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Literária

Por Fábio Lucas

Leitura para a multidão

Encontro de Fernanda Montenegro com Simone de Beauvoir através do texto foi testemunhado com emoção por mais de 15 mil pessoas em São Paulo

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Fábio Lucas

Publicado em 24/08/2024 às 19:33
Olhares multiplicados pela leitura de Fernanda Montenegro - Martin Nicenboim

A fila parecia se estender até a lua cheia que se mostrava, quase inteira, naquela noite, iluminando ainda mais o jardim lotado de olhares em que se transformou o Parque do Ibirapuera. Uma gigantesca projeção na parede externa do auditório transmitiu o evento aguardado com ansiedade pela multidão do lado de fora. Enquanto isso, lá dentro, cerca de 700 poltronas estavam ocupadas com o mesmo propósito. Os ingressos gratuitos para os dois ambientes foram distribuídos numa plataforma online, esgotando rapidamente. Chegamos ali não para o show de banda famosa, nem para um espetáculo circense, ou alguma pregação a convertidos. Do alto de seus 94 anos, Fernanda Montenegro nos convidou à escuta de sua leitura do trecho de um livro de Simone de Beauvoir: “A cerimônia do adeus”, publicado pela primeira vez em 1981.
Sentados no gramado do parque, escutamos a dama do teatro, da TV e do cinema, integrante da Academia Brasileira de Letras – onde leu a obra pela primeira vez – fazer a narrativa de outras vidas, de outra época. Como se fossem as nossas, traduzidas por sua voz potente, reconhecida por tantos não apenas pelo talento, mas também pela atitude, pelos posicionamentos, pela generosidade no ofício e no compartilhamento da arte. Ao lado da filha, também amante dos livros, a escritora Fernanda Torres, a leitora de Simone de Beauvoir se emocionou junto conosco. Ao final, de frente para a multidão, agradeceu repetidamente, com a gratidão misturada às palmas que não cessavam. Era o jeito que tínhamos de dizer: Obrigado, Fernanda Montenegro, pela vida lida e vivida com a gente.
Ler para alguém é um ato de amor. Ler para a multidão deve ser algo da ordem do indescritível, pela experiência descortinada, pela fala que atravessa o tempo, de um olhar que conta a travessia do tempo para escutas privilegiadas. O encontro imenso testemunhado por milhares e transmitido a vários brasileiros, depois, foi um momento de esperança para o país que pode ler muito mais, para se tornar o lugar propício a outros memoráveis encontros de livros e leitores.

 

Alê Motta publica pela Faria e Silva - Divulgação


Minha cabeça dói

A Livraria da Travessa de Botafogo, no Rio de Janeiro, recebe nesta segunda, 26, o lançamento do novo livro de Alê Motta, “Minha cabeça dói”, publicado pelo selo Faria e Silva, da AltaBooks. Sobre o romance, escreveu Itamar Vieira Junior: “A prosa minimalista de Alê Motta é incisiva e direta. Tira-nos de nossa zona de conforto, como só a boa literatura é capaz de fazer”. Antes dos autógrafos, a autora bate papo com Fernando Molica e Sérgio Tavares, a partir das 7 da noite.


100 anos com Osman Lins

A Academia Pernambucana de Letras (APL) faz sessão ordinária nesta segunda, 26, em homenagem ao escritor Osman Lins, que teria completado 100 anos em julho. A conversa sobre o autor de “Avalovara” e “Lisbela e o prisioneiro” será conduzida pelo presidente da APL, Lourival Holanda, e pela escritora e pesquisadora Elisabeth Hazin. A partir das 3 da tarde, na sede da instituição, no Recife.

 

Luna Vitrolira participa do Festival Pernambuco Meu País - José de Holanda


Mulheres de Repente

A multiartista Luna Vitrolira chega à cidade de Arcoverde, em Pernambuco, nesta segunda, 26, com o projeto “Mulheres de Repente”, no qual apresenta mesa de glosas do Sertão do Pajeú. Em agosto, a poeta já participou da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador, e do Festival Pernambuco Meu País, pelo qual vai a Arcoverde.

 

Luiza Mussnich lança na Livraria da Travessa - Divulgação


Todo o resto é muito cedo

A Bazar do Tempo lança o livro de poesia de Luiza Mussnich, nesta terça, 27, no Rio de Janeiro. “Todo o resto é muito cedo”, segundo a divulgação, é uma obra que “transita entre linguagens híbridas, como o ensaio, a prosa poética e as artes visuais, e expande o diálogo entre gerações”. Para a autora, “das escritas literárias, a poesia é aquela que mais mede as palavras; elas precisam ser mais certeiras”. O lançamento será na Livraria da Travessa de Ipanema, a partir das 7 da noite.

 

A italiana Igiaba Scego estará no Fliparacatu - Simona Filipini


Amor, literatura e diversidade

Começa na quarta, 28, e segue até o domingo, 1 de setembro, a segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu, em Minas Gerais. Com a curadoria de Sérgio Abranches, Tom Farias e de Afonso Borges, o evento traz este ano o tema “Amor, literatura e diversidade”. Ailton Krenak e Lucas Guimaraens são os homenageados. A escritora italiana Igiaba Scego é uma das convidadas, ao lado de outros estrangeiros e brasileiros, como Itamar Vieira Junior, Bianca Santana e Jéferson Tenório. Confira a programação completa em www.fliparacatu.com.br.

 

Suzana Amorim lança seu livro na Bibla - Mel Knolow


O peito oco

O selo Auroras de Litteralux lança nesta sexta, 30, em São Paulo, o romance de estreia da psicanalista Suzana Amorim. “O peito oco” conta a história de uma mulher em depressão pós-parto. “Construção diária e progressiva é o que nos torna mãe. Há muitos manuais sobre partos, mas nenhum nos alerta de que é preciso parir uma mãe além de parir o filho”, escreve a autora. O evento de lançamento terá a mediação da escritora Vanessa Passos, a partir das 18h30, na Livraria Bibla.


Sal

O Centro Cultural Astrolabio promove encontro online do Clube de Poesia, ao redor da obra “Sal”, de Mar Becker, publicado pela Assírio & Alvim, nesta sexta, 30, a partir das 5 da tarde. A curadoria e mediação são de Evelyn Blaut e Michaela Schmaedel. Mais informações no site www.oastrolabio.com.br.

 

Gisela Abad lança livro no Recife - Talita Lima – 2AbadDesign


Um leão na paisagem

A designer Gisela Abad lança seu primeiro livro no próximo sábado, 31, no Museu da Cidade do Recife, localizado no Forte das Cinco Pontas, a partir da 1 da tarde. A obra aborda a presença da figura do leão em marcas pernambucanas, entre os séculos 19 e 20, além da história da evolução dessa figura no estado desde o século 16. Com incentivo da Lei Paulo Gustavo, os exemplares não serão comercializados, apenas doados.


Flávia Suassuna na APL

A acadêmica Flávia Suassuna relança no sábado, 31, “Recife: Os relâmpagos da faca”, na Academia Pernambucana de Letras (APL). Na ocasião, o grupo musical Clube da Bossa irá alternar canções da MPB com poemas recitados do livro, antes da sessão de autógrafos. Na sede da APL, na capital pernambucana, a partir das 2 da tarde.


Cepe no Oceanos

Entre mais de 2.600 livros inscritos, a obra “Lila”, de Gael Rodrigues, foi selecionada uma das 60 semifinalistas do Prêmio Oceanos, um dos mais prestigiados da literatura em língua portuguesa. A publicação é da Cepe, que aparece junto a outras 36 editoras do Brasil e outros países que tiveram títulos indicados.


O dia escuro

Coletânea de contos com a participação de escritoras como Micheliny Verunschk, Dia Nobre, Carola Saavedra, Marcela Dantés e Ana Rusche, entre outras, “O dia escuro – Contos inquietantes de autoras brasileiras” entrou em pré-venda pela Companhia das Letras. A organização é de Fabiane Secches e Socorro Acioli. Nas livrarias em outubro.


Chamada para poesia

A editora Ofícios Terrestres abriu chamada para a publicação de originais de poesia, até o dia 30 de setembro. Informações no link da editora no Instagram @oficiosterrestresedicoes.

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