Está tudo parado. O legado de mobilidade da Copa do Mundo na Região Metropolitana do Recife ainda não virou realidade, sete meses depois do término dos jogos mundiais no Recife. E de um a três anos após o início de algumas obras. As principais intervenções – maiores e mais caras – estão totalmente paradas desde dezembro. O governo do Estado, em meio à mudança de comando, tenta conseguir recursos com a União para retomá-las, ainda sem sucesso. Enquanto isso, parte das obras é utilizada pela população e a outra metade se deteriora ou sequer é iniciada. São mais de 500 milhões parados, à espera da boa vontade política.
O legado de mobilidade da Copa do Mundo já não é mais novidade para ninguém. Estão paradas as obras dos Corredores de BRT (Bus Rapid Transit) Leste-Oeste e Norte-Sul – que juntos somam mais de R$ 300 milhões e incluem diversas intervenções –, e o Ramal da Copa, ao custo de R$ 131 milhões. Quem olha para os canteiros parados tem a impressão de que só uma nova Copa no Brasil poderia agilizar os trabalhos, tamanho é o abandono das intervenções. Terminais quase concluídos, estações semi prontas e já danificadas e estradas incompletas, com o entorno totalmente abandonado.
Elevado dos BRTs da Avenida Caxangá. Fotos: Roberta Soares
Enquanto isso, a população vê as construções incompletas e lamenta não poder utilizá-las. “É muito ruim ver os BRTs passando e não poder usá-los. Ganharia muito tempo se pudesse utilizá-los. Hoje passo por dois terminais integrados para chegar ao meu destino. Se pudesse pegar o BRT na Avenida Belmino Correia ganharia tempo. Iria no corredor exclusivo da Avenida Caxangá até o Derby e de lá pegaria um ônibus para Boa Viagem. Facilitaria muito a minha viagem”, lamenta o cozinheiro Ronaldo Mendonça, que mora em Camaragibe. Ele não tem acesso ao BRT porque as estações não começaram sequer a ser construídas na Avenida Belmino Correia, a principal de Camaragibe. Antes, seria seis unidades, agora serão apenas duas.
Entre as obras do Corredor Leste–Oeste, chamam atenção pela paralisação a construção dos Terminais Integrados da III e da IV Perimetrais. A única exceção é o Túnel da Abolição, que teve os trabalhos retomados no sábado (31/01), mas com previsão de entrega apenas em março.O TI da III Perimetral, que receberia nove linhas, estava quase pronto, já na fase de acabamento, quando os trabalhos foram suspensos. Segundo informações extraoficiais, o consórcio Mendes Júnior/Servix desistiu de colocar dinheiro próprio à espera de reposição do recurso público, que nunca chegava. De 300 funcionários que estavam espalhados pelos canteiros do Leste–Oeste, mais de 200 foram afastados. O mesmo cenário é visto nas obras do Corredor Norte–Sul e no Ramal da Copa. No primeiro, com exceção do TI de Abreu e Lima, não havia qualquer movimento de funcionários.
Coredor Norte-Sul
Ramal da Copa
Escadas rolantes da passarela ligando o Aeroporto ao metrô do Recife: sempre desligadas ou em manutenção