A repercussão da chegada de Ailton Krenak ao quadro de imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL), em eleição realizada na última quinta-feira, reflete a valorização da cultura dos povos originários, bem como sua integração mais ampla, sem estereótipos nem preconceitos, à identidade nacional. “Escritor de renome e figura central no movimento literário indígena do país, sua voz é fundamental para o cenário atual, pois é elo entre a rica herança cultural e histórica dos povos originários e a literatura. Esta eleição é um marco na ABL, que reafirma o seu compromisso em promover a diversidade e a inclusão na instituição e na literatura brasileira”, expressou oficialmente a Academia em suas redes sociais. O atual presidente da entidade é o jornalista Merval Pereira.
Autor de “A vida não é útil” e “Ideias para adiar o fim do mundo”, obras lançadas pela Companhia das Letras, Krenak já integra a Academia Mineira de Letras (AML) desde o ano passado. Foi fundador da União dos Povos Indígenas em 1988, e idealizador do Festival de Dança e Cultura Indígena, na Serra do Cipó (MG), em 1998. De 2003 a 2010, foi assessor especial para questões indígenas do governo estadual de Minas Gerais, nas gestões de Aécio Neves e Antonio Anastasia. Em 2020, recebeu o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano, concedido pela União Brasileira de Escritores (UBE).
Em seu novo livro, “Um rio um pássaro”, a ser lançado este mês pela editora Dantes, o novo integrante da ABL escreve: “Alguns pensam que aqueles que inventaram jatos e satélites capazes de voar até o céu, são mais avançados do que os que fabricaram canoas e atravessaram para o outro lado do rio. Ambas as tecnologias são iguais por se tratar de atravessar de um mundo para o outro. A diferença é a distância. Os povos da floresta sabem construir tudo que é preciso para a própria vida”.
O pensamento ambientalista e a filosofia originária de Ailton Krenak passam a cumprir, a partir de agora, um papel institucional na tradição representada e afirmada pela Academia fundada por Machado de Assis. A eleição de Krenak é um respaldo a essa tradição, em ato que a renova e pode descortinar novos horizontes.
Hoje na Bienal PE
Agenda repleta de opções na 14ª edição da Bienal do Livro de Pernambuco, neste domingo. Alguns destaques:
- No Círculo das Ideias, às 14h, Encontros do Brasil, com Marilene Felinto, Xico Sá e Schneider Carpeggiani. Sidney Nicéas lança “Todos os amores de Lourdes” a partir das 17h. E o Prêmio Sesc de Literatura apresenta Rafael Gallo, Diogo Monteiro e Samantha Lima, às 18h.
- No espaço Diálogos, às 16h, “Do Homem-Caranguejo ao Homem-Gabiru: A arte e a denúncia da fome” com Zelito Passavante, José Arlindo Soares e Tarciana Portela. E às 18h, “O trabalho e o encanto dos eventos literários” com Rogério Robalinho e Stellio Mendes, e a mediação deste colunista.
- Na Plataforma de Lançamentos, às 15h35, “O passeio de Clarice Lispector pelo Recife” com Augusto Ferraz, Geórgia Alves e Thaís Schio. E às 19h, Jaqueline Fraga lança “Pandemia: os reflexos da maior emergência sanitária do planeta”.
- No Além das Letras, Adriana Mayrinck recebe convidados, a partir das 16h30, para uma roda de conversas e sarau poético do Conexões Atlânticas.
Momento Amazon Kindle
Em bate-papo sobre “Literatura jovem: tudo o que você gostaria de saber”, a escritora Paola Siviero, autora de "A lenda da caixa das almas" pela Gutenberg, conversa com Daniel Vilela, Danny Belo, Maria Anna e Malu Silva, hoje, na Bienal do Livro. No estande do Sebrae, a partir das 16h. Em seguida, às 17h, “Literatura plural: escrevendo para todo mundo”, com Lucas Santana, Mancondes FH, Mirela Paes, Priscila Saatman e Apolo Andrade.
Prêmio Cepe
Lançado ontem, na Bienal PE, o romance de Fernanda Caleffi Barbetta, vencedor do sétimo Prêmio Cepe Nacional de Literatura: “1+1=2 2-1=0”. Escrito em tópicos numerados, e abordando o tema do abandono, o livro foi considerado ágil e inovador pela comissão julgadora, formada por Stephanie Borges, Paloma Vidal e José Luiz Passos.
Amor de Ferro e Flor
No estande da Novestilo na Bienal do Livro, um ambiente sertanejo foi montado em torno de “Amor de Ferro e Flor”, de Wanessa Campos, com ilustrações de Cavani Rosas, a poesia de Carlos Sinésio que inspirou a obra e prefácio de José Mário Austregésilo. “É a vida de Maria Bonita, sua infância, suas escolhas, emoções, perigos, sua influência na moda e no Bando de Lampião”, diz a autora.
Para mães, pais e professores
A Autêntica oferece sugestões de títulos de seu catálogo para a semana das crianças e dos professores. A coluna destaca três. De Alessandra Borelli, “Crianças e adolescentes no mundo digital – Orientações essenciais para o uso seguro e consciente das novas tecnologias”. E de Michel Desmurget, “A fábrica de cretinos digitais – Os perigos das telas para nossas crianças”, e “Faça-os ler! – Para não criar cretinos digitais”, este em pré-venda.
Enciclopédia iluminista
O clássico de Diderot e d’Alembert que marcou a história da humanidade ganha edição em seis volumes pela Unesp. Com quase 300 verbetes e 173 imagens na versão mais completa já publicada fora da França, segundo a editora, a “Enciclopédia” reúne o saber da época – surgiu em 1751 – na promoção da ciência e do pensamento crítico. Além da disposição original em ordem alfabética, a nova edição também apresenta ordem temática, facilitando a leitura. A curadoria é de Pedro Paulo Pimenta e Maria das Graças de Souza.
Diálogos nas narrativas contemporâneas
Estão abertas as inscrições para a oficina híbrida (presencial e online) com a escritora e roteirista Morgana Kretzmann, e participação especial do escritor Paulo Scott. Vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura com o romance “Ao pó”, a escritora irá analisar, com os participantes, trechos de livros, peças de teatro e cenas de filmes e de séries. A oficina “Diálogos nas narrativas contemporâneas” terá três encontros, dias 6, 8 e 11 de novembro, na Ria Livraria, em São Paulo, e pelo Zoom da Balada Literária. Para mais informações e inscrições, acesse www.baladaliteraria.com.br.
Chicote
Hélio Jorge Cordeiro publicou "Chicote - Aventuras no Sertão de Deus e do Diabo" pela editora Ipê Amarelo. “Uma novela baseada no Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, cujos trechos da sua grande obra foram transplantados por mim para o sertão do meu Nordeste, tendo como personagens principais Chico do Queijo e seu fiel escudeiro Zé Buchudo”, conta o autor.
Les fauves
A editora Arpillera lança nesta segunda o livro de poemas de Sabrina Luísa, inspirado no movimento artístico europeu de vanguarda, no século passado. A expressão “Les fauves” significa “as feras” e se referia aos artistas. O lançamento será online, pelo Instagram @editoraarpillera, a partir das 8 da noite.
Coletânea da oficina de Paulo Caldas
Na terça, 10, na Bienal do Livro de Pernambuco, a coletânea “O lado de lá do horizonte & outros escritos” terá evento de lançamento. O livro reúne textos em prosa e verso de 26 participantes da Oficina Literária Paulo Caldas. A obra celebra “a criatividade em temas cotidianos nascidos das relações humanas”, de acordo com sua apresentação. A partir das 7 da noite, na Plataforma de Lançamentos.
O inferno das repetições
O premiado escritor Sidney Rocha lança também na terça, 10, pela Iluminuras, seu novo romance: “O inferno das repetições”. Será no Museu do Estado, no Recife, a partir das 7 da noite. No dia 8 de novembro, o autor vai a São Paulo, onde promove sessão de autógrafos e debate com o editor Samuel Leon e o escritor Marcelino Freire, na Livraria da Tarde, com apoio da Capivara Cultural.
A finitude das coisas
Está chegando ao fim a pré-venda do romance de Nélio Silzantov pela Patuá, “A finitude das coisas”. Em suas redes sociais, o autor conta que “uma das questões que me interessa é a linguagem, não a busca pela perfeição de se dizer algo, mas a experimentação mesmo de todas as possibilidades das palavras, ainda que isso cause estranhamento”. Nascido em Vitória da Conquista, na Bahia, Nélio Silzantov é também crítico literário, professor e editor da Ágora Literária. O romance pode ser apoiado no site www.editorapatua.com.br.
Castilho na LIBER
Editor, escritor, conferencista e ativista literário, José Castilho esteve na LIBER, que aconteceu há poucos dias, de 4 a 6, em Madri. A principal feira do setor editorial da Espanha é realizada desde 1980, sendo alternada entre a capital e Barcelona. Desde 1995, o evento recebe um país homenageado, e este ano foi a Polônia. Com caráter profissional, de exposição e negociação de direitos autorais e distribuição, a feira não tem vendas aos consumidores. “Há encontros associativos, como o GIE – Grupo Ibero-americano de Editores, e Jornadas Profissionais onde se debatem questões estratégicas ligadas à indústria e ao comércio de livros hispânicos, às políticas públicas para o setor e a relação das editoras com as bibliotecas”, explica José Castilho, um dos raros convidados brasileiros que recebem o convite e apoio de viagem da Federação de Grêmio de Editores da Espanha, que promove a LIBER.
“Há muitos anos é evidente o interesse do mundo editorial hispânico pelo Brasil, e a feira sempre foi uma boa oportunidade para conhecer lançamentos de títulos de autores da Espanha e da América Latina. Tive várias oportunidades tanto para negociar títulos, quando dirigia a Editora Unesp, quanto para expor e debater nossas políticas públicas de fomento ao livro e à leitura”, lembra o consultor, que tem o nome associado à lei que institui a Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE) no Brasil, conhecida como Lei Castilho.