenciais do hidrogênio verde reside em sua capacidade de descarbonizar setores que são difíceis de eletrificar diretamente. A indústria pesada, como a siderurgia e a produção de cimento, e o transporte de longa distância, incluindo caminhões, navios e aviões, dependem de combustíveis de alta densidade energética.

O hidrogênio verde pode substituir o carvão e o petróleo nesses setores, oferecendo uma alternativa limpa e renovável que poderia reduzir drasticamente as emissões de carbono.

Sobre isso, Luiz Piauhylino observa que “a indústria de cimento pode utilizar hidrogênio na produção, transformando essa indústria tradicionalmente poluente em uma mais limpa e renovável. Já existem alguns exemplos, seja em Portugal ou no Brasil, de fabricantes de cimento convertendo suas plantas ou construindo novas instalações que vão utilizar o hidrogênio como fonte de calor ou matéria-prima fundamental para a produção”.

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Cenário global

A Europa foi a região que começou a liderar o processo de descarbonização das suas economias e dos estados membros.

Portugal e Espanha têm editado regulamentações e procurado desenvolver essa nova economia do hidrogênio. Eles estão incentivando a produção, o consumo e criando infraestrutura para que esses projetos aconteçam, seja na expansão das redes de distribuição de energia renovável até as fábricas de produção de hidrogênio pela rota da eletrólise”, aponta o investidor.

O Brasil, com sua vasta capacidade de geração de energia renovável, especialmente hidrelétrica, solar e eólica, também tem potencial para se tornar um grande produtor e exportador de hidrogênio verde. No entanto, ainda é preciso superar algumas barreiras nesse contexto, como aponta Piauhylino: “a lei ainda precisa ser regulamentada, pois está bastante aberta e necessita de regulamentações adicionais para que a nova indústria do hidrogênio verde seja criada, estabelecida e consolidada no país”.

Conferência Ibero-Brasileira de Energia 2024

Coniben 2024 vai contar com 10 painéis com questões técnicas, regulatórias, ambientais, políticas e econômicas sobre energia - Divulgação/Coniben

Diante da urgência de debater o futuro da energia, a Conferência Ibero-Brasileira de Energia (CONIBEN) chega à sua terceira edição, consolidando o propósito de congregar as principais lideranças do setor energético ibero-brasileiro.

O evento, que visa compartilhar conhecimento técnico e estratégico, tem como objetivo impulsionar as inovações e transformações indispensáveis para um futuro mais sustentável. Acontece em Lisboa, Portugal, nos dias 14 e 15 de novembro.

As inscrições estão disponíveis no site do evento e podem ser feitas através deste link.

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