Aplicativos de transporte já realizam seis vezes mais viagens do que os táxis no Recife

Publicado em 14/07/2018 às 18:00
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Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem  

 

Os aplicativos de transporte privado individual de passageiros estão realizando muito mais viagens do que os táxis na cidade do Recife. Dados preliminares da nova Pesquisa de Origem e Destino, realizada em 2017 e que integra o Plano de Mobilidade Urbana (PMU) da capital, apontam o crescimento. Quando o deslocamento é para o trabalho, os apps fazem três vezes mais viagens do que os taxistas. Quando a viagem tem como objetivo a educação, os aplicativos se destacam ainda mais: realizam 6,5 vezes mais viagens do que os táxis. Os dados locais, embora ainda preliminares, refletem o sentimento das ruas. Em conversas com taxistas e motoristas do Uber e da 99 – os dois aplicativos em operação na cidade –, é comum ouvi-los relatar seus dramas.

Os motoristas de táxi dizem que, antes da chegada dos apps, faziam de 15 a 20 viagens por dia e, agora, não passam de dez. Há dias, inclusive, que são apenas cinco corridas. Já os motoristas parceiros – como os condutores são chamados pelas empresas de aplicativos – realizam, com certeza, mais de 15 corridas diárias. Além das ruas, os dados confirmam um estudo nacional do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) realizado em 590 municípios do País, entre eles as 27 capitais brasileiras, entre 2014 e 2016. Nele, se constatou a crescente rivalidade entre a Uber e os aplicativos de táxi ao longo do tempo.

A chegada da empresa ao Brasil causou, de forma geral, uma redução de 56,8% das corridas dos taxistas. Quando a leitura é feita apenas sobre as capitais, a pesquisa mostra que o impacto é menor, mas mesmo assim presente. Nessas cidades, a queda no número de corridas de táxi foi de 36,9%, em média.

 

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Embora competitiva, a presença dos apps de transporte na matriz de mobilidade ainda é reduzida para as viagens de trabalho e educação no Recife. Na Pesquisa de Origem e Destino de 2017, os apps de transporte representam 0,42% das viagens realizadas pela população recifense para trabalhar e 0,52% dos deslocamentos que têm como objetivo a educação. Enquanto isso, apenas 0,14% das viagens de trabalho e 0,08% das focadas em educação são feitas de táxi. “O percentual de pessoas que utilizam os aplicativos na cidade ainda é muito pequeno, assim como as que usam o táxi. O forte dos apps de transporte são, de fato, as viagens de lazer. Mas mesmo pequenas, já são superiores aos deslocamentos realizados de táxi”, explica Sideney Schreiner, diretor-executivo do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS) e responsável pela coordenação do Plano de Mobilidade Urbana do Recife.  

 

 

Na verdade, a população usa mesmo é o transporte público para se deslocar no Recife: 50,25% dos deslocamentos para trabalho e 44,54% dos focados na educação são realizados de ônibus na capital pernambucana. Os carros particulares vêm em seguida, com 24,01% e 26,98% das viagens, respectivamente. Na primeira Pesquisa de Origem e Destino do Recife, realizada em 2015, os apps ainda não tinham chegado à cidade. Somente na realizada em 2017 é que eles apareceram. Pelo estudo do Cade, o Norte e o Nordeste enfrentam uma maior concorrência dos apps de transporte.

Enquanto a redução das viagens dos aplicativos de táxis foi de 42,7% nas duas regiões, no Sudeste, Sul e Centro-Oeste foi de 26,1%. Os técnicos explicam, na pesquisa, que essa diferença se deve à entrada tardia do aplicativo Uber nos municípios, o que só aconteceu entre março e dezembro de 2016. O estudo também verificou que, para cada 1% de aumento no número de corridas da Uber, as de aplicativos de táxi caíram 0,09%, o que indica que a Uber conquistou novos usuários e também parte daqueles que utilizavam serviços de aplicativos de táxi.

 

O levantamento mostrou, ainda, que apenas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste houve uma reação das empresas de táxi para reduzir os valores em 12,1%. No Norte e Nordeste isso não aconteceu. A primeira cidade brasileira a receber o aplicativo de transporte individual Uber foi o Rio de Janeiro, em maio de 2014. No Nordeste, Recife foi o primeiro município a contar com o serviço, em abril de 2016. No Norte, foi Belém, a partir de fevereiro de 2017. A Uber está presente em cerca de 633 cidades de 82 países e é considerada a startup com maior valor de mercado, chegando a aproximadamente US$ 70 bilhões.

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